A masterização em Dolby Atmos está rapidamente emergindo como uma poderosa ferramenta na indústria musical, oferecendo uma experiência auditiva imersiva e envolvente. No entanto, sua adoção traz consigo desafios e oportunidades únicas para engenheiros de áudio e artistas. Neste artigo, exploraremos os impactos dessa tecnologia inovadora e sua crescente relevância na cena musical atual.
A FABRIEK, localizada em Oeiras, Portugal, é um estúdio de Mixagem e Masterização online, reconhecido pela Dolby® como pioneiro em utilizar o sistema de Dolby Atmos. Fundada por Bernardo Schwanka, um experiente engenheiro de Mixagem e Masterização com mais de 15 anos de atuação na indústria da música eletrônica, a FABRIEK tem sido a escolha de artistas e gravadoras de renome mundial.
Com um vasto portfólio de mais de 5.000 trabalhos e mais de 1 bilhão de plays acumulados, hoje Bernardo tem conhecimento suficiente para falar com propriedade sobre o tema.
Considerando sua vasta experiência em mixagem e masterização ao longo dos anos, como você percebe a crescente demanda e relevância da mixagem em Dolby Atmos na indústria musical atualmente? Quais desafios e oportunidades você identifica ao aplicar essa tecnologia inovadora aos projetos de seus clientes?
Bernardo Schwanka: Eu vejo a indústria da música já considerar o Dolby Atmos (e outros formatos imersivos) como o novo padrão. Hoje, artistas mundialmente conhecidos, lançam todas as suas músicas em Dolby Atmos e Stereo. Porém, por outro lado, a demanda por este formato para os artistas de música eletrônica ainda é muito baixa. Pela falta de conhecimento sobre o que é e como funciona, a maioria dos produtores não estão se preocupando com isto agora, principalmente quando o foco da maioria dos produtores é em músicas voltada para clubs.
Uma das grandes oportunidades que eu vejo para os produtores, além de serem os pioneiros neste novo formato, é que, a música em Stereo acaba se beneficiando muito, quando mixada em Dolby Atmos, já que temos muito mais possibilidades para posicionar os elementos no espaço, de uma forma que é impossível quando estamos trabalhando apenas em Stereo.
Resumindo, uma música mixada em Dolby Atmos, terá de ser convertida também para Stereo, e nessa conversão, nós conseguimos alcançar um resultado a nível de dimensões que, somente mixando em Stereo, é inalcançável. É o famoso win-win, pois além de ter sua música em um formato imersivo, muito mais interessante de ser apreciada, você ainda acaba por ter uma versão em Stereo muito “maior”.
Como engenheiro de áudio com uma trajetória de mais de uma década em mixagem e masterização, você tem observado uma mudança significativa na preferência dos artistas brasileiros em relação à masterização em Dolby Atmos? Como essa tecnologia avançada tem impactado a experiência auditiva e a qualidade do som nos projetos musicais, especialmente na sua interação com clientes brasileiros?
Bernardo Schwanka: Eu vejo que o interesse por este novo formato dos artistas brasileiros ainda é extremamente baixo pois muitos ainda levantam a bandeira de que isto é apenas um “hype”, e como citei na resposta interior, muitos acreditam que o Dolby Atmos é somente para streaming e que não teriam benefícios para músicas voltadas para as pistas.
Outro fator que eu julgo ser impeditivo para os produtores abraçarem este novo formato, é que o Spotify ainda não está reproduzindo faixas em Dolby Atmos. E como o nosso mercado ainda está muito preso ao Spotify, vejo que muitos não estão dispostos a investir em algo que não está presente na plataforma de streaming mais acessada do mundo.
No Brasil, tenho poucos artistas que estão apostando nesta nova direção, mas um deles vale ressaltar e “tirar o chapéu”, que é o Victor Lou. Já mixamos 2 álbuns dele em Dolby Atmos, além de alguns singles. Outro artista que vale mencionar e que aderiu a este novo formato para alguns de seus trabalhos e tem aumentado as solicitações recentemente, é o Illusionize.
O impacto que este novo formato está trazendo para música é ainda imensurável, pois tudo ainda é novidade e o processo de aprimoramento e evolução estão em uma velocidade muito grande. Mas com os recursos que já temos hoje, os resultados são impressionantes. Nós deixamos de ouvir música no formato “palco” e agora estamos consumindo em um formato “imersivo”. E o mais legal de tudo é que essa tecnologia está disponível para todos, basta você ter um fone de ouvido e pronto, já pode ouvir as suas músicas em formato imersivo.
É claro que, dependendo do equipamento que você estiver consumindo as músicas em formato imersivo, vai influenciar diretamente na sua experiência. Por exemplo, se você ouvir uma faixa em Dolby Atmos, na Apple Music, utilizando headphones “normais” (saída Stereo apenas), você estará ouvindo a versão em Binaural, que é a emulação do áudio imersivo, só que com uma saída L/R (Stereo).
Mas agora, se você está ouvindo com headphones com saída surround (Apple Airpods, por exemplo), você já vai conseguir ter uma experiência muito mais imersiva, pois a saida dos falantes do headphone já são surround, proporcionado mais riquezas nos detalhes. Sem contar também a infinidade de caixas de sons, celulares e TV’s que já possuem a saída de áudio em Dolby Atmos, fazendo com que este formato seja cada vez mais acessível a todos.
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