Austin, cantor, compositor e instrumentista natural de Divinópolis (MG), está reescrevendo as regras do jogo ao dar voz e identidade brasileira e vem traçando um caminho singular, ao mesmo tempo ousado e sensível, na música eletrônica nacional ao produzir Progressive House com vocais em português.
Seu mais recente lançamento, “Fantasia Flor”, que chegou às plataformas no dia 20 de junho, é um marco desse movimento pioneiro. A faixa carrega todas as características envolventes do Progressive House: batidas que crescem em intensidade como ondas emocionais, sintetizadores atmosféricos e uma melodia que parece levitar, tudo isso somado à doçura poética de versos como “De alguma forma a gente se pertence” e “O que flor pra ser, florescerá”. A canção não é apenas um single, é um novo capítulo na história de um artista que desafia rótulos.
As pessoas perguntam se sou DJ ou produtor. Mas eu canto, componho e toco. A minha música é eletrônica, mas nasce da canção, da emoção, da letra”, explica Austin, que começou sua trajetória musical em 2014.
Foi nesse ano que ele percebeu que sua vocação era a música. Ainda jovem, passou a compor inspirado por nomes como Martin Garrix, David Guetta e Avicii, ícones globais da música eletrônica. Mas havia uma lacuna que o incomodava: não existia ninguém fazendo esse som com letras em português.
A ausência de referências nacionais o deixou inseguro. Como criar algo sem referência, sem um parâmetro no Brasil? Essa dúvida durou até a noite de 11 de janeiro de 2015.
Fui ao show do David Guetta em Belo Horizonte e saí de lá transformado. Aquela energia me atravessou como um raio. A partir dali, eu soube que era possível. Que eu podia fazer isso do meu jeito, com a minha língua, com a minha verdade.”
A flor que nasceu da aurora
A história de “Fantasia Flor” se entrelaça com a do seu álbum de estreia, “Aurora”, um projeto conceitual com 15 faixas, todas compostas e interpretadas por Austin. Em vez de lançar tudo de uma vez, o artista optou por uma estratégia mais orgânica: divulgar uma canção por mês. A jornada começou em maio e se estenderá até que cada pétala desse disco esteja florescida aos ouvidos do público.
Acredito que apenas um single não é suficiente para explicar o que faço. Aurora é uma experiência completa. É a minha forma de mostrar que não sou um DJ que faz remix de hits, mas um artista que cria músicas eletrônicas originais em português. Isso ainda é raro por aqui”, explica.
O álbum bebe da atmosfera do cosmos: estrelas, nebulosas e a própria aurora boreal aparecem como metáforas para sentimentos humanos, da dor da separação à plenitude do amor. Se as faixas anteriores exploram o vazio, a saudade e os devaneios do passado, “Fantasia Flor” representa a luz que nasce depois da escuridão. É sobre recomeçar, sobre se permitir sentir de novo, sobre se abrir para o novo, como uma flor que desabrocha após o inverno.
Um piano no centro do universo eletrônico
Apesar da roupagem digital, o coração do som de Austin pulsa com sensibilidade analógica. Seu piano é mais que instrumento: é confidente e ponto de partida. Foi com ele que tocou em casamentos e eventos, além de ter sido tecladista em uma banda local. Hoje, é no piano que compõe suas músicas antes de transportá-las para os sintetizadores e batidas que fazem do Progressive House um gênero emocionalmente explosivo.
Essa combinação entre raiz e inovação, entre letra e pista, entre sentimento e drop, faz de Austin um artista difícil de rotular, e justamente por isso, impossível de ignorar.
Se “Fantasia Flor” é a promessa de um amor que desabrocha, Aurora é a confirmação de um artista que floresce com coragem, autenticidade e uma missão clara: provar que é possível dançar e sentir em português.
