Após mais de uma década como um dos nomes mais singulares da música eletrônica brasileira, Elekfantz inicia um novo capítulo com o lançamento de “Hot To Touch”, seu terceiro álbum de estúdio.
A novidade não representa apenas uma etapa criativa, mas simboliza também um momento de reinvenção. Recentemente, conduzindo o projeto solo, Leo Piovezani encontrou espaço para aprofundar sua própria identidade musical e emocional, criando um disco que funciona quase como um diário pessoal, embalado por sintetizadores, letras e vocais nostálgicos e uma evolução sonora adquirida com o tempo.
A obra, que contém 10 faixas, nasceu durante um período de recolhimento. A pandemia o afastou das pistas e o aproximou de si mesmo, permitindo-lhe compor por quase dois anos consecutivos. Em sua casa de praia, onde o silêncio convive com o barulho das ondas alinhados ao seu cotidiano, Leo encontrou o cenário perfeito para transformar pensamentos diversos em faixas inteiras. Segundo ele:
foi um mergulho profundo em ideias que estavam esperando a hora certa para respirar”.
O impulso para lançar o novo disco veio assim que finalizou a música que dá nome ao projeto, “Hot To Touch”. O álbum reúne elementos que moldam a identidade do Elekfantz desde o início da carreira.
Apenas duas faixas deste disco nasceram de composições antigas criadas para o primeiro álbum, “Dark Tales & Love Songs”, que acabaram não saindo e foram repaginadas com novas texturas. As demais faixas nasceram no período pandêmico e foram finalizadas pós-pandemia, entre a correria dos shows e vivência nos palcos.
Há ainda colaborações que reforçam o caráter plural desta nova fase, como “Beggin’”, parceria com Gui Boratto, e “Better Life”, que surgiu de uma ideia com os amigos Fell Reis e Nathan Berger.
O processo criativo: quando cada música nasce de um momento único ou inusitado
Leo explica que sua experiência como músico de banda antes do projeto Elekfantz e a essência como artista (multi-instrumentista, cantor e compositor), sempre direcionou o processo criativo de suas músicas.
Não começo a criar uma faixa pensando no set de um DJ ou se alguém irá tocá-la. Começo pensando na história que ela quer contar”, diz.
Cada música tem uma origem distinta, quase como um personagem com personalidade própria. Em músicas como “No Need To Play” e “Beggin’”, as letras dialogam com experiências pessoais e momentos íntimos. São narrativas que ele descreve como “fotografias emocionais”, transformadas em melodia. Já em “Shadow Dancer” e “Lazy Dreams”, o terreno é mais experimental e instrumental. A formação como baterista proporciona alguns improvisos, atmosferas mais complexas e melodias viajantes, criando composições que funcionam como paisagens sonoras.
A letra que mais marca: “No Need To Play” e o fim que insiste em continuar
Entre todas as faixas, “No Need To Play” guarda um espaço especial. A letra aborda o desgaste afetivo de uma relação que se mantém apenas pelas aparências. Leo resume o sentimento nela contido, dizendo:
É sobre o momento em que os dois sabem que o relacionamento acabou, mas ninguém quer ser o primeiro a admitir”.
A música captura esse limiar entre tentar e desistir.
A fusão de gêneros e a estética dos anos 80
A faixa título do álbum, “Hot To Touch”, sintetiza a combinação de referências que costura o álbum. Com forte influência dos anos 80, a música mistura dance pop, downtempo e deep house, criando um corpo sonoro denso e envolvente.
O synth lead principal dela é inspirado em uma melodia clássica do Tears For Fears, funcionando como uma homenagem à banda. O BPM mais baixo e o vocal marcante proporcionam ao ouvinte uma conjuntura emocional rara.
A parceria com a REVEN BEATS: know-how, estratégia, transparência e curadoria
“Hot To Touch” chega às plataformas de streaming e ao público pela REVEN BEATS, em conjunto com o selo criado pelo próprio do artista, a Fat Monkey Records. A parceria, iniciada em 2023, se consolidou pela confiança adquirida na gravadora mineira e pelo alinhamento criativo de ambas as partes.
Leo explica que o trabalho conjunto funciona como uma engrenagem completa, que vai da seleção das faixas ao planejamento e promoção. Para ele, organização e ética são:
ingredientes que nem sempre aparecem no mercado, mas que fazem toda a diferença”.
Os próximos passos: turnê, remixes e show com banda
A nova fase inclui o renovado live da Tour “Hot To Touch”, com versões inéditas especialmente criadas para o palco. Em março de 2026, chega também “Hot To Touch (Remixed)”, com interpretações de ZAC, Bigfett, Santti, Niconé, e outros artistas convidados.
O show ao vivo traz um desafio adicional: sincronizar vocais, sintetizadores, bateria eletrônica e técnicas de mixagem em tempo real. Para o segundo semestre, Leo planeja estrear um novo formato com banda compacta, voltado para festivais e teatros. A ideia é levar ao público uma experiência híbrida, musicalmente rica e ainda pouco explorada no cenário nacional.
Após 14 anos, o Elekfantz se reconecta às suas raízes, ao mesmo tempo em que abre novas portas. “Hot To Touch” é mais que um lançamento. É a síntese de uma jornada pessoal e artística que continua se expandindo.







