O brilho das luzes de um club pode revelar muito mais do que o espetáculo da pista. No caso de Ale Wayne, ele ilumina uma trajetória guiada por sonho, estudo e obstinação. Alexandra Wayne, 27 anos, nascida em Curitiba, lembra que tudo começou bem antes de qualquer festival ou cabine profissional.
Sou apaixonada por música desde a infância. O sonho de virar DJ e produtora começou aos 14 anos. A música sempre me mostrou que é possível emocionar multidões sem dizer uma palavra”, conta.
Em 2023, ela deu o primeiro passo técnico: se formou pela AIMEC e pela Volare DJ School, localizada dentro do Park.Art, lugar que, até então, ela apenas sonhava pisar como artista. Inspirada por referências como James Hype, Max Styler e Gustavo Mota, Ale encontrou na mistura entre tech house, bass house e techno o universo em que sua identidade artística floresce.
Esse som tem energia, impacto e personalidade. É o tipo de música que transforma a pista. Quero que cada beat faça sentido”, afirma.
A promessa virou trajetória de destaque. A sonoridade da curitibana chamou atenção especialmente na Alemanha, onde já soma cinco lançamentos e aparições oficiais em playlists e charts do Beatport. Faixas como “Beat” e “Diamonds on my Necklace” com Ale7, lançada um dia antes da final do CIRCUITO, ganharam destaque e suporte de nomes como Richie Hawtin, Shiba San, Don Diablo, Ruben Mandolini, Joseph Capriati, Paco Osuna, GiddiBangBang e Roxy Nox. Para ela, esses reconhecimentos validam esforço e autenticidade.
É surreal ver artistas que sempre admirei tocando minhas músicas. É como se eles dissesse: ‘continue, você tem algo a dizer’”, diz.
Entre festivais e clubes de referência no Brasil, um palco teve um peso diferente: o Park.Art. Foi lá que Ale Wayne competiu no CIRCUITO 2025, o maior torneio de DJs do Brasil, com mais de 200 inscritos e apenas 48 selecionados.
A final, em 15 de novembro de 2025, mudou sua história. Ale Wayne venceu com a maior pontuação do campeonato, foi a mais votada pelo público e ainda quebrou duas vezes o recorde de ingressos vendidos entre todos os participantes. Mas o mais simbólico vinha no anúncio: ela se tornava a primeira mulher campeã da história do torneio.
Tocar no Park.Art era um sonho desde 2023. Ganhar o CIRCUITO sendo a primeira mulher foi mais do que uma conquista pessoal. É uma vitória para todas nós que construímos espaço na cena eletrônica”, comenta.
Sua apresentação contou com 30 minutos intensos de bass house, tech house e techno, abrindo com um intro especial usando seu próprio vocal.
Quis mostrar quem eu sou desde o primeiro segundo. Era mais do que competir, era sobre marcar presença”, explica.
Além das faixas conhecidas, três músicas autorais entraram no set, incluindo “Diamonds on my Necklace”, que alcançou #78 no Top 100 Bass House do Beatport, “Take Control”, e a inédita “Play The Beat”, também com Ale7. Para Ale Wayne, a autoralidade não é detalhe, mas o centro do futuro.
Produzir é o que me move agora. Quero que o público reconheça minha identidade antes mesmo de olhar para o palco”, afirma.
E o futuro já começou. Para 2026, Ale Wayne confirma três lançamentos assinados por Palmlands Records, Los Brutos Records e BBop Music. Além disso, ela dedica o próximo ano quase inteiramente à produção musical e à expansão da carreira pelo Brasil.
Tenho duas datas já marcadas em Santa Catarina e muito mais por vir. Estou só começando. A meta agora é crescer, viajar e colocar minha música no mundo inteiro.”
Se um dia o sonho começou no quarto de uma adolescente fascinada pelo poder da música, hoje ele vibra em pistas lotadas e rankings internacionais. Ale Wayne não apenas venceu um campeonato. Ela abriu caminho, inspirou outras mulheres e mostrou que identidade, estudo e paixão podem romper qualquer fronteira, seja de estilo, de mercado ou de gênero.
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