A doce ilusão dos grupos de engajamento “orgânico”
Imagem editada via Eletro Vibez

A doce ilusão dos grupos de engajamento “orgânico”

Olá meus caros e minhas caras, como estão? Espero que todos estejam bem. Esses dias estava conversando com alguns integrantes do Close Friends da NOMMAD Media e surgiu o assunto dos grupos de Whatsapp criados com o intuito de gerar engajamento “orgânico” no Instagram, Youtube, Soundcloud e em outras plataformas. Resolvi escrever essa matéria para expor minha visão como profissional da área de Marketing a respeito do assunto e alguns pontos que acredito que sejam importantes de ressaltar. 

Para falar a verdade eu não sei o quanto isso é difundido na cena, porém, existem diversos grupos no Whatsapp e em outras plataformas de comunicação onde DJs e Produtores se juntam com o intuito de compartilhar entre eles links de fotos e vídeos de seus Instagrams para que cada membro do grupo curta, comente, compartilhe e salve estas postagens. 

A finalidade dessas ações nesses grupos é fazer com que o algoritmo do Instagram entenda que aquelas postagens, por estarem recebendo tanto engajamento em tão pouco tempo, são boas e, portanto, deveriam ser distribuídas organicamente em maior escala.

Até aí a estratégia não é de toda ruim, uma comunidade que se junta com o objetivo de se ajudarem mutuamente me parece algo bem positivo, o problema surge quando o desenrolar dessa estratégia começa a enveredar por outros caminhos. 

Um ponto que eu gostaria de ressaltar é o seguinte, você como produtor(a) de conteúdo (Música, Clipes, Lyric Videos, Posts, Stories etc) tem uma ferramenta muito poderosa em mãos para saber se seu conteúdo de fato está sendo bem absorvido ou não pelo público que são justamente os likes, comentários, salvamentos, compartilhamentos etc.

Uma vez que você se encontra em um grupo de engajamento, você posta seu link nesse grupo e os membros são, por definição do grupo, forçados a engajar com este conteúdo, você perde essa ferramenta importantíssima que pode te ajudar a saber se seu conteúdo é bom ou não. 

Minha visão é de que se você faz um bom e constante trabalho de produção de conteúdo, postagem e marketing, o volume de engajamento e distribuição orgânica virá naturalmente e você poderá entender de forma muito mais precisa o que o seu público gosta e o que ele não gosta, a partir de quais conteúdos ele interage mais e quais ele interage menos. 

Outra questão que devemos dar destaque é que, como muitos contratantes usam as redes sociais dos artistas para avaliar a força que determinado DJs tem com seu público, ter um Instagram muito comentado e engajado se tornou um ponto importante no conjunto de coisas que um contratante usa para tomar a decisão de contratar ou não um DJ. Percebem o problema disso? É uma maquiagem que se passa para tentar aparentar um sucesso que ainda não é real. É praticamente o resumo do “Fake it until you make it” (finja até que seja realidade), conselho esse dado por muitos gurus. 

Nenhuma carreira se sustenta em aparências. Ter muitos seguidores, likes, compartilhamentos se tornou quase um fetiche para os usuários das redes sociais e por isso, muitas vezes, essas métricas são apelidadas entre nós profissionais do marketing como “métricas de vaidade”. De nada adianta ter muitos seguidores se, na hora do vamos ver, ninguém faz pré-save na sua música, ninguém compra um merchan, ninguém vai a um show e daí por diante. 

Como já disse algumas vezes, seguidor não é a mesma coisa que fã. Em resumo, os artistas deveriam se preocupar muito mais em construir uma base de fãs sólida através de um conteúdo de qualidade e um relacionamento verdadeiro, do que apenas conseguir mais seguidores. 

Por outro lado, esses grupos dão uma oportunidade ímpar de fazer conexões com outros artistas que, por vezes, você não teria contato ou você sequer sabia da existência. Esses grupos são polos fantásticos para possíveis colaborações musicais, trocas de informação e aproximação dos personagens da cena.

Neste exato momento que escrevo para vocês, eu mesmo faço parte de dois grupos de engajamento que uso desta forma, para conhecer os artistas, saber de suas dúvidas e ajudar da melhor maneira que eu puder entregando valor e conhecimento sempre que possível. 

Vamos olhar para as oportunidades desses grupos como algo que realmente possa suscitar a construção de algo realmente sólido e benéfico para a cena, não como locais usados para maquiar problemas. Se há uma coisa que é certa, é a seguinte, o “Fake it until you Make it” é um dos piores conselhos que alguém poderia dar, pois quem finge algo que não é verdadeiro não está enganando a ninguém além de si mesmo. 

Se seu intuito é divulgar sua carreira e crescer, apaixone-se pelo processo de crescimento. Faça uma boa estratégia de marketing, faça um bom patrocínio no Instagram, Facebook, Youtube etc. Produza bons conteúdos, entenda seu público alvo, veja os feedbacks deles através dos comentários e se relacione com eles.

Crie uma comunidade ao seu redor e nutra-a com o que realmente é relevante para ela. Entregue valor e entenda que o que realmente vale a pena, leva tempo para crescer. Invista na sua carreira e evite soluções mágicas a curto prazo, macetes e hacks. Lembre-se, o sucesso não pega atalho. 

Um abraço a todos e até breve, Diogo O’Band.