A força motriz da música eletrônica – Conheça algumas das mulheres mais influentes no surgimento da música eletrônica

O avanço tecnológico e a intensificação da voz feminina na sociedade coincidiram no século 20. O direito da expressão não somente teve de ser conquistado, como criado. 

A música, que se desprendia dos moldes formais, tornando-se cada vez mais arrojada e menos conservadora, foi uma ferramenta que possibilitou às mulheres terem controle total de sua expressão na arte. 

As cordas dos instrumentos sendo substituídas por transistores, refletiram uma nova sociedade na qual a música passaria a ter origem eletrônica, e as mulheres, liberdade para traçarem seus próprios destinos. 

Conheça algumas das mulheres responsáveis pelo surgimento da música eletrônica: 

Daphne Oram 

Nascida em 1925, Daphne Oram foi pioneira da música eletrônica na Inglaterra. Musicista assídua, trabalhava compondo trilhas sonoras e efeitos para a emissora BBC, quando se especializou nos equipamentos de gravação e rádio. 

Daphne foi co-fundadora do BBC Radiophonic Workshop, em 1958, estúdio focado nos efeitos sonoros eletrônicos, e uma das pioneiras do movimento da música concreta, estilo precursor da música eletrônica.

Daphne foi a primeira mulher a criar um estúdio pessoal de música eletrônica, e a primeira a projetar e construir um instrumento eletrônico, o Oramics, em 1959, que consiste em células fotoelétricas que controlam parâmetros sonoros através de desenhos. 

Bebe Barron

A americana Bebe Barron, nascida em 1925, teve criação formal de música, e na década de 50 se aprofundou na composição de música eletrônica, através de gravadores de fitas e componentes eletrônicos. 

Em 1956 produziu a primeira trilha sonora inteiramente eletrônica para o cinema, no filme “O Planeta Proibido”, e também de outros filmes de ficção científica da época.

Seus timbres complexos resistiram às duras críticas das comunidades musicais da época, que não consideravam suas produções como música de fato, e Bebe tornou-se atemporal e eterna pioneira.

Wendy Carlos

Ganhadora de 3 Grammys, a americana Wendy Carlos nasceu em 1939 e além de pioneira na música eletrônica, representa a comunidade transexual na música eletrônica. 

Prodígio, começou a estudar música aos 6 anos de idade, e em 1962 formou-se em música e física, simultaneamente, e logo tornou-se mestra em música.

Foi uma das primeiras pessoas a testarem os equipamentos Moog, e junto de Robert Moog, criador da marca, desenvolveu o primeiro Moog comercialmente acessível, que revolucionou a indústria da música.

Na obra “Switched on Bach”, Wendy Carlos recria no sintetizador Moog, obras do compositor clássico Bach, trazendo a música barroca ao mundo moderno. 

Suzanne Ciani 

Nascida em 1946, a pianista e compositora ítalo-americana Suzanne Ciani vai ao caminho oposto de Wendy Carlos, trazendo o conceito de que a música eletrônica não é um meio de reimaginar a música, mas sim de criar algo novo.

A artista trabalhou em diversas trilhas e efeitos para filmes e televisão, e ganhou destaque nos anos 70, em um contexto de música eletrônica muito mais maduro do que o de décadas anteriores. 

Sonia Abreu

Conhecida como a primeira DJ do Brasil, Sonia Abreu é detentora de um legado expressivo. Multifacetada, foi colunista, empreendedora, levou para casa um disco de ouro e viveu por sua arte. 

Ela começou sua carreira na década de 60, com produção e direção musical. Nos anos 70 conheceu as pickups e adentrou as noites paulistas como DJ. Nos anos 80 criou o “Ondas Tropicais”, rádio móvel pelo qual circulou o país.

Em décadas pelas quais ser artista no Brasil já era tarefa difícil, Sonia Abreu colocou a cara à tapa e explorou novos caminhos e abriu alas para as inúmeras DJs que a sucedem. 

As mulheres foram a força motriz que proporcionou a música eletrônica ser o que é. Combateram o silêncio com o som, e transgrediram o que a sociedade, até então, dizia ser música. 

Essa é a história da música eletrônica. Lembre-se disso nas pistas!