A musicalidade frágil e o hater atrás da tela

Até quando a gente vai passar pano pra constrangedora musicalidade frágil que só existe na internet? Já passou muito do ponto, e é hora de ser claro sobre o tema: o funk vai tocar no set do seu artista preferido e quando isso acontecer, por você gostar dele, vai virar arte, vai virar homenagem. A diferença do suposto erro para o grande acerto é o quanto o julgador gosta do autor em questão.

Se o Steve Aoki toca Pedro Sampaio, na internet, é crime. Se o Adam Port toca ‘Barbie’, na internet, é ofensa. O que ninguém tá afim de admitir é que, lá na pista, onde verdadeiramente importa, tá todo mundo dançandinho e dando risada, aproveitando a vida. É preciso ser AMARGO demais para se apegar a um som que, se fosse com vocal em inglês, ninguém nem daria atenção. É muito marmanjo frágil pra pouco assunto sério.

O funk é música eletrônica, queiram os puristas ou não. O problema é todo de quem tentar resistir, porque vai ter o total de nenhum resultado. Da mesma forma que o sample famoso do baile chegou num set de Hard Techno, ele vai passear no show de Afro House ou vai ser elevado ao mais alto BPM num remix digno de Defqon.1 – que não é festa, mas um festival. Os artistas do mundo todo querem ouvir seu público cantar, e isso acontece TODA VEZ. Menos na internet, com os reis do sofázin.

O direito de não gostar é absoluto e inviolável, mas a necessidade de desmerecer diz mais sobre quem profana do que sobre quem produz. A música é, desde sempre, a linguagem mais ampla, democrática e leve que existe, e nela cabe todo mundo. Se 30 segundos de um som que você não gosta são capazes de cortar uma brisa de 2h, o problema tá no remetente. Não dá pra ser tão vulnerável assim.

Os juízes da internet precisam emitir opinião sobre tudo, inclusive sobre o rolê que ele não foi, não comprou e nem gosta de ouvir. Tem que falar mal por que, meu rei? Qual motivo, minha rainha? Não vai dar coceira para guardar seu ponto de vista aí na sua cabecinha, ela é capaz de armazenar vários TB. Se todo mundo cuidar do seu ambiente, e gastar 10% de simpatia pra aceitar o gosto do amiguinho, a musicalidade frágil acaba.

E tomara que ela acabe antes de acabar com muita mente vazia por aí.