A morte de quem é admirado causa colapsos profundos, requerendo ajustes na maneira de se perceber o mundo. Contudo, as reações ao processo de perda, sejam a nível físico, emocional, social ou espiritual, processam-se de maneira diferenciada entre as pessoas e dependem de várias situações que circundam o fim da vida. Em qualquer que seja o âmbito, digerir a magnitude de uma morte precoce é difícil.
Em 2018, Tim Bergling, conhecido mundialmente como Avicii, foi encontrado morto em um complexo hoteleiro de Mascate, capital de Omã, Oriente Médio. Embora a causa da sua morte não tenha sido confirmada explicitamente, se especula, através do comunicado efetuado pela sua família, que ele tenha se suicidado. Também de acordo com os familiares, Avicii não gostava dos holofotes e não estava preparado para a indústria musical da forma como teve de se inserir nela. Além disso, de acordo com alguns veículos como o Variety, uma pancreatite resultante da ingestão excessiva e constante de álcool pode ter influenciado.
“Passava 12 horas por dia no estúdio e depois voltei para as turnês. É difícil dizer não nesta indústria, você quer tocar e estar em todos os lugares”, disse ele à Billboard.
Nascido em Estocolmo, na Suécia, filho da atriz Anki Lidén e de Klas Bergling, Tim tentou aprender a tocar guitarra e piano na infância, mas logo percebeu que esse não seria o caminho. Aos 6 anos, fez um remix para o jogo “Lazy Jones” de Commodore 64. Dez anos depois, baixou um software de programação chamado Fruity Loops, com o qual aprendeu a fazer house music.
Depois de postar remixes no fórum do site do DJ Laidback Luke, ele começou a ser descoberto. Entretanto, o DJ britânico Pete Tong foi quem o observou pela primeira vez, quando o jovem sueco participou de um show de talentos há uma década. Em maio de 2007, Avicii assinou com a gravadora Dejfitts Plays. No ano seguinte (2008), com a ajuda de um empresário, ele começou a fazer turnês, quando foi convidado por Tiësto para realizar uma apresentação fixa semanal no Privilege em Ibiza. O lançamento da música “Manman”, que Tong acabou lançando por sua gravadora, foi o início da fama.
“Já estava claro que ele tinha um talento impressionante para inventar melodias e mostrava grande maturidade na maneira como ele conectava as faixas”, disse Tong em entrevista ao jornal britânico Evening Standard em 2014.
De 2009 a 2010, Tim foi um produtor prolífico e lançou músicas constantemente rápidas. Durante esse período, seus remixes foram “Sound of Now”, “Muja”, “Ryu” e “Strutnut”. Então, em 2010, ele lançou seu primeiro grande sucesso, a track “Seek Bromance”, que alcançou o top-20 em vários países, incluindo Bélgica, França, Holanda, Reino Unido e Suécia. No mesmo ano, ele assinou com a gravadora europeia EMI Music Publishing e também remixou o single clássico de Nadia Ali, “Rapture”, além da colaboração intitulada “Don’t Hold Back” com seu colega, o DJ sueco John Dahlbäck.
Após ganhar fama com uma série de canções, sua popularidade explodiu com a música “Levels” em 2011, alcançando o top-10 em vários países, além do topo na Hungria, Noruega e Suécia. A música contém uma amostra vocal inspirada em “Something’s Got a Hold on Me”, feita por Etta James em 1962. Naquele ano, sua colaboração em “Sunshine”, com David Guetta, foi nomeada para um Grammy na categoria de Melhor Gravação Dance. A faixa “Penguin”, sucesso nas pistas por todo mundo até hoje, também foi lançada neste ano.
Em 23 de março de 2012, seu single não assinado, “Last Dance” — lançado oficialmente em agosto do mesmo ano — foi tocado no programa de Pete Tong no BBC Radio 1. No Ultra Music Festival deste ano, em Miami, ele estreou duas importantes faixas: a versão remixada de “Girl Gone Wild” com Madonna e “Superlove” com Lenny Kravitz, respectivamente divulgadas em 20 de abril e 29 de maio. Ao atingir dois milhões de seguidores no Facebook, ele lançou uma composição intitulada “Two Million”, publicada gratuitamente na sua página oficial do Soundcloud.
Na companhia do vocal Salem Al Fakir, Avicii lançou a canção “Silhouettes”, que alcançou o top-5 na UK Dance Chart e a quarta colocação na Billboard Dance Club Songs. Depois de participar do Lollapalooza em Chicago, ele lançou a música “Dancing in My Head”. Ainda naquele ano, Tim fez história e foi o primeiro DJ a tocar no Radio City Music Hall, em Nova Iorque. Nele, realizou dois shows e tocou uma prévia de sua nova faixa com Mike Posner, denominada “Stay with You”.
Com a promessa de alocar US$ 1 milhão para a Feeding America, uma organização de caridade que tem como objetivo ajudar a levar alimentos nutritivos às pessoas necessitadas e propiciar a construir um futuro mais seguro para elas, Avicii embarcou em uma turnê de 27 dias nos Estados Unidos intitulada “House for Hunger”.
“Quando você tem dinheiro em excesso, percebe que não precisa tanto dele e o mais sensato e completamente óbvio é dar às pessoas que estão passando por necessidades”, disse o DJ em determinada ocasião.
Em 29 de dezembro, o DJ sueco estreou muitas músicas novas no Lights All Night, no Dallas Convention Center, sendo que algumas delas chegaram ao seu primeiro álbum de estúdio, True. Essas canções inéditas incluem “I’ll Be Gone” e “Let It Go”. Nessa mesma data, Avicii lançou um dos seus hits mais marcantes: “I Could Be the One” com Nicky Romero. Depois de estrear em seus shows quase um ano antes, a faixa finalmente foi lançada pela sua gravadora LE7ELS.
Em 9 de janeiro de 2013, Tim lançou o projeto “Avicii X You”, uma parceria com a Ericsson projetada para criar o primeiro hit do mundo “crowdsourced” (feito por um grande grupo de pessoas de uma comunidade online ao invés de usar fornecedores tradicionais ou uma equipe de empregados). O projeto permitiu que os fãs enviassem batidas, efeitos, melodias, ritmos e vocais como arquivos de som na Internet. A canção apresenta sequências de Kian Sang (melodia), Naxsy (linha de baixo), Martin Kupilas (batida), ВАНЯ ХАКСИ, Jonathan Madray, Mateusz Kolata e Christian Westphalen (efeitos). Tim atuou como produtor executivo e criou a versão final intitulada oficialmente como “X You”, que foi lançada em 26 de fevereiro.
Ainda no primeiro mês do ano, ele lançou a faixa “Three Million” com a participação de Negin para celebrar os três milhões de fãs em sua página no Facebook.
Indicado ao Grammy Awards como “Melhor Gravação de Dance” e nomeado no MTV Music Video Awards com “Levels”, Avicii fez sua primeira turnê sul-americana, com shows na Venezuela, Argentina, Colômbia, Brasil e Chile. Do final de fevereiro ao início de março do mesmo ano, ele entrou em turnê pela Austrália como uma das principais atrações do Future Music Festival.
Em março de 2013, o DJ anunciou e estreou muitas faixas novas em seu novo álbum de estúdio, True, que seria lançado mais tarde em setembro, durante sua apresentação no Ultra Music Festival, em Miami. Todas essas novas canções eram de natureza experimental, sendo feitas num estilo jamais visto. Por exemplo, ele apostou em uma banda para colaborar, tingida de bluegrass, em “Wake Me Up”. Foi a primeira faixa do seu álbum, estreada em junho do mesmo ano por Pete Tong na BBC Radio 1. Com vocal de Aloe Blacc e lançada no iTunes e nas rádios em 25 daquele mês, essa canção foi, sem a menor sombra de dúvidas, o maior hit de sua carreira.
O sucesso de “Wake Me Up” foi tanto, que Avicii alcançou o número 1 no Spotify Global Chart e figurou na segunda posição na maioria dos artistas de streaming em todo o mundo. Mais tarde, a música estabeleceu um recorde de 14 semanas como primeira colocada na Billboard Dance/Electronic Songs, além de ter se tornado o single de vendas mais rápido do Reino Unido de 2013, tendo vendido 267 mil cópias em sua primeira semana de vendas no país. A mesma também liderou as tabelas de mais de 20 países, incluindo Austrália, Alemanha, Irlanda, Itália, Suécia, Holanda e Nova Zelândia.
2013 também foi um ano de muitas conquistas para o sueco. Ele ganhou o prêmio “Best Electronic” no MTV EMA’s e venceu a categoria “Artista Favorito de Dance/Eletrônica” no American Music Awards. Em 13 de setembro, Avicii lançou oficialmente seu álbum pelas gravadoras PRMD Music e Universal Island, se tornando sucesso comercial e atingindo o topo no top-10 de pelo menos dez países, inclusive estreando na segunda posição no Reino Unido. “Wake Me Up”, “You Make Me”, “Hey Brother” e “Addicted to You” foram alguns dos sucessos presentes no álbum.
Pelo Instagram, em março de 2014, Tim confirmou que estaria colaborando em um novo single com Madonna. Todavia, a música nunca chegou a ser divulgada. No mesmo mês, ele lançou uma nova versão de seu álbum True, intitulado True: Avicii By Avicii, contendo remixes de todas as faixas, excluindo “Heart Upon My Sleeve” por razões desconhecidas. A divulgação desse álbum deveria começar no Ultra Music Festival daquele ano, mas Avicii anunciou que ele havia sido hospitalizado em 28 de março e não pôde tocar seu set de encerramento no festival.
Entretanto, o DJ sueco continuaria atuando como produtor. E foi assim que, além da participação na celebração do casamento do príncipe Carl Philip, da Suécia, ele colaborou com Carlos Santana, Wyclef Jean e Alexandre Pires para a canção oficial da Copa do Mundo da FIFA, intitulado “Dar um Jeito (We Will Find a Way)”. A faixa foi realizada na cerimônia de encerramento do evento no Brasil, em 13 de julho de 2014. Após esses eventos, lançou a canção “Lay Me Down”, co-escreveu/co-produziu a faixa “A Sky Full of Stars” do Coldplay, e co-produziu com David Guetta o grande sucesso “Lovers on the Sun”.
Em julho de 2014, Avicii disse à revista Rolling Stone que havia trabalhado em 70 músicas para seu próximo álbum, Stories, englobando colaborações com Bon Jovi, Serj Tankian do System of a Down, Chris Martin, Wyclef Jean e Matisyahu. Descrevendo o álbum, ele disse: “Vai ser muito mais orientado para a música”.
Durante sua turnê de True, apresentou a canção “No Pleasing A Woman” com o vocal de Billie Joe Armstrong da banda de rock americana Green Day. Tim também tocou outras músicas como “In Love With Your Ghost” com Daniel Adams-Ray, “Love to Hold” com Tom Odell e “Million Miles” com a cantora LP. “Lose Myself”, uma colaboração entre o DJ sueco e o cantor chinês Wang Leehom, foi lançada em 1° de setembro de 2014. Uma semana depois, no seu aniversário de 25 anos, Avicii, por questão hospitalares, cancelou todos os compromissos profissionais (como o TomorrowWorld, shows nos EUA e na Ásia) daquele ano.
Seus representantes disseram que o DJ iria descansar em sua casa em Estocolmo e se recuperar de complicações relacionadas a cirurgias para remover o apêndice e a vesícula biliar, realizadas no começo de 2014. A notícia levou a comentários sobre a sua aparência em redes sociais. Na época, fãs divulgaram fotos em que ele aparecia muito magro.
No dia seguinte, ele anunciou que lançaria seu novo single “The Days” — em parceria com Robbie Williams — no final do ano. Posteriormente, em 16 de setembro, foi anunciado pela EA Sports que ele estava lançando uma nova faixa chamada “The Nights” exclusivamente no FIFA 15. Um mês depois, foi anunciado oficialmente que a faixa seria lançada como parte de um EP, juntamente com “The Days”. Por fim, ainda em 2014, Wyclef Jean lançou uma faixa intitulada “Divine Sorrow” com produção dele.
Composta em 1964 pelos compositores ingleses Anthony Newley e Leslie Bricuss, em 6 de maio de 2015, Avicii lançou “Feeling Good”, sobre a versão de Nina Simone. Após algumas semanas, ele estreou o primeiro single de Stories, “Waiting for Love”. A música foi co-produzida por Martin Garrix e contou com os vocais de Simon Aldred e de Cherry Ghost.
Uma semana depois, em 27 de maio daquele ano, foi confirmado por um jornal sueco através de uma entrevista com Tim Bergling que seu segundo álbum, Stories, seria lançado no outono europeu de 2015.
Em julho, Avicii tocou, no episódio 37 de seu podcast LE7ELS, duas faixas que estariam no seu novo álbum: “Broken Arrows”, com Zac Brown Band e “Can’t Catch Me”, com Wyclef Jean e Matisyahu. Além do mais, revelou que colaborou com Chris Martin na canção chamada “True Believer”. Mais tarde, expôs que também cantou nessa faixa. Então, foi comunicado pelo seu Twitter que ele finalmente tinha terminado a produção de Stories após dois anos de trabalho.
No dia 4 de agosto, foi anunciado que os singles finais antes do lançamento de Stories seriam “For a Better Day”, com o cantor americano Alex Ebert, e “Pure Grinding” apresentando os vocais de Kristoffer Fogelmark e Earl St. Clair. Ambas as faixas foram lançadas no dia seguinte através do Spotify e do iTunes. Assim, em 2 de outubro de 2015, pela PRMD, Lava Records e Sony Music’s Epic Records, o segundo álbum do DJ sueco, Stories, foi lançado oficialmente ao lado do seu quarto single, “Broken Arrows” com Zac Brown, e dos singles promocionais: “Ten More Days” com Zak Abel e “Gonna Love Ya” com Sandro Cavazza. A partir da primeira semana de novembro daquele ano, o álbum vendeu um milhão de cópias em todo o mundo. Stories também foi o quarto álbum mundialmente mais popular de 2015 no Spotify.
No ano de 2016, Tim lançou seu remix de “Beautiful Heartbeat” do dinamarquês DJ Morten, além da parceria com a Coca-Cola para um hino de campanha global, intitulado “Taste the Feeling”, com Conrad Sewell. A canção foi lançada em 19 de janeiro daquele ano. Uma semana em seguida, ele se uniu novamente com Coldplay para co-produzir a canção “Hymn for the Weekend”.
Dez dias após sua apresentação no Ultra Music Festival em Miami, ele escreveu uma carta aos fãs anunciando que iria deixar de fazer turnês após o fim daquele ano. “Eu nunca vou deixar a música de lado – continuarei a falar com meus fãs, mas decidi que esta turnê de 2016 vai ser a minha última, com meus últimos shows. Vamos fazer com que sejam um estrondo!”, escreveu em uma longa carta divulgada em seu site oficial. Avicii também descreveu o momento em que tomou sua decisão: “Duas semanas atrás, tirei um tempo para dirigir pelos Estados Unidos com meus amigos e minha equipe, apenas para olhar, entender e pensar sobre as coisas de uma maneira diferente. Isso realmente me ajudou a perceber que eu precisava fazer uma mudança contra a qual eu vinha lutando fazia um tempo”.
É algo que eu tive que fazer pela minha saúde. O palco não era para mim, não eram os shows ou a música, eram sempre as coisas que cercam isso, coisas que não eram naturalmente dadas a mim”, disse ele ao site do Hollywood Reporter.
Em abril daquele ano, Tim anunciou que estava trabalhando num terceiro álbum de estúdio. Posteriormente, ele lançou uma colaboração com Otto Knows intitulada “Back Where I Belong”. Foi a segunda collab com os dois produtores depois de “Itrack”, em 2011. Como virou uma marca do sueco em sua carreira, no mês de julho, ele divulgou no YouTube um remix de sua própria música, “Feeling Good”. O remix foi intitulado “Feeling Good (Avicii By Avicii)”.
Com o propósito de descansar, após sua carreira ter sido afetada por problemas de saúde, estresse e sobrecarga de trabalho, tendo chegado a fazer 220 performances em cerca de 261 semanas, ele realizou sua última apresentação ao vivo em Ibiza, no dia 28 de agosto de 2016. Ao fim do ano, um representante da Avicii Music AB anunciou que Tim havia se separado do empresário de longa data Ash Pournouri e da At Night Management, juntamente com a gravadora PRMD de Ash. O representante também anunciou que o DJ assinou contrato com a Universal Music Sweden e que deveria lançar seu terceiro álbum de estúdio em 2017.
Já em 2017, o DJ sueco se afastou mesmo do cenário eletrônico musical e ficou meses sem produzir ou dar indícios de estar produzindo algo. Contudo, em 10 de agosto desse ano, lançou o EP de seis faixas denominado AVĪCI (01). Sobre o lançamento, Avicii disse:
“Estou muito animado por estar de volta com a música mais uma vez. Faz muito tempo desde que eu lancei algo e muito tempo desde que eu estava tão animado com músicas novas. Meu foco neste primeiro EP do álbum foi obter um mix de músicas novas e antigas: algumas que os fãs têm perguntado sobre e outras novas músicas que nunca foram ouvidas antes”.
“Eu precisava dar um jeito na minha vida. Essa coisa toda do sucesso só pelo sucesso. Eu não estava conseguindo nenhuma felicidade mais”, disse ele à revista “Rolling Stone” em setembro de 2017, após o lançamento do EP Avīci (01).
Produzido por Benny Blanco, Andrew Watt, Cashmere Cat e Carl Falk, além da participação da Rita Ora, esse foi o último lançamento de Avicii antes da sua morte. Em setembro do mesmo ano, ele anunciou um documentário intitulado Avicii: True Stories. O mesmo narra a sua aposentadoria das turnês e apresenta entrevistas de seus colegas David Guetta, Tiësto, Wyclef Jean, Nile Rodgers e Chris Martin do Coldplay.
Embora ele desenvolvesse fórmulas diferentes, seus sons mais bem-sucedidos tinham os mesmos elementos: composições escapistas, colaborações que davam maior profundidade às músicas e consequentemente as tornavam mais acessíveis. Era um misto de vibração com euforia. Influenciado por Eric Prydz e Swedish House Mafia, a carreira de Tim Bergling foi marcada — além dos inúmeros problemas de saúde — pela autonomia de não ter medo ou receio de produzir uma música porque os fãs poderiam não gostar.
Aos 19 anos, portanto, Tim Bergling se tornou Avicii porque seu nome verdadeiro já era usado na criação de sua página no MySpace. Com seu nome artístico significando “o nível mais baixo do inferno budista” (Avīci), ele foi pioneiro no movimento contemporâneo conhecido como EDM (Eletronic Dance Music) e um dos poucos DJs capazes de lotar arenas em qualquer parte do mundo.
Em pouquíssimo tempo, Avicii se destacava, não apenas como DJ, mas também como produtor. Se você pegar qualquer produção dele, conseguirá sentir a energia que ele depositou ali ou até mesmo seus sentimentos. É um ritmo único. E esse talvez tenha sido o principal causador do seu enorme sucesso. Sem a menor sombra de dúvidas, o sueco está na mesma prateleira das lendas Swedish House Mafia e David Guetta. Não são apenas criadores de hits. São gênios que nascem uma vez a cada século.
“A EDM (Electronic Dance Music) começou a ficar saturada há quatro, cinco, seis anos, quando o dinheiro se tornou tudo. Daquele ponto em diante, eu comecei a não querer me associar mentalmente com a EDM”, afirmou o sueco na época em que decidiu dar uma pausa na carreira.
É por essa e outras afirmações que ele se tornou uma representação da música eletrônica no mundo. Não era somente produzir, era viver e entender a maneira como aquilo ali era produzido. A forma como Tim agia, dentro ou fora dos palcos, induz a compreender o quão apaixonado pela música ele era, tanto que nunca conseguiu viver sem.
Não era segredo para ninguém que o sueco de 27 anos convivia com vícios e doenças. O estresse e a pressão marcavam seu dia a dia. Infelizmente, o artista não foi a primeira e nem será a última vítima da máquina voraz presente no negócio musical que, durante os últimos anos, girou em torno da milionária cena eletro-musical. Provavelmente ele tenha sido vítima do seu próprio talento.
Ainda que nitidamente Avicii tenha lutado contra, é bem possível que ele tenha caído nas armadilhas que cercam jovens artistas de sucesso estrondoso. Por mais que sua carreira tenha sido marcada por inúmeras vitórias, ele perdeu a única batalha que não poderia ter perdido: contra o seu respectivo sucesso. Mas isso não o faz ser menor. Pelo contrário, suas produções agregaram e vão continuar agregando de uma forma única e impactante jamais vista no cenário. Para sempre, Avicii.