Big Room “antiquado” de W&W passa pela América do Sul como um furacão – quais lições esse sucesso deixa para a cena?

Se você está chegando nos 30 anos, seu auge na música eletrônica passou necessariamente pela era de ouro do Big Room – erroneamente chamado de EDM – e por tudo o que essa sonoridade ofereceu na primeira metade da década passada. Dos filhos deste momento, pouca gente se manteve leal e não precisou pivotar seu trabalho para um melhor encaixe na rota do lucro. 

A dupla W&W, bem como outros poucos, seguem resistentes à suposta vergonha imposta àqueles que gostam do Big Room e suas derivações. Certamente existe muito mais gente que segue adorando o sentimento de êxtase e festa que esse tipo de track promove, mas os novos costumes do que é ‘cool’, ‘moderno’ ou “”””bom””” faz com que seja difícil bancar a ideia é tocar mesmo assim. 

W&W e KSHMR são exemplos nítidos dos moicanos que escolheram resistir, e me permito dizer que o primeiro – a dupla de irmãos – é o projeto que mais escancara seu foda-se garrafal à modernidade. Eles seguem remixando sucessos do rock com drops pesados com aquele mesmo padrão sonoro de 2013, bem como seguem tocando seus clássicos sem mover uma nota do lugar – e que bom!

Como se pode notar nos vídeos desse carrossel, há uma enorme predileção do público, de sobremaneira o dos centros periféricos, por um pouco de flashback, um pouco de memória afetiva, de diversão. Cantar letras fáceis, melodias inconfundíveis e onomatopeias cujos gritos promovem acordes. Essa mistura de sensações é um combo de alegria genuína, e NADA tem de errado.

Esse panorama não é único, existe label party nacional dedicada aos sons clássicos do Big Room, e já mira sua segunda edição, provando sucesso junto ao povo brasileiro. A demanda está aí, altamente represada pela força do melódico, do fenômeno Afterlife e suas consequências, ou dos sons introspectivos. Existe uma parcela de gente querendo pular enquanto cantarola lembranças.

O mercado nacional pode absorver mais, como parece ter escolhido fazer o Tomorrowland Brasil, e como podem optar inúmeras outras festas. O último ponto dessa conversa é entender que nenhuma vertente é ruim, o que muda é o gosto de quem está falando. É muito negativo quando alguém se sente à vontade para depreciar o que o outro faz. Seria muito melhor que pudéssemos admirar o sucesso, venha ele de onde vier.

E que cenas como essas acontecessem cada dia mais. A música é alegria em todas as suas formas.

Redator-Chefe