Não falamos aqui de um projeto que seguiu o caminho padrão rumo ao sucesso e à notoriedade. É senso comum que, na cena da música eletrônica, os passos são lentos e graduais até que os shows se somem, os streams cresçam e a carreira evolua. Para o duo Kasablanca, que nada tem de comum, a trajetória foi especialmente ímpar. E, para provar o que dizemos, o fato: o segundo show de do projeto será em São Paulo, no reconhecível e ousado evento BOMA. Sendo que a primeira aparição do duo foi numa das mais icônicas casas de shows dos EUA, o Red Rocks.
O projeto da BOMA surgiu em 2018 e de lá para cá já realizou 3 eventos e uma série de conteúdos audiovisuais que chamam a atenção. Uma breve mas muito particular trajetória. Desde que surgiu a identidade visual da marca deixou claro que a plataforma queria fazer parte e refletir um estilo de vida, muito além do que algumas ótimas horas de ótima música. Realizado em locais inusitados em meio a capital financeira do Brasil, é uma festa que reúne talentos globais, nacionais e uma pitada generosa de novas experiências.
Nesse sentido, o evento veio para sua nova edição com um comunicado incomum, que era oferecer a venda de ingressos sem que fosse divulgada a série de nomes que comporiam a noite de apresentações. Ciente de que seus consumidores são leais à causa e confiam na curadoria caprichosa, a BOMA criou um mistério que só se desfaz agora, com o anúncio do duo Kasablanca como sua primeira atração.
Mas quem é Kasablanca?
Sabe-se pouco sobre eles, afinal, eles não mostram suas identidades, além de que são dois jovens produtores e DJs que chocaram o mundo através da música. O primeiro grande fato notável da carreira do projeto é que eles “apareceram” já com a chancela da Armada, uma das mais representativas labels do mercado mundial. Não muito depois, foram recebendo suportes dos maiores players da cena, que tocavam suas obras em lives, em sets e apresentações – a maioria delas digitais, afinal, isso tudo aconteceu em meio à pandemia.
Passando pelos vários hits que foram tomando proporções globais por conta de seu próprio talento e pelo auxílio de outros grandes nomes que foram propagando o evangelho de uma dupla que ninguém sequer viu, mas que já admira ostensivamente. Veio, então, um EP chamado “Humam Learning”, uma sequência de tracks que mesclam o Melodic Techno e levadas progressivas, e que foi exaltada por sua qualidade – com méritos.
Lane 8 e Vintage Culture + Kasablanca
Entre os nomes jovens e proeminentes da música eletrônica mundial, Lane 8 e Vintage Culture, ao menos na visão desse texto, são líderes inquestionáveis, donos de numerosas redes de fãs e fenômenos de venda. Não à toa, eles são responsáveis por boa parte das canções que se tornam hits. De olho no talento do projeto Kasablanca, eles não deixaram passar a chance de uma collab, mas cada um à sua maneira.
O californiano Lane 8, ainda em 2020, uniu-se ao duo para uma colaboração de grande impacto pro universo dos sons melódicos. Intitulada como “Run”, a track rapidamente ganhou versões e foi aderida em massa pela crescente e evidente legião do melódico, que só faz evoluir, dia a dia. O valor de mercado do americano conferiu ao Kasablanca ares mais ‘concretos’, saindo do universo online para ganhar as rádios e radio-shows.
Lukas Ruiz, o principal expoente brasileiro, não tardou a mirar o impacto do duo e também tomou para si uma parte dessa ascensão. Em seu projeto de radio show para a Insomniac, ele apresentou um spoiler de seu remix para “Hold Me Close” do Kasablanca, deixando claro ao mundo e ao mercado que o trabalho do duo tem a chancela do Brasil, nas mãos daquele que pode fazer disso um grande “lifestyle”. Os recados de mercado estão se somando e dando ao Kasablanca o status de hit.
Hit na rede, novidade no palco
Ao passo que tomaram para si toda essa aura, eles não tiveram vivência de palco. Com apenas um show na carreira, o projeto ficou dedicado ao mundo disponível para eles, que conquistaram notabilidade quando os palcos estavam fechados. Agora, em São Paulo, na BOMA, no dia 27 de novembro, eles dão o passo inaugural nesse novo momento de suas vidas e carreira. E não poderia haver match maior entre artista e venue. Identidade, audiovisual, curadoria, ousadia e inovação – eles compartilham dessas ideias.
A BOMA gosta de ir além, como você já leu mais cedo por aqui. Não se basta nos padrões, isso nunca foi seu hábito. Enamorado pelos cuidados com as construções em vídeo, em imagem, nas redes e nos palcos, trata-se de um projeto de música que versa também sobre modo de viver. E é justamente com essas mesmas bases que o Kasablanca tem, basta ver sua logomarca, um 90’ com cara de futurista.
Agora, eles se unem. O evento que bota sua edição na rua e não conta quem vai tocar, porque confia no seu consumidor e em sua capacidade de criar momentos. O projeto que vem ao Brasil para colocar sua face à prova, numa cidade cosmopolita e numa venue que é capaz de emprestar lealdade e verdade ao seu show. O encontro está marcado e vai acontecer. Não estar presente será um erro que você não deve cometer.