Eles não eram amigos de infância, tampouco tinham uma relação familiar. Cada um com sua história e trajetória, Rafael e Lauro foram cruzar caminhos já depois que a música havia tomado um lugar muito importante na vida de ambos. De encontros casuais em eventos e uma admiração mútua a parceiros de vida e de projeto. Lado a lado, eles formaram o Breaking Beattz.
Eu tinha um projeto no qual produzia Electro House chamado ‘Unity’, e o Lauro tinha um projeto chamado ‘Xandrax’. A gente se conhecia disso. Sempre achei o Lauro um puta produtor, ele seguiu sozinho com o projeto e eu sempre o chamava para tocar nos meus eventos. Como estávamos vivendo momentos parecidos e com a sensação de que a gente precisava de fazer algo novo, a gente resolveu unir forças para alguma coisa diferente”.
E que caminhada. Ao longo de 7 anos, o projeto cresceu e tomou forma, se desenvolveu e ganhou a companhia de uma legião de fãs. Expoentes do Tech House e figuras irrefutáveis das pistas mais quentes e agitadas do mundo, o duo entrou para o seleto grupo de projetos brasileiros capazes de fazer uma multidão feliz e também de produzir um álbum autoral, cheio de identidade e colaborações. Por isso, conheça “Hott Boyz”, o mais novo trabalho do Breaking Beatz que marca a carreira da dupla.
Como estávamos vivendo momentos parecidos com a sensação de que a gente precisava de fazer algo novo, a gente resolveu unir as forças para fazer alguma coisa diferente. Buscamos uma sonoridade, planejamos e deu super certo. Mas a gente não era tão próximo antes da gente ter um projeto. A história da nossa amizade foi ficar mais forte mesmo junto com a caminhada do projeto”.
Eles também celebram muito o fato de conseguirem colocar em pé um produto tão extenso e especial sem ter uma assinatura de labels gigantes:
Conseguir fazer isso de forma independente também é muito importante, já que fizemos todo o trabalho junto de pessoas extremamente competentes que trabalham com a gente, sem elas o álbum não ia existir e nossa história nunca ia acontecer”.
Um sonho, um álbum
Tudo começou na pandemia. Como a gente estava com muito tempo livre, conseguimos fazer muita música. Por mais que a pausa trouxesse muita coisa complicada, como parar de tocar, a falta de perspectiva, falta de festa, essa parte criativa foi muito boa e a gente conseguiu fazer várias coisas, e quando a gente parou para ver, já tinha muita música e que tinha tudo a ver com a gente!”, contou Lauro.
Em consonância, as duas mentes do projeto são unânimes em explicar sobre a ideia de produzir algo especial.
Vamos fazer um álbum, com capa diferente, tudo diferente. E ao contrário de álbuns que tem muitas histórias, aqui tudo foi feito pensando em ser diferente e mostrar o jeito ‘Breaking Beattz’. Até para quem não conhece, quando for escutar, vai falar ‘Isso é diferente’ por causa da nossa identidade escrachada. Criar o álbum também foi uma alternativa de nos conectarmos de forma verdadeira com nossos fãs. Tanto que agora a nossa intenção é soltar um álbum por ano”.
Inspirações de criança
A primeira vez que eu vi um artista lançando um álbum, da época que a gente começou e do nosso pedaço, foi o Pedrinho, Illusionize, e achei do caralho, uma parada gigante. E eu sempre achei muito massa e isso nos inspirou, já que a gente ficou naquela de ‘vamos fazer também’, mas claro que com outros estilos”, contou Zocrato.
A inspiração de Rafael Zocrato, que Lauro também viveu, é resultado de influências que vêm dos mais diversos espectros da músicas, afinal, quem nunca teve aquele álbum tão especial?
Tem altos álbuns históricos que gostamos, também, como do Nirvana, Linkin Park… e foram os álbuns que marcaram, de lembrar da capa do álbum, das músicas favoritas, de tudo. Então, é muito massa você também conseguir fazer isso! E a gente planejou isso nos mínimos detalhes”.
Som de pista, sem pista
O nosso som é totalmente da pista e a gente fez o álbum sem pista. Ele foi feito para a galera, mas, de certa forma, é pra gente também. Ele simboliza a história de tudo”, desabafa Lauro.
O nosso som é pra pista, sons de festa. Na minha opinião, eles não são tão fáceis assim de qualquer pessoa colocar no carro e escutar, se não tiver um vídeo muito foda da pista explodindo com ele, fica mais difícil de trabalhar. Realmente é um desafio!”, completou Zocrato.
Mas qual seria a graça de produzir algo tão grandioso sem desafios? Eles acreditaram que o trabalho bem feito, lançado num bom momento, teria muitas chances de dar certo. Com base no calendário de retorno da indústria, os adiamentos foram dando lugar às possíveis datas até que se sentiram seguros de colocar o “Hott Boyz” mundo afora.
Esse álbum é uma nova versão nossa, com olhos ao que sempre fomos, mas com amadurecimento, seja de produção, de vida, de tudo. Acho que o Breaking Beattz está vivendo o melhor momento, essa é a nossa melhor versão em todos os aspectos”, finalizou Lauro.
Sonhos e realizações
Conceber um projeto de uma vida durante um dos piores períodos pelos quais o mundo passou é o tipo de percalço que faz qualquer pessoa pensar se vale, de fato, a pena seguir.
E foi essa dificuldade toda que fortaleceu a equipe que cuidou e cuida com tanta dedicação dos meninos do Breaking Beattz, que não deixam de celebrar o time que os acompanha e como essa jornada foi bonita, intensa e extremamente desafiadora, em vários níveis de vida e trabalho.
Esse período de pandemia deu um tempo maior de criação de música e de planejamento de outras coisas que, dentro da nossa rotina, que a gente estava tendo, de uma média 100 shows por ano, estavam deixadas de lado. Se você não tiver uma equipe muito grande pra te ajudar a se planejar, é complicado. Mas acabou que nesse momento a gente teve uma reformulação de muita coisa, desde pessoas que estão trabalhando com a gente, até pensamentos pessoais mesmo, posicionamento, opiniões, e tempo de trabalhar o processo criativo. Eu acho que o resultado disso é esse álbum”, detalhou Zocrato.
Track a track, na visão de quem produziu:
Daby Brive – O Lauro é muito fã de filmes, e viu um que se chamava “Baby Drive”. No filme, o personagem principal tinha mania de gravar tudo que as pessoas falavam para poder fazer uma música depois.
Show You – Tem uma música que gostamos de fazer, é como se fosse uma prova, um teste para nós, então a “Show You” é muito mais técnica.
Bubblegum – Uma track que é muito simples, ela tem uma linhazinha de baixo com algumas variações e é chiclete, que foi para ser viciante mesmo, que a gente fez assim.
Guud Gurls – É uma das que foram lançadas durante a pandemia, que foi de certa forma desperdiçada. Se a gente tivesse lançado num período não epidêmico, seria um hit.
No Shame – Foi feita em collab com o Daft Hill, um cara com o qual temos muita intimidade. Ele mandou a ideia do som pra gente, gostamos muito do vocal e misturamos com algumas coisas, inclusive elementos de outras subvertentes.
Bad for Me – Fizemos com o Dankless, duo de BH, meninos fãs da gente desde sempre, somos bem amigos mesmo e é muito bom a gente conseguir alguém próximo de BH, que gente dá suporte não só pelo business, mas pela amizade, também. A parada flui.
Halos – Gostamos demais desse single. É legal a gente tentar sempre algo novo, mostrar que estamos evoluindo, mas mostrando referências que vão dar uma sensação nostálgica na galera. E de certa forma vamos conseguir reciclar alguns hits, como é esse caso.
Hott Boyz – É o carro chefe do álbum, é nome do álbum e é um som muito na nossa essência que, em termos de construção de música, estilo de timbres, de tudo, é a agressividade da bassline.