Sair da curva, inovar no estilo e estar em constante pesquisa para montar um som único é algo que faz com que artistas se destaquem no mercado, não só da música eletrônica. É por isso que mapeamos diariamente a cena eletrônica: para encontrar talentos que precisam ser evidenciados, como é o caso do escolhido para capa da #VibezMag 005.
Multi-instrumentista e produtor, Francisco é nome por trás do projeto Nuzb, que há cerca de 1 ano resolveu dar novos ares à sua carreira e, desde então, vem atraindo a nossa atenção. Nuzb se viu envolvido pelo cenário musical logo na sua infância, e pode ser considerado, por nós, um artista completo que você precisa acompanhar. E para conhecer mais sobre ele, confira essa entrevista exclusiva com o dono do #NUZBass!
Vamos começar falando sobre o seu início no cenário eletrônico. O que originalmente te levou a entrar no mundo da produção musical e quais foram algumas das suas maiores influências?
Nuzb: Olá #VibezMag, primeiramente, é um prazer enorme estar aqui contando um pouco da minha história pra vocês! Pra quem não me conhece meu nome é Francisco Júnior, sou músico e produtor autodidata, comecei tocando violão e teclado aos 6 anos de idade, mas a minha verdadeira paixão no mundo instrumental surgiu aos 11, quando fiz minha primeira aula de bateria.
Minha iniciação no mundo da produção de música eletrônica, na verdade, não foi diretamente com a House Music em si, e sim trabalhando com outros estilos como o Hip-Hop, Trap e a Bass Music em geral.
Me recordo bem do meu primeiro contato, eu tinha 15 anos e um grande amigo chamado “Banex” me pediu pra fazer uns beats pra ele gravar sua primeira mixtape. Eu não sabia nem por onde começar (quem diria rs) e logo ele me disse: “Cara, esse é o FL Studio, você é batera, vai tirar de letra”.
Naquele momento eu sabia que minha vida tinha sido marcada para sempre, e daí não parei mais. Minhas influências são as mais variadas possíveis, mas eu destaco algumas que carrego comigo de uma forma especial: Banda Black Rio, Jamiroquai, Di Melo, Kanye West, Lil Wayne, The Black Eyed Peas, Tim Maia, Gilberto Gil, Flume, Skrillex, RL Grime, Jamie Jones, Chris Lake, dentre tantos outros nomes que marcaram minha vida.
De onde surgiu a paixão pelo bass, que é tão característico do seu som. E quais elementos que você tenta manter em todas as suas produções para se manter fiel ao seu #NUZBass?
Nuzb: A paixão pelo Bass veio da minha veia Trap Music, que é muito baseada nos sons do TR-808, esse clássico rhythm composer que marcou várias gerações de produtores pelo seu som único e, claro, pelos seus potentes Sub Kicks “808”. Posso afirmar que é um caminho sem volta gostar desses timbres (risos).
Eu sou ao mesmo tempo apegado e desapegado na hora de produzir, às vezes repito o mesmo kick em algumas tracks, outrora snares, hats, basses, mas o que fica mesmo em absolutamente todas as minhas tracks é a essência que com o passar do tempo e com o amadurecimento da minha forma de enxergar a música, eu passei a empregar cada uma das influências sem medo e pudor, a fim de procurar uma fórmula única que me diferencie, uma assinatura. Alguns dizem ser a “gotinha”, uma brincadeira que virou minha marca registrada e a galera se identifica muito (que bom! Rs).
Não sou muito adepto à repetição de elementos-chave como os timbres dos drops, mas gosto de repetir samples que ajudam a manter a essência NUZB em cada track de uma forma singular.
Sabemos que vocês está numa fase nova da sua carreira, e gostaríamos que você nos contasse mais sobre isso, e como funciona seu processo criativo.
Nuzb: Eu vim do interior de Minas, há pouco mais de um ano eu aterrissei em Belo Horizonte e de lá pra cá muita coisa mudou na minha vida, mesmo com esse ano de 2019 sendo o melhor da minha carreira, eu optei por continuar focado nas produções e seguir aperfeiçoando meu som, então o que eu posso dizer é que essa nova fase da minha carreira se resume a levar o ouvinte a uma experiência sonora completamente diferente de tudo o que há na nossa cena atual, somando elementos do Tech, Bass e Deep House, cada vez mais apurada, com mais classe e com muitas vibez!
Meu processo criativo é muito engraçado, às vezes eu já acordo com uma ideia na cabeça, já levanto como quem estivesse atrasado pro trabalho e sentado ali em frente ao meu mac, eu fico por horas trabalhando incessantemente até ter uma ideia boa nas mãos. Dentro desse processo não há muitas regras, sabe?
Eu acho que o artista tem que se sentir livre para conseguir produzir em alto nível, mas uma das coisas que eu gosto muito é de começar as minhas tracks pelo primeiro Breakdown, o que, no meu ponto de vista, carrega mais emoção pros drops, uma vez que a energia criada, principalmente pela tensão do Build Up, te leva a ter mais critério na hora de criar o Drop.
Podemos dizer que os brasileiros ainda estão descobrindo a bass music. Como você encara esse desafio de levar algo fora da curva para o público?
Nuzb: Me sinto muito honrado por ter um som que é considerado “fora da curva”, é uma responsabilidade e tanta. O Brasil é um país tropical e que naturalmente se encaixa no perfil de uma sonoridade mais leve, dançante e divertida, mas de alguns anos pra cá a coisa tem mudado muito e se criou um espaço legal para a galera adepta da Bass Music, principalmente aos que se adaptaram à “sonoridade brasileira”, ou seja, com mais groove. Eu encaro esse desafio como um dos maiores – se não o maior – da minha carreira: criar um nicho, uma audiência que curte meu som e isso, verdadeiramente, não é fácil.
Ao longo dos anos tive a consciência de que meu som era muito diferente do que o público estava habituado nas pistas e isso só me motivou a aperfeiçoá-lo, estudá-lo e ir em direção de um som que soasse “fresh” e que ao mesmo tempo agradasse os ouvidos já acostumados com o, hoje famigerado, “Brazilian Bass”.
Uma coisa que aprendi é que não adianta forçar algo novo e que não está completamente pronto para o público, isso desgasta o artista, desgasta seu som e às vezes até o torna facilmente descartável. É preciso criar algo sólido e consistente para que se atinja não só os ouvidos, mas os corações das pessoas. É um desafio divertido trazer algo novo e eu me considero completamente pronto para lidar com este, enjoy the #NUZBass (risos).
Sobra algum tempo pra curtir com os amigos e ver um Netflix? O que você costuma fazer no seu tempo livre?
Nuzb: Com toda a certeza! No meio dessa vida acelerada da noite, o tempo que me sobra eu sou fissurado em assistir Netflix (tem que sobrar tempo pra ficar de conchinha com a gata, né :P), dentre as minhas séries favoritas hoje eu posso citar The Walking Dead, O Escolhido e O Mecanismo.
Outra coisa que curto muito é ir para festivais, mesmo quando não toco, e não posso ver um sushi bar, Hahaha! Em alguns outros momentos livres do dia, gosto também de me expressar como designer gráfico, muitas das minhas capas de músicas e toda a minha ID Visual sou eu mesmo que faço, então eu considero mais como um hobby, um passatempo!
A maioria dos produtores têm alguns sonhos ou metas que gostariam de realizar. Se você pudesse fazer alguma coisa, o que seria?
Nuzb: Hoje eu desejo que cada vez mais pessoas se identifiquem com meu som, independente do lugar onde elas vivam ou do estilo que elas mais gostam, isso me move muito! Além disso, tocar no Ultra Music Festival em Miami, é um sonho que tenho desde que comecei minha carreira e que trabalho incansavelmente para um dia merecer estar naquele palco mágico, com certeza será um dia inesquecível, poder representar meu país em um festival deste porte.
O que o resto de 2019 pode esperar do Nuzb e quais os planos para 2020?
Nuzb: Esse ano foi um ano de consolidação da minha sonoridade e do meu ideal, e o que posso adiantar em primeira mão pra vocês é que meu Debut na Spinnin’ Records, uma das maiores Labels de Música Eletrônica do Planeta, irá acontecer ainda neste ano de 2019.
Eu não consigo expressar a minha felicidade e ansiedade por este momento, sempre foi um dos maiores sonhos da minha vida, lançar uma música nessa icônica label e finalmente está para acontecer. Então fiquem ligados que a “Lakers” que fiz em em collab com Ftampa e The Otherz vai ser lançada dia 11 de novembro!
Para 2020, eu e meu staff estamos preparando uma Tour pra desbravar esse Brasilzão, muito conteúdo legal (como uma série de masterclass no Youtube que estamos idealizando), outros debuts em importantes labels da cena mundial e collabs com grandes artistas de outros países.
Quero agradecer imensamente à #VibezMag e toda a sua equipe, em especial à Lorena Sá, por esse incrível veículo de divulgação e pelo espaço aberto para nós, artistas independentes, podermos mostrar nosso trabalho mais a fundo para quem realmente gosta de música eletrônica, nos vemos por aí, no meu estilo “Good Beatz, Even Better VIBEZ” :D!
Agora que você já sabe tudo sobre esse talento que promete muitas vibez, solte o play nesse episódio da #VibezCast 100% autoral que ele preparou pra gente: