Da engenharia civil às pistas de dança mais disputadas do mundo, a trajetória de Gabriel Veiga, o nome por trás do projeto Balanka, é marcada por viradas ousadas, autodescoberta artística e uma dedicação inabalável à música eletrônica. Natural de Teresina e residente em Belo Horizonte há mais de uma década, ele viu sua paixão pelos beats se transformar em propósito no momento exato em que a vida acadêmica e os festivais universitários se cruzaram de forma definitiva.
Foi em 2019, durante um set do Vintage Culture em um festival de atléticas de Minas Gerais, que a fagulha criativa se acendeu. Na época, Gabriel estava no oitavo período de engenharia civil, mas decidiu mudar o rumo da própria história. “Cheguei do Engenharíadas e baixei o FL Studio na mesma hora”, relembra. A imersão foi imediata. O que começou como hobby durante a pandemia virou vocação. Em 2022, veio a escolha definitiva: abandonar o curso e se dedicar integralmente à produção musical.
O primeiro projeto serviu como campo de testes. Foi ali que cometeu erros, experimentou linguagens e aprendeu na prática o que não queria ser. Já em 2023, nasce o Balanka, resultado da maturação de uma identidade artística e da consolidação de um som que se distancia do óbvio.
Balanka é a expressão artística do meu subconsciente através da psicodelia e da experimentação do que eu entendo como a minha verdade.”, define o artista.
E essa essência vem conquistando pistas e palcos internacionais. Sua sonoridade é marcada por uma assinatura que ele define como Psychedelic Bass-Driven, com linhas de baixo hipnóticas como fio condutor, inseridas em arranjos que se equilibram entre o groove, a psicodelia e a introspecção dançante.
Atualmente, tenho buscado minha própria sonoridade, de uma maneira mais profunda, através da experimentação do que eu entendo como a minha verdade e da psicodelia”, explica.
Seu mais recente lançamento, “Real Smooth”, é a expressão mais pura dessa estética. A faixa saiu pela italiana “Shout! Label”, gravadora do duo Youniverse, hoje considerada uma das 20 maiores labels de Minimal/Deep Tech do mundo pelo Beatport. A música tem ganhado força rapidamente nos charts, ocupando a posição 46 poucos dias após o lançamento, um indicativo claro do impacto crescente do projeto.
Esse reconhecimento não é isolado. Balanka já teve faixas tocadas por nomes como Michael Bibi (no Coachella), Vintage Culture, Jamie Jones, Lee Foss, Mau P, Cloonee, Acraze, Stefano Noferini, entre outros. No Brasil, DJs como Victor Lou, Brisotti, Duarte e Roddy Lima também têm incluído suas músicas nos sets, ajudando a amplificar sua presença no circuito nacional.
Além disso, seu portfólio de lançamentos inclui selos de peso como CUFF (de Amine Edge), Mood Child (Manda Moor), Box Of Cats (Kyle Watson), Issues (Detlef) e DPE (Stefano Noferini), sinalizando uma trajetória que vem sendo construída com consistência e precisão cirúrgica.
E o futuro já tem planos bem traçados. Balanka se prepara para novos lançamentos por labels como Take Notes (de Mahony), Repopulate Mars (Lee Foss) e Collecting Dots (OMRI), além de colaborações com grandes artistas internacionais. A meta é clara: manter-se nos charts do Beatport, não como um acaso, mas como um reflexo contínuo de uma proposta sonora autêntica e em expansão.
Balanka é, acima de tudo, uma história de coragem criativa. Um artista que trocou o concreto das engenharias pelo abstrato das sensações, e que agora transforma pistas de dança em território fértil para sua expressão mais verdadeira.