Como o desequilíbrio ambiental tem impactado os grandes eventos de música; iniciativas como as de Mila Journée, BLOND:ISH e MOBY podem servir de exemplo para a cena

Nos últimos anos, grandes festivais de música ao redor do mundo têm sofrido com as consequências do desequilíbrio ambiental. Eventos que antes ocorriam sem grandes intercorrências climáticas agora enfrentam temporais, enchentes e condições extremas, forçando cancelamentos, interrupções e até mudanças estruturais.

O Ultra Music Festival de Miami é um exemplo claro dessa nova realidade. Das seis últimas edições, quatro sofreram impactos severos das chuvas, algo que, no passado, não era comum nessa época do ano. Nesta edição, o evento precisou ser temporariamente fechado devido a uma tempestade, obrigando os participantes a buscarem abrigo enquanto a chuva castigava o Bayfront Park.

No Brasil, o Lollapalooza também se tornou símbolo desse novo cenário. Durante o fim de semana, uma forte tempestade acompanhada de raios obrigou a organização a interromper os shows e pausar temporariamente a entrada do público no Autódromo de Interlagos. A lama, que já se tornou uma marca do festival em dias chuvosos, transformou o ambiente, dificultando a locomoção dos frequentadores.

Outros festivais de grande porte também precisaram lidar com as condições climáticas extremas. O Tomorrowland Brasil, por exemplo, teve sua edição de 2023 impactada por chuvas torrenciais, e para 2024, a organização anunciou a contratação de um meteorologista para monitorar as condições climáticas em tempo real. O Burning Man, em Nevada, no ano de 2023, também enfrentou complicações com chuvas intensas, transformando o deserto em um lamaçal e impedindo a saída dos participantes por dias. Em 2022, o festival Awakenings, na Holanda, também sofreu os efeitos das chuvas excessivas, obrigando a adição de estruturas emergenciais para garantir a segurança do evento.

Música e meio ambiente: iniciativas que podem contribuir para a conscientização do público

Em meio a esse cenário, alguns nomes da cena da música eletrônica mundial tem encabeçado iniciativas que tem o objetivo de informar o público e contribuir com ações em prol do meio ambiente.

Há mais de uma década, a canadense BLOND:ISH realiza trabalhos dedicados a um ecossistema mais saudável. Por meio da sua gravadora ABRACADABRA e turnês ao redor do mundo, levanta uma bandeira de conscientização e de luta para a diminuição do consumo de plástico. 

A artista lidera o Bye Bye Plastic, uma iniciativa que busca eliminar totalmente a utilização de plásticos descartáveis e de uso único nos eventos de música ao vivo. A fundação foi criada em 2018 e incentiva DJs e produtores de evento a apoiarem a causa: #PlasticFreeParty. O projeto assume painéis de sustentabilidade em eventos como ADE Green, International Music Summit (IMS), entre outros, além de despertar a atenção da mídia mundial.

O norte-americano MOBY é um pioneiro em ações de música e sustentabilidade. Em 1992, lançou o álbum “Ambient”, considerado um marco na música ambiental, com sons da natureza e instrumentos eletrônicos. 

Ao longo de sua carreira, se engajou pessoalmente em ações de promoção, sustentabilidade e ecologia, fundando em 2002 a The Little Pine Foundation, uma organização sem fins lucrativos, que financia projetos de proteção animal, reflorestamento e agricultura sustentável. 

Em 2009, lançou o álbum “Wait For Me”, com letras que abordam temas como o aquecimento global, a extinção de espécies e a destruição da natureza. Além de dirigir o documentário “Earthlings”, que destacou a exploração animal em diferentes indústrias. 

No Brasil, a DJ e produtora Mila Journée encontrou uma forma de conectar sua carreira musical à preservação ambiental. Formada em biologia, recentemente anunciou uma campanha para reverter toda a receita gerada com as compras de sua faixa “Stars” no Beatport para a compra de mudas de árvores nativas. O plantio será realizado por Mila e um grupo de voluntários, como um gesto de retribuição à natureza.

Minha conexão com o meio ambiente vem de muito tempo”, conta Mila que trabalhou por oito anos desenvolvendo projetos ambientais no Rio Grande do Sul.

Agora, meu sonho é unir essas duas paixões: a música e a natureza.”

Com essa iniciativa, Mila Journée busca conscientizar o público sobre a importância da sustentabilidade e do impacto das mudanças climáticas, que já se fazem sentir nos eventos de grande porte. O objetivo é que o grupo formado pelos participantes da campanha continue se mobilizando para ações futuras de preservação ao meio ambiente.

Diante dos desafios impostos pelo desequilíbrio ambiental, iniciativas como as BLOND:ISH, MOBY e Mila mostram que a música eletrônica pode ser um catalisador de mudanças, promovendo uma maior conscientização e incentivando a busca por soluções sustentáveis. À medida que os festivais se adaptam à nova realidade climática, artistas e público também têm um papel essencial na construção de um futuro mais equilibrado entre entretenimento e meio ambiente.

Para participar da ação promovida por Mila, basta adquirir a música “Stars no Beatport, acessar o formulário oficial da campanha e enviar o comprovante de compra. Com essa ação, além de apoiar os artistas envolvidos, você também contribui diretamente para o plantio de novas árvores. Faça parte dessa iniciativa e ajude a transformar a música em impacto positivo para o meio ambiente! Acesse: https://forms.gle/dHz1ZuasGMNmu1iD9.