Olá meus caros e minhas caras, como estão? Eu vou iniciar o esse artigo com uma reflexão que para alguns pode ser um pouco incômoda, mas eu acredito ser necessária para a compreensão do nosso mercado e de como parte dele funciona nos dias de hoje.
Obviamente essa reflexão não se aplica a todo o universo e mercado fonográfico, cada nicho possui suas particularidades e peculiaridades próprias, mas o que trago aqui é algo que você pode entender, olhar para o seu nicho e adaptar para sua realidade. Vamos nessa?
Analisando o mercado
Você já percebeu que, atualmente, uma porcentagem alta dos grandes contratos do mercado fonográfico que envolvem muita grana não estão sendo assinados por artistas que são extremamente talentosos ou que tem uma musicalidade incrível? Sei que essa opinião sobre qualidade é muito particular e subjetiva, mas o ponto que observo é que os grandes contratos de hoje são de artistas que são grandes marcas (brands), ou seja, artistas que possuem uma “representatividade” dentro do nicho que eles se propõem atuar. Artistas cujas ações, músicas, vestuário, comportamento, valores etc compõem um “personagem” que se torna símbolo e referência para um determinado grupo de pessoas.
E porque que grandes marcas estão sendo tão exploradas no mercado fonográfico? Porque nos dias de hoje há uma grande competição por nossa atenção a todo momento. Se você observar bem, quase tudo hoje em dia é feito para chamar sua atenção. Enquanto você está lendo este artigo, é provável que no seu celular já tenham aparecido notificações do Whatsapp ou do Instagram, no seu computador já chegou um email e por aí vai. Somente as grandes marcas com alto poder de engajamento conseguem competir e se destacar no meio de todo esse “barulho” da vida cotidiana.
Agora o que isso tem a ver com sua carreira e seu marketing? Quando você promove a sua música na internet e nas suas redes sociais, você está botando em evidência apenas um único ponto de conexão entre você e os seus futuros fãs. É óbvio que sua música é um dos principais pontos de contato entre vocês e ela tem que ser excelente, mas ela é apenas um ponto único de conexão.
Por outro lado, as grandes marcas têm a capacidade de ter vários pontos de conexão com seu público o que as torna extremamente relevantes e dá a elas um grande poder de engajamento. As marcas promovem a conexão entre elas e seu público a partir da exposição dos valores, princípios, propósitos, pensamentos, missão etc.
Como aplicar isso na minha marca?
Então para você se tornar uma grande marca, você precisa parar de promover apenas seu “produto”, a música, e começar a promover a sua própria atmosfera, todo o seu entorno e universo de artista que te compõe. É muito mais cativante e causa muito mais engajamento quando você começa a mostrar o seu propósito para as pessoas, mostrar tudo aquilo que você acredita, sente e te motiva. Quando você faz isso, você começa a gerar mais pontos de conexão entre você e seus fãs.
Pense na seguinte imagem para ilustrar o raciocínio. Lembre de quando você foi ao mercado comprar alguma bebida embalada em uma garrafa de vidro. Por precaução você não botou essa garrafa pesada em apenas uma única sacola plástica, você a botou em duas ou mais sacolas, certo?
O paralelo que quero traçar é, essa garrafa de vidro são seus fãs, o peso que pode arrebentar as alças da sacola e puxar seus fãs para longe de você são todas as outras coisas no dia a dia que chamam a atenção dos seus fãs, e as sacolas são seus pontos de conexão entre você e fãs. Portanto, quanto mais sacolas você botar (pontos de conexão), mais segura estará essa garrafa próxima a você, não importa o peso. Espero que essa ilustração tenha feito sentido apesar de não ser ecologicamente correta (risos).
Então ainda é preciso promover a música, fazer EPs, Álbuns etc? Claro, sem sombra de dúvida, até porque um artista ou produtor sem música não é artista, é como uma empresa sem serviço ou produto. Mas muitas pessoas focam exclusivamente em só promover a música e esquecem de criar aquela atmosfera por trás, aquela aura mágica, o universo do artista e todo seu ecossistema.
Se você parar e reparar em empresas como Nike, Apple etc, marcas que não são artistas, todas elas tem uma ideia por trás, um conceito. A Nike, resumidamente, tem o conceito de honrar atletas, a Apple de pensar fora da caixa, das pessoas criativas e descoladas que criam e fazem acontecer.
E o que isso significa? Como eu eu disse anteriormente, pessoas se conectam e se sentem atraídas quando possuem algo em comum entre si. Quando este algo ou alguém ao que ou a quem estão estão conectadas compartilham de algum tipo de similaridade, seja em valores, pensamento, crença, missão, sonhos, ambição, desejos, lutas etc.
Agora esses pontos de conexão que você vai destacar não podem ser quaisquer. Eles precisam estar alinhados diretamente com sua estratégia, com seu conceito, com como você quer ser percebido pelos seus fãs e qual público você deseja atingir. Ou seja, você não deve mostrar qualquer coisa para o público, apenas aquilo que vai fortalecer o que você quer passar e a imagem que você quer construir.
Esse assunto é extremamente denso mas para não me alongar demasiadamente neste artigo que tem a proposta de incitar uma reflexão, eu sugiro que para complementar você assista esse pequeno vídeo aqui.
Espero que você tenha gostado deste artigo e caso você queira, me prontifico a conversar via inbox lá no Instagram da @nommadmedia para aprofundarmos um pouco mais o assunto.
Um abraço a todos e até breve,
Diogo O’Band.
Este texto foi escrito ao som de: Thousands of Sounds – Shingo Nakamura