O dia 22 de fevereiro certamente ficará marcado na história da música eletrônica. A partir de um comunicado audiovisual publicado no canal oficial do Daft Punk no YouTube, a dupla formada por Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter anunciou separação e deu um ponto final em cerca de 28 anos de estrada no cenário musical.
Com mais incertezas do que convicções em relação a estereótipos e afins, o duo integra a primeira prateleira do segmento eletro-musical e dispõe de uma importância que ultrapassa todo e qualquer tipo de barreira sonora.
O ponto de partida para a consolidação de Daft Punk, inicialmente na França e posteriormente em escala global, pode ser considerado a partir da propagação do House, com ênfase para o subgênero French House e a popularização de elementos de Techno-pop, Synths, Rock e Disco em um caráter único. A proposta desse um estilo singular foi o fator preponderante para que a dupla atingisse um outro grau de patamar dentro da música eletrônica.
No geral, não é preciso ir muito longe: quando você escuta poucos segundos de uma canção envolvendo Daft Punk, você sabe de quem se trata. E isso é bem nítido nas principais tracks do duo, como em “Around the World”, “Harder, Better, Faster, Stronger”, “Get Lucky”, “Lose Yourself to Dance” e “One More Time”. Essa última, inclusive, pode ser considerada uma das maiores músicas da história eletro-musical e segue sendo figurinha carimbada mesmo após 14 anos desde seu lançamento.
O tempo, a propósito, foi um dos braços que envolveram e ajudaram a protagonizar o passado de ouro proporcionado pelo fenômeno Daft Punk. Anteriormente juntos, Guy-Manuel e Thomas estão próximos de completar uma década sem oficializar um lançamento. E mesmo assim continuaram em ascensão diante da nostalgia do ponto de vista do produto e da expectativa encorpando o mistério de que eventualmente poderiam haver novidades em um ciclo predefinido.
Embora seja rotulado como repetitivo em alguns sons, Daft Punk excedeu o âmbito do clichê e apresentou uma temática revolucionária, com elementos, efeitos visuais e ornamentação em total sincronia. Por incrível que pareça, o duo proporcionou uma nova linha melódica e representou robôs que, direta ou indiretamente, quebraram o engessamento robótico de uma geração contemplada por uma monotonia sonora.
Em outras palavras, Daft Punk é uma entidade da música como um todo e merece respeito por isso, ainda que alguns, em menor proporção, tenham memória curta e não dêem o devido valor à dimensão atingida pela dupla.
O dueto esteve entre as figuras responsáveis pela propagação e consolidação da junção entre House e Pop, um dos ritmos de maior destaque no atual mundo eletro-musical. Só isso já basta. E se for além, com certeza será indispensável a formulação de uma enciclopédia.
Sem muita clareza do futuro, há as mais variadas teorias de que Daft Punk supostamente estaria preparando uma espécie de álbum de despedida ou quiçá Guy-Manuel e Thomas iriam se lançar individualmente de vez. Seja qual for o amanhã, é fundamental ter em mente que, se não existisse Daft Punk, talvez a música eletrônica não conseguiria possibilitar um estágio de pluralidade, de criatividade e de ideias anti-tendência. Ponto final.