Disclosure – Alchemy: Primeiras impressões sóbrias de um delicioso álbum que embriaga a mente

O pôr do sol já se encaminhava pro final quando o crew da Eletro Vibez decidiu ouvir o novo álbum do duo Disclosure, que já estava no nosso radar há alguns dias. Eu, que escrevo os reviews, logo recebi aquela chamadinha simpática de “ouve aí pra você escrever sobre”, mas não dei muita atenção, estava mais legal beber o copo de alguma coisa alcoólica com sabor Maracujá e seguir vendo a noite chegar na varanda do meu apartamento.

Sem notar, comecei a mexer o ombrinho, aquele que você faz involuntariamente, só sentindo o beat suave fazer carinho no corpo e levar a mente para um passeio. Me dei conta lá pra metade da jornada, que tem 37 minutos e 11 músicas, que estava muito envolvido, tomado por um som que preenche a sala, que acelera gentilmente o batimento cardíaco e que puxa na marra um sorrisinho bobo.

Confesso pra vocês que tava de mal com a vida quando me fizeram ouví-lo, mas ‘Alchemy’ é uma viagem gostosa demais para ser ignorada. Esse aqui não será um review técnico, que vai te contar minuciosamente sobre cada track e seus padrões de produção, mas é uma mensagem de amigo que te convida para dançar na sala por entre os móveis, lançar um sentimento bom e ouvir em alto e bom som o que Guy e Howard fizeram para nós.

O mais curioso é que, mesmo os menos aficionados sabem que os irmãos são reconhecidos por suas parcerias, pelas colaborações com grandes figuras do Pop, os tickets sellers, e aqui fica a primeira novidade sobre o álbum: esqueçam esse padrão, ele caiu por terra e deu espaço para brilharem lados pouco explorados do projeto, com a devida permissão para que a diretriz fosse inspiracional – em outras palavras: fazer música boa e foda-se o resto.

Fica claro, ao menos para mim, que esse é um produto feito por eles e para eles, cuja produção trouxe momentos de diversão, de curtição, um espaço criativo no qual puderam ousar, fazer coisas que podem até vender menos, mas que proporcionaram a insuportável busca pela felicidade. O que eu senti foi essa onda de liberdade, de fechar meus olhos e permitir que minha mente deslize sapatos pela pista, fazendo um gracejo com as mãos e dando uma piscadinha para alguém.

‘Alchemy’ não é só baile, é romance canalha, também. Em ‘Sun Showers’, que encaminha o final do lançamento, há uma onda mais sentimental, dando sentido ao evidente padrão de storytelling que os irmãos impuseram. Falando de forma mais clara: sabe quando ouvimos um set que parece ser uma história só, passando por altos e baixos, como uma grande peça de teatro apoteótica? É por aí. É possível percorrer 37 minutos como se fossem, exagerando, uns 8. Você flutua.

Entendo que Fred again.. seja uma influência palpável para os mais jovens – e alguém que eu amo, mas seria precipitado dizer que ‘Alchemy’ é uma referência em possíveis comparações ou lembranças, e sabem porque? Disclosure sempre esteve passos adiante de sua época, propondo novidades, introspecções e o diferente, abraçando a Bass Music. Talvez eles só precisassem da coragem em criar um álbum todinho à sua própria moda. Do jeitinho que são.

Delicioso é ver o resultado. Enquanto acabo esse texto de primeira impressões, chego ao final da minha segunda audição, infelizmente sóbrio biologicamente, mas ébrio pela brisa que essas músicas me proporcionaram. Um sol que se despede, um copo que se esvazia e uma mente envolvida são sensações gostosas demais. ‘Alchemy’ é tipo isso, só que em 37 minutos de música eletrônica.

Um brinde. Ouçam. Divirtam-se.