O relógio já se aproximava da primeira hora do dia 24 quando Pasquale Rotella anunciou, em seu perfil no Instagram, os artistas que comporão o próximo EDC Las Vegas. Entre eles, o duo Cat Dealers, que naquele momento se preparava para entrar no palco do La Otra, em Miami, na festa que leva seu próprio nome. Era o começo de mais uma noite especial deles nos Estados Unidos.
Depois de quase 2 horas de um set maduro e empolgante, que conduziu o público ao longo da madrugada, Lugui e Pedrão foram novamente reverenciados na saída do palco e celebrados pelo público, principalmente o americano, que pedia fotos e falava sobre o set. A reportagem da Eletro Vibez também teve sua conversa, mas horas mais cedo.
E não tem sido fácil encontrar com os Cat Dealers. Ao longo do mês de março, eles estrearam sua residência na Marquee, um dos maiores clubs do mundo, em Nova York, e comandaram a pista da Printworks, lendária venue de Londres. Dessa vez, tiveram minutos disponíveis no agradável camarim de La Otra, em Miami.
Label nova; sonho antigo.
A festa em que estávamos se chamava Cat House, homônimo da gravadora que os dois irmãos acabaram de criar em parceria com a One RPM. Falaram com exclusividade sobre os motivos que pautaram esse movimento tão importante pro mercado da música eletrônica.
Felizes demais por fazer uma label totalmente nossa, sempre foi um sonho ter uma plataforma para lançar nossos sons e aqueles nos quais acreditamos. Um tipo de música que podemos tocar no nosso set e usar nossa máquina para fazer acontecer. Obviamente vamos trabalhar com todo tipo de música, por ser um negócio, mas vamos lançar se gostarmos, se funcionar na nossa engrenagem. Eu diria que a prioridade é poder tocar no nosso set e combinar com nosso som.”
E engana-se quem pensa que os Cat Dealers optaram por ter uma label há pouco tempo. Lugui contou que esse sempre foi um sonho, antes mesmo do projeto ter a dimensão global que tem hoje.
Criar uma label está há muito tempo na nossa programação, é sobre saber onde ir, estar, entre coisas que sempre quisemos. Estamos aptos a esse movimento porque podemos fazer e bem feito, realmente criar e lançar nossas músicas.”
Dispostos a retribuir à cena aquilo que eles colheram através do trabalho por meio da indústria e fãs, os irmãos lembraram que muitos talentos não foram vistos e ouvidos por falta de uma oportunidade, que agora querem dar por meio da Cat House.
É sobre acreditarmos naquilo que nem todos creem, ter nossa plataforma, nossa aprovação, ajudar outras pessoas. Artistas que conhecemos e que não tiveram oportunidade e agora dar oportunidade é muito importante. Devolver o que recebemos da música.
Gravadoras em geral, assim como qualquer coisa, é negócio, que tem o lado business como prioridade. No nosso caso também é, tem que ser pra funcionar, mas, como artistas, a ideia é dar chance sem pensar só em ganhar dinheiro, pensando em coisas para retribuir. Plataforma para nós e para os outros.”
Por fim, aos jovens produtores que sonham em ter uma oportunidade e o suporte de um dos maiores projetos artísticos do Brasil, ele explicaram como pensam para a mecânica de envio de demos.
Ainda é muito cedo, não criamos um método oficial sobre envio de demos, mas vamos ter uma plataforma no site, ou mesmo com envio direito via e-mail. Nós vamos ouvir demos em busca de coisa boa. A criação da label sempre foi um projeto pessoal, feito no nosso tempo. Vamos lançar o que gostarmos, acreditarmos, sempre com calma e com tempo. Começar aos poucos, ao natural.”
Ver Cat Dealers, agora donos de uma label, é notar que música é sobre maturidade e convicção. Sobre ter em seu set músicas pop, brasileiras, do vocabulário popular, do sucesso das rádios, das criações melódicas e até das desconhecidas, sempre com a certeza de um bom trabalho. Não à toa, estão dando fichas ao redor do mundo e fazendo da América do Norte como uma grande mesa de amigos.