DOT comenta sobre seu set único e “Visceral” na 1ª edição do festival Doce Maravilha, no Rio de Janeiro

Eventos que celebram e valorizam a música popular brasileira sempre merecem o devido destaque, até porque foi a partir da história e do legado deixado por artistas das décadas passadas que muitas novas joias surgiram no nosso cenário.

O festival Doce Maravilha, que aconteceu nos dias 12 e 13 de agosto no Rio de Janeiro, na Marina da Glória, reunindo diversas estrelas da música brasileira, aconteceu justamente com esse intuito, proporcionando ao público apresentações icônicas tanto de artistas mais gabaritados, como de nomes que estão ascendendo no cenário mais recentemente, a exemplo de Alexandre Chaves, ou melhor, DOT.

Marcado por diversos shows nacionais emocionantes, o DJ e produtor teve a responsabilidade de tocar no sábado (12), dia em que também se apresentaram nomes como Maria GadúEmicidaLuedji LunaGilberto GilBaianaSystem e tantos outros.

Ele contou que preparou esse set de forma especial, pensado exclusivamente para o festival: 

Toquei só músicas em português ou com línguas africanas e foi muito irado ver como a pista comprou essa ideia e curtiu comigo até o final”, comentou o artista, que tocou na pista Gabarito.

DOT fechou a noite com um set bastante emotivo e conexo com a proposta, trazendo muitas brasilidades ao longo das mixagens — tanto que destacou algumas faixas que ele provavelmente não tocaria em um club ou em uma festa comum, mas que caíram como uma luva nesta oportunidade, a exemplo de Bob Sinclar – Zum Zum Zum (DOT Bootleg), Emanuel Jal – Kuar (Henrik Schwarz Remix), Antdot – Viagem ao Centro do Eu, Maz – Nothing on Me, Evokings – Deixa Deixa.

Posto isso, a sua presença no lineup do festival que celebrava encontros e memórias da música brasileira fez bastante sentido, já que seu DNA sonoro vem sendo construído e pautado principalmente pela presença da música brasileira ao longo de seus sets e produções.

Acho que era um caminho natural, já que eu sempre gostei tanto de música brasileira. Venho tentando incrementar isso de uma forma que eu considere original, acrescentando às produções alguns instrumentos específicos de percussão, baiana, carioca, algumas progressões de acordes muito comuns no samba. O Maz abriu muitas portas pra nós produtores brasileiros nesse sentido, ele fez um trabalho muito bom que deu muito certo e só deu força a esse movimento”, compartilha o artista. 

Inclusive, vale lembrar que no final de julho ele lançou o seu remix para “Visceral”, ao lado de Curol, faixa original de 2021 de Francisco Gil com Carlos do Complexo e Bibi Caetano, que teve seu clipe indicado ao 22º Grammy Latino. Com o remix, DOT e Curol projetaram ainda mais luz nessa faixa que já brilhava por si só, agora levando ela também para as pistas de dança.

Foi muito interessante poder revisitar esse trabalho anos depois com a Curol, uma artista talentosíssima que me convidou. Ela trouxe os primeiros sterns, aí eu contribui com mais algumas coisas, um pouco de bateria, um pouco de synth, encaixei a voz da Bibi Caetano. Esse foi um release muito pessoal, poder trabalhar com o Francisco de novo, somos amigos desde criança e apesar de já termos desenvolvido vários projetos juntos, nunca tínhamos lançado uma música juntos. O resultado final ficou muito maneiro, tenho tocado sempre e curtido muito ela”, DOT comenta. 

Para além deste importante remix, a relação de DOT com a tropicalidade nacional também foi evidenciada no seu EP Dream in Rio, lançado pela Sonido Profundo, que de forma lúdica fala justamente sobre a sua relação com a cidade maravilhosa e representa essa forte e verdadeira conexão com o país — tanto que ele decidiu voltar a morar no Brasil justamente por ser um lugar inspirador, buscando estar mais próximo das referências da MPB que sempre permearam sua vida, seja pessoal ou artística. 

Eu amo o Brasil, minha família está aqui, meus amigos também, então depois de um tempo em Berlim percebi que queria construir minha carreira aqui. Já minha relação com a MPB vem de anos, dos meus tempos de tocar violão e guitarra. Sempre estudei MPB nas aulas de canto e de piano. Tom Jobim foi muito marcante pra mim, Ari Barroso é meu favorito… com aqueles sambas de exaltação ao Rio de Janeiro, que era uma ode ao Brasil”. 

Pouco a pouco, DOT vem conquistando seu merecido espaço na música eletrônica nacional respeitando suas raízes, homenageando sua terra e evocando sentimentos e sensações em quem presencia suas performances. Vale a pena acompanhar as próximas novidades.

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