Um novo relatório que investiga os impactos das mudanças climáticas no cenário de festivais australianos conclui que o aumento de eventos climáticos extremos no país representa uma ameaça imediata ao setor de música ao vivo.

Pesquisadores descobriram que mais de 50 festivais australianos foram total ou parcialmente cancelados devido a eventos climáticos extremos, incluindo inundações, incêndios florestais, ondas de calor e tempestades, desde 2015. Apenas no mês de março deste ano, 26 eventos de música ao vivo foram cancelados em apenas uma semana devido à chegada iminente do severo ciclone tropical, Alfred.

Além dos eventos afetados, o relatório constatou que pouco mais de um terço das 1.155 pessoas entrevistadas afirmaram que o aumento de eventos climáticos extremos as tornou cautelosas na compra de ingressos, com esse total subindo para quase 45% entre os frequentadores semanais de shows. Um em cada três entrevistados afirmou que deixaria de participar de um festival se as temperaturas ultrapassarem 35 graus Celsius. Quando compareceram, 85% dos entrevistados relataram ter vivenciado o que consideraram “clima extremo” em um festival nos últimos 12 meses.

A co-autora do relatório, a socióloga da RMIT, Catherine Strong, afirma que essas mudanças nos hábitos de consumo em decorrência de eventos climáticos extremos representam um obstáculo adicional para os promotores de festivais que enfrentam custos crescentes e desafios de segurança devido ao calor ou às tempestades.

A maneira como a indústria de festivais normalmente opera depende da venda antecipada e frequente de um determinado número de ingressos”, disse Strong ao jornal britânico, The Guardian.

As pessoas agora estão se tornando cautelosas o suficiente com o clima para começar a deixar a compra de ingressos para o ponto em que podem consultar a previsão do tempo de forma significativa.”

As recomendações da Green Music Australia para abordar a questão incluem ações governamentais em ciência climática, proteção ao consumidor para portadores de ingressos e infraestrutura para festivais resiliente ao clima, como áreas sombreadas, abrigos térmicos, estações de reabastecimento de água e palcos resistentes a inundações, entre outros.