Com a música eletrônica presente em cada metro de sua criação, sob as influências familiares de seus pais, os lendários Swarup e Ekanta, Bhaskar se consolidou na cena nacional desde muito cedo. Estabelecido por aqui, criou caminhos ao redor do mundo através de sua música, construindo parcerias e conquistando apoio. Bhaskar é dono de sua história e protagonista de seu caminho, como você vai ver ao longo desse papo super especial.
Ser conhecido como o “irmão de Alok” poderia ser um impeditivo ou mesmo um peso na carreira de qualquer pessoa, mas não pra ele. Parceiro, amigo e colaborador do irmão, ele soube construir sua própria jornada, com sucessos ao redor do mundo e com o enorme respeito dos fãs de música eletrônica. Tranquilo e dedicado, ele nunca abriu mão do trabalho e agora colhe inúmeros frutos de uma vida inteira empenhado nessa atividade.
Acredito que ser irmão do Alok foi bom e foi uma pressão, também. Com certeza, ele trouxe mais olhos pra mim, mas tive que provar que não era só o irmão do Alok e fazer o meu som, o meu trabalho e convencer com a minha qualidade. Hoje, estamos em caminhos independentes mas ao mesmo tempo super unidos. Tanto profissionalmente quanto na vida pessoal”.
Da crise, uma solução
Não foi como uma pausa gradual ou uma crise se estabelecendo, mas uma pausa brusca do 100 para o 0 em questão de dias. Foi dessa maneira que Bhaskar mencionou como a pandemia influenciou no seu trabalho – e de toda a cena. Ainda assim, sua história a respeito desses tempos tão inéditos é mais sobre alegria do que sobre frustração. Aprender a projetar o futuro com menos abundância e remodelar planos foi um desafio imenso, como empreendimento, mas o lado mental trouxe muita coisa boa.
De uma pane existencial, ele conta que pôde se reencontrar com um lado seu que havia cochilado, saído de cena e fica escondido por de trás do grande nome comercial da poderosa indústria da música eletrônica:
Foi um encontro com coisas que vão além de shows, coisas que sempre tocaram meu coração e eu tive de evitar por conta da rotina muito intensa. Tive a oportunidade de rever um Bhaskar mais verdadeiro e sincero comigo, com a minha verdade”.
E essa busca por mais essência e verdade encaminhou sua vida em direção a um projeto que mudaria tudo, para sempre. Um evento que tem sua ideia, sua identidade, sua produção, sua execução e seus fãs. Ainda hoje, uma versão digital, mas com planos muito concretos de se tornar um verdadeiro evento para reunir pessoas e sentimentos, em breve.
Acredito que a mudança criada em 2021 foi uma soma de fatores. Com a pandemia, o mercado ficou ainda mais digital, então foquei em criar bons conteúdos pra galera em casa – o Follow The Sun foi um exemplo. Mas também acredito que se deve ao meu momento musical. Encontrei uma identidade, tanto nos lançamentos quanto nos sets que fiz que a galera se identificou e comprou o barulho. Produzir um espaço e uma festa para falar disso, mostrar meu trabalho sem me preocupar com o mercado, com toda a circunstância da indústria”.
Surge o Follow The Sun
Com liberdade editorial, me permito, na função de redator e entrevistador, contar pra vocês sobre o que as linhas não falariam. Fosse apenas aspas de Bhaskar, você certamente não poderia ver o que eu vi. Ao falar sobre o projeto Follow The Sun, os olhos do nosso personagem brilharam como ainda não tinha acontecido no longo papo que tivemos. Sorriso aberto, gosto por lembrar, prazer ao explicar e muita esperança ao projetar o que vem adiante. Trata-se de algo muito especial pra ele.
Em uma breve comparação, ele lembrou da Só Track Boa. Porque? Identidade. Um local no qual as pessoas vão entregues, vão pelo sentimento, pela verdades dos artistas que lá estarão. E isso é motivo de orgulho para Bhaskar, que lembra de estar no comando de um projeto que frutifica a ele sensações de plenitude. Ainda digital, ele se prepara para comandar esse ambiente especial ao vivo e a cores.
E ao lembrar do FTS, ele mencionou noites em claro, tensão, frio na barriga e muito nervosismo, justamente por estar em um ambiente sem proteções, com sua essência para jogo, seus sentimentos à mostra e sua realidade musical, além do ambiente comercial, para o mundo inteiro ver. Ele ainda comparou essas sensações com o Lollapalooza, festival super especial em sua carreira.
O LollaBR foi um divisor de águas na minha carreira, fiz o set que achei ideal pra ocasião, mas naquela época ainda me via preso à responsabilidade de bombar a pista a todo custo, tocando alguns sons que eu nem gostava tanto. Nos dias de hoje a preparação seria diferente. E, olhando para trás, sinto que passei por uma fase de me encontrar que muitos estão passando hoje, e sou muito grato de poder ter vivido tantas fases para chegar onde cheguei, tocando livre e sem pressão, no meu próprio rolê”.
Heróis e uma live especial
O caminho que mais me identifico são os artistas mainstream tocando som ‘underground’. Me inspiro bastante em caras como Flume e Camelphat. Quanto ao estilo musical, não estou muito preso a produzir só uma coisa, tem hora que sai uma coisa mais Tech House, outra mais Progressive House, mas sempre tento dar um toque mais ‘dark’ pros meus sons e melodias”.
E essa liberdade de se inspirar em seus grandes heróis, como Diplo e Skrillex, trouxe para ele a confiança necessária para produzir uma live que sempre será lembrada. Depois que o irmão, Alok, fez um show transmitido pela Rede Globo, ele entrou ao vivo de seu celular, no YouTube, para um after histórico. Sem receios, tocou aquilo que estava afim e lembra com carinho do momento.
Nesse dia, eu tive que parar a live para carregar meu celular e usar outro para poder tocar, foi tudo muito de improviso e sem preocupação. Foi tão bom que acabei ganhando algo como 80 mil seguidores durante a madrugada. Foi um start para entender que não era preciso fazer apenas o que tocam os grandes eventos, mas também o que eu gosto, o que eu sinto.”
2021 e os planos de vôo
Esse vai ser um ano de redenção pro nosso mercado. Ainda estamos parados, mas quando voltar, vai vir com força dobrada do que era antes da pandemia, e estou me preparando pra esse momento! Tudo que construí em 2020, quero evoluir em 2021 (Follow The Sun, relacionamento com marcas, produções, etc).
Quero concluir os projetos que tinha antes da quarentena, como o lançamento do meu álbum, junto com uma tour, e transformar o Follow the Sun numa festa presencial. Mas isso falando do que está sob meu alcance. Quanto ao resto, quero viver um dia de cada vez, uma conquista de cada vez”.
Por fim, Bhaskar, que é dono do seu próprio caminho, forte em suas convicções e um artista pleno, deixou um recado para quem o acompanha e incentiva a seguir fazendo sua história ser cada vez mais especial:
Queria agradecer todo o apoio que tive nessa fase difícil de pandemia. Foi essencial ver os fãs demonstrando tanto carinho pelos projetos que criamos em 2020, e podem esperar sempre uma evolução do meu trabalho. Não vou parar!”