“JOATINGA”: ianni transforma memórias de um Carnaval em um EP de 8 faixas

O Carnaval acabou de se despedir, mas algumas memórias permanecem grudadas na mente. O cheiro de mar e do asfalto quente, o movimento na orla, os bloquinhos de rua, a euforia e a melancolia que caminham lado a lado quando a festa acaba… é nesse espaço entre lembrança e realidade que ianni materializa seu novo EP, JOATINGA, lançado oficialmente dia 25 de fevereiro.

Com oito faixas, o EP constrói um arco narrativo detalhado que resgata as memórias do início ao fim das festividades de Carnaval, história vivenciada por ele há alguns anos. 

O nome do EP é por conta da Praia de Joatinga no Rio, tenho muitas lembranças de uma viagem que eu fiz pra lá com alguns amigos e isso me marcou muito”.

O EP ilustra metaforicamente desde a sua chegada no Rio até o silêncio reflexivo da ressaca pós-folia, tudo isso misturando house, funk, samba e a eletrônica de identidade brasileira que faz parte do DNA de ianni. 

A ideia é fazer com que o ouvinte se sinta nessa viagem e vivendo tudo o que aconteceu”, destaca.

A faixa de abertura, “Avenida”, traz os vocais de Veronica Carla e marca o início da viagem, onde a cidade do Rio vai se revelando aos poucos: o táxi cortando as ruas, o sol dourando a paisagem, a sensação de um Carnaval prestes a explodir. A partir daí, “Madruga na Orla” acende a noite com a promessa de um rolê sem hora para acabar, enquanto “Merengue de Morango” joga confete no ar com seu groove cheio de referências ao soul, disco e à música popular brasileira. A voz é de Analu, que canta “O Rio de Janeiro continua lindo”, frase da icônica música “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil.

No coração do EP vem “PENARÊ”, que traz a inserção do samba, e “VIA EXPRESSA”, com vários elementos de percussão característicos brasileiros. As duas capturam os extremos da experiência: o êxtase puro do domingo de Carnaval e o caos absoluto de quem se perdeu no bloco, sem bateria e sem rumo, só querendo chegar em casa. Já “12 Dias Antes” tem elementos sampleados de Ana Mazzotti e o clima muda para um respiro nostálgico — aquela certeza de que o fim se aproxima, mas ainda há momentos a serem vividos. 

“Imbica”, ft. Joni, resgata a sonoridade das ruas, com timbres de funk carioca e paulista, além de elementos do volt mix, gênero do funk popular no Rio nos anos 2000. Carrega 100% uma atmosfera de rua e a malandragem dela. Por fim, “Sacada” fecha o ciclo, como um epílogo tranquilo depois do furacão, onde só resta observar o pôr do sol e aceitar que a festa acabou — mas com o sentimento de paz tomado pelo corpo.

Além do conceito afiado, a estética visual do projeto também merece destaque. A capa do EP faz uma releitura do icônico álbum “Marcos Valle” (1970), com direção de imagem de Sicolino e direção criativa e cenografia de Lut Corrales — um detalhe que reforça a conexão do trabalho com a tradição musical brasileira.

No geral, JOATINGA é um relato sincero de excessos, surpresas e sentimentos contraditórios que atravessam a folia do Carnaval, e demonstra como ianni consegue traduzir suas vivências em música com um olhar único, costurando narrativas que fogem do óbvio. Tanto que isso já o levou até selos como Nervous e Moon Harbour — mas sem dúvidas, tudo isso ainda é só o começo. 

Siga ianni no Instagram