Dois nomes que reúnem trabalhos consistentes na cena eletrônica brasileira, Meca e Nezello se encontram pela primeira vez em estúdio para lançar o EP “Corre”. As duas faixas chegam com exclusividade pela alemã Watergate Records, uma das gravadoras mais respeitadas do circuito global.

Com vocais marcantes de Jéssica Gaspar – a mesma voz por trás do hit “Brisa”, de Maz e Antdot – na faixa-título, o projeto entrega uma fusão cativante de afro house, timbres orgânicos e elementos melódicos com potencial para ecoar mundo afora. Ouça aqui!

“Na ‘Corre’, a nossa ideia foi justamente criar algo que unisse de forma clara nossas identidades musicais”, conta Meca.

Eu tenho uma pegada mais voltada para o melodic house, enquanto o Nezello vai mais pelo afro house, então buscamos um equilíbrio que respeitasse as nossas essências, mas que também soasse fresco e diferente do que temos visto no afro ultimamente.”

Para Nezello, a intenção era:

construir uma faixa que tivesse alma, personalidade e impacto – algo que emocionasse, mas também tivesse força de pista”.

A colaboração com Jéssica Gaspar também aconteceu de forma espontânea e certeira.

O Nezello já havia trabalhado com ela em outra faixa e sobrou exatamente os vocais da ‘Corre’. Quando estávamos desenvolvendo a faixa, ele me mostrou os vocais e caíram como uma luva para o que a gente queria transmitir”, relembra Meca. Nezello completa: “A entrada dos vocais da Jéssica aconteceu no momento certo e trouxe um peso emocional que completou tudo o que queríamos apresentar”.

“Corre” é uma viagem sonora que une a levada tribal à textura melódica. Dessa vez, com letras mais simples e foco no instrumental, a faixa se volta para o clímax rítmico e a atmosfera sensível.

Ela é sobre intensidade, sobre atravessar o agora com coragem”, diz Nezello.

Já a segunda faixa, “Opendoors”, entrega uma pegada mais fresca e dançante, guiada por pianos marcantes e linhas de house com personalidade – uma combinação que amplia as possibilidades do EP e mostra o encaixe criativo entre os dois artistas.

As duas faixas se complementam e mostram que dá pra explorar nuances diferentes sem perder o fio condutor que é a nossa essência”, ele resume.

Conheço o Nezello há anos, mas curiosamente nunca tínhamos falado em colaborar até pouco tempo atrás”, revela Meca. “Um dia, trocando ideia, ele me mandou uma primeira ideia da ‘Corre’, e a partir daí tudo fluiu naturalmente. Depois veio ‘Opendoors’, que teve uma referência mais house, trazendo um piano pra faixa, seguindo com as percussões afro. Os feedbacks foram muito positivos, tanto da galera quanto de DJs que testaram as faixas antes do lançamento.”

Nezello complementa:

Essa collab abriu um novo ciclo. Já temos outras faixas em andamento e também vêm aí remixes de nomes renomados mundialmente, que vão dar novos contornos para o que criamos.”

Em seu segundo trabalho junto à label alemã, Meca é um nome consolidado nacional e internacionalmente. Dono de colaborações com artistas como Vintage Culture, Bhaskar e Todd Terry, e de hits como “Tina”, “Little Woman” e “Butterflies”, ele já lançou por selos como Defected, Solotoko e Higher Ground.

Criador da gravadora Abyssal Deep e da festa Euphonica, também soma passagens por festivais como Tomorrowland, Lollapalooza Brasil, Rock in Rio e Só Track Boa, além de clubs como Hï Ibiza, Warung e Laroc Club. Seu som combina precisão técnica, emoção melódica e forte apelo para as pistas.

Nezello, por sua vez, é um dos DJs mais atuantes de Santa Catarina, tem se destacado por sets densos e imersivos que transitam entre o house e o techno, sempre com uma base rítmica orgânica e tribal. Fundador da Seas, núcleo independente do sul do Brasil que agora também atua como gravadora, Nezello já se apresentou em grandes clubes do país e realizou uma turnê pela Oceania, construindo um som autoral que chama atenção pela autenticidade e conexão com a pista.

Lançar por uma label como a Watergate é, sem dúvida, um passo importante”, afirma ele. “É uma validação artística de um som que vem sendo construído com cuidado e propósito.”

Para Meca, fazer parte do catálogo da Watergate também é um marco.

Quero tocar em novas pistas, me conectar com diferentes públicos e ter novos desafios. Lançar por gravadoras internacionais, como a Watergate, é uma forma de alcançar espaços onde talvez eu não chegaria só com o meu alcance atual”, afirma. “Essas plataformas ajudam a difundir meu som para cenas diferentes, abrindo portas e criando conexões ao redor de diferentes países.”

O lançamento dos brasileiros pela Watergate Records representa mais do que um novo EP: é a conexão de duas trajetórias artísticas potentes com uma gravadora que simboliza excelência e curadoria refinada na música eletrônica. Parte do legado do lendário club Watergate, em Berlim, o selo é responsável por revelar e consolidar alguns dos maiores talentos da cena mundial.

O anúncio do encerramento do club em 2024 torna esse momento ainda mais especial: estar em seu catálogo é deixar uma marca em uma das histórias mais emblemáticas da dance music europeia.

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