Não quero voltar pro Tomorrowland

Acho que foi a última vez. Não dá pra viver isso mais vezes, sentir e reviver esses momentos. As memórias ficam, mas cada vez mais a sensação mais forte que me surge é a de last dance.

Me pergunto desde a queima de fogos da noite passada se vale a pena estar em um lugar que parece não existir, mesmo estando lá. Como explicar pra quem nunca veio, o porquê temos tantos lapsos de emoção?

O fato é que o Tomorrowland aluga um triplex na cabeça de qualquer um. Lá, a gente tem experiências de um mundo que não é real dos portões pra fora, não existe tanta cumplicidade, tanto respeito e tanta gente em paz ao mesmo tempo. Sentir-se respeitado é um artigo raro.

Sabe o julgamento constante que está no nosso dia a dia? Ele não se manifesta no festival. A música é fascinante, mas é só um detalhe diante do ecossistema, que envolve a tranquilidade, o acolhimento e uma beleza visual que as imagens da televisão não representam.

Os fogos iluminam o céu e a nossa sensação é de descolamento, de um eu que já assistiu aquilo tantas vezes por uma live e que está enfim presente testemunhando. O sentimento é de satisfação plena, de poder abrir uma porta entre desejo e realização.

Não sei até que ponto vale a pena saber que agora conheço e que o digital não vai mais bastar. Os oito passos pra direita e pra esquerda são uma filmagem legal, né? Te convido a participar, abraçado com desconhecidos, e ser parte do registro. 

Se foi minha última vez, eu não sei, mas voltar agora é um peso a se carregar.