Em 2020, completam-se quase duas décadas desde a inclusão do movimento progressivo na música eletrônica. O Progressivo ou Progressive, do inglês, funciona da seguinte maneira: imagine um aparecimento gradual, progressivo, de elementos que entram lentamente na música, um por um, gerando uma sensação crescente, de expectativa e euforia para que se crie uma grande “história”, sabe? É do mesmo jeito que rola no Pop Progressivo e no Rock Progressivo.
Nos anos 90, as raves eram dominadas pelos estilos como o Trance e Techno, que eram conhecidos por suas batidas rápidas, os famosos High BPM, mas o processo foi alterado quando os DJs passaram a introduzir melodias, e trouxeram grooves e BPMs desacelerados às suas faixas, resultando em um som mais reflexivo, envolvente, que logo foi denominado por Progressive.
Na real, entretanto, com o passar do tempo, quem dominou o cenário foram os estilos “comerciais”, aqueles dos palcos principais dos festivais, que, em sua grande maioria, possuem uma produção sem muita técnica e melodia. São músicas voltadas ao único momento de resposta do público: a folia do drop.
E é aqui que mora uma questão a se pensar: muitas vezes é possível perceber que um artista é mais valorizado não por sua técnica e produção, mas sim pelo que ele consegue proporcionar em momentos de euforia. Pelo modo com que ele gera êxtase no público, por todo o controle dessa explosão.
Então, pense você aí: por que a música progressiva, tão bem construída, não é tão difundida e endeusada como as comerciais?
Para te ajudar, veja a situação que presenciamos: em um grande festival, após um set de um DJ que mixou com muita sabedoria, muito Trap, Trance e Bass, BPM lá nas alturas e com cerca de quatro drops por sequência de música, o palco ficou entregue para Eric Prydz e toda sua progressividade, mas o lendário DJ viu a multidão se dissipar em poucos minutos. Por quê?
E apesar do set indiscutível e impecável, Eric, em bate papo com o time Eletro Vibez, logo após o final do set, perguntou com alguma tristeza:
“O set estava bom mesmo? Acho que não consegui segurar bem a pista!”
O que fica claro é que o artista precisa se dividir entre trazer algo fora da curva ou agradar o público. Neste caso, Prydz, como sempre, optou por nos brindar com um set imersivo durante o qual apenas os verdadeiros apreciadores da sua produção se mantiveram para prestigiá-lo.
O que queremos levantar aqui é a “mudança de hábito” e falta de conhecimento do público. Não é que não possamos ou não devamos gostar do som comercial, mas o papo é sobre conhecer outros sons e saber dar o devido valor. Devemos valorizar e contribuir com a popularização de um som de qualidade, para que os verdadeiros artistas sejam reconhecidos.
O Progressive está voltando à tona, forte e cheio de disposição, tomando novos cenários como o do Techno através de artistas como Yotto, Guy J e Hernan Cattaneo. Eles voltaram a ter muita visibilidade e artistas de outros estilos migraram para o Progressivo, como Cristoph e ARTBAT. Eric Prydz, referência do gênero, vem expandindo ainda mais o movimento ao investir na produção de shows com hologramas e muita imersão entre música e visuais!
Depois de tantos altos e baixos, o Progressive, apesar de vir marcando presença no line-up de grandes festivais, ainda precisa angariar muitos adeptos ao movimento. Recuperar fôlego pelo mundo para poder se expandir de forma definitiva e irreversível.
E aí, você tem ainda alguma dúvida de que o progressive é um som diferenciado e cheio de técnica que merece ser apreciado? E se você quiser conhecer mais desse produto, solta o play nesse set épico de Eric Prydz: