Skrillex aproveitou 2021 para retomar aquele velho e bom ritmo de lançamentos que nos habituamos a vê-lo cumprir. O recomeço foi em 2020 com “Kliptown Empyrean”, um lançamento inesperado após 5 anos de hiato.
Ele ainda aproveitou para estrear seu canal na Twitch para fazer lives e arrecadar fundos e ajudar no combate ao COVID. E, apesar da pausa como o projeto Jack Ü e com lançamentos oficiais, Skrillex continuou produzindo músicas com grandes artistas, como Lady Gaga e Justin Bieber.
Ao longo de mais de uma década, Skrillex conquistou o mundo junto a uma legião de fãs, quebrou barreiras jamais imaginadas para o Dubstep, lançou o gênero aos holofotes do mainstream, e ainda criou o Brostep, seu próprio subgênero da música.
Ele foi o precursor desse estilo por anos e anos, e surpreendeu o mundo com seus últimos lançamentos que fogem totalmente do que conhecíamos. Se dar satisfação aos fãs de que sua música estava para mudar, a novidade impactou negativamente algumas pessoas, mas será que ele precisava mesmo avisar?
O retorno triunfal
A tão aguardada volta veio com direito ao lançamento de 3 tracks, quase que seguidas: “Butterflies”, “Too Bizarre” e “Supersonic (My Existence)”.
“Butterflies” seguiu um caminho voltado para o Electro Pop, enquanto “Too Bizarre” explorou uma sonoridade Punk Rock, no estilo Machine Gun Kelly, blackbear, Modsun, entre outros; e “Supersonic” já é um som mais experimental, podendo ser enquadrado no estilo Hyperpop, um movimento musical emergente que vem ganhando cada vez mais força.
Embora a maioria dos fãs tenham apreciado a extrema qualidade e produção das tracks, muitas pessoas se frustraram por serem estilos desconhecidos e não “soarem como Skrillex”.
Então, o que “soa como Skrillex”?
Se estivermos apenas relacionando seu “som” com seus trabalhos anteriores, então, sim, essas músicas não soam como ele. Mas se é ele quem está produzindo, isso já não é “soar como Skrillex”? Skrillex não está sozinho neste fenômeno de mudança de sons e trazendo novas influências para um projeto.
Vimos, recentemente, Porter Robinson lançar seu segundo álbum, Nurture, um material muito mais pessoal e menos eletrônico em comparação com sua obra de 2014, Worlds. Calvin Harris foi de Motion para Funk Wav Bounces; Zedd foi de Clarity para True Colors; Flux Pavilion também mudou drasticamente seu som em seu último álbum “.wav” e falamos sobre esta mudança aqui; e não podemos esquecer também do San Holo, que inclusive rebateu o questionamento de um fã sobre a mudança utilizando a letra de uma das músicas de seu último álbum: “VOCÊ MUDOU, EU MUDEI, NÃO É O MESMO!”
Todos mudam!
Skrillex lançou o seu primeiro álbum de estúdio em 2014, já parou pra pensar o quanto você mudou desde lá? O quanto as pessoas, a sociedade e as relações mudaram?
A cultura, de qualquer que seja o grupo de pessoas, é construída a partir da relação e interação entre indivíduos os quais estão sujeitos a constantes mudanças, e é isso que torna uma cultura viva, rica e em constante mudança.
Sendo assim, se faz difícil concordar com a ideia de que a identidade e sonoridade de um artista possam ser uma entidade fixa e acabada, uma vez que ela é resultado das complexas interações e mudanças que ocorrem na vida da pessoa e em toda cena ao seu redor.
Principalmente em meio a pandemia, muitas coisas mudaram e as pessoas tiveram muito mais tempo para sentar e levar em conta quem são, o que querem fazer e onde querem estar no futuro, e com Skrillex, com certeza, não foi diferente. Exigir de um artista que ele mantenha a mesma postura de 10 anos atrás é uma ideia completamente equivocada e que ignora todas essas transformações.
Que tal abrir a cabeça para o novo, sentar e curtir o som do artista que você tanto gosta? Você mudou, eu mudei, nada é pra sempre, nunca é mais do mesmo!