img eletro vibez cena underground sao paulo Carlos Capslock
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O verdadeiro cenário “Underground” paulistano

Muito se fala sobre o underground mas como vimos nos eventos anteriores aqui, isso fica apenas na proposta, pois a realidade é de eventos e clubs com grandes produções, grandes públicos, grandes atrações e ingressos não tão acessíveis assim.

MAS, entretanto, porém e contudo, não se pode esquecer que a cena Underground paulistana respira e grita, a plenos pulmões por entre os becos da grande selva de pedra.

Mesmo com a popularização do Techno, os coletivos realmente undergrounds e independentes existem e resistem, com muita força e fiéis aos seus ideais e críticas político-sociais.

E isso nos deixa muito felizes, pois existem pessoas e núcleos que ainda lutam para manter de pé os alicerces e toda essa essência do Techno, como as emblemáticas Vampire Haus, Sangra Muta, Blum, Techno Route, Distrito, P r e t o, CALDO, até as que são mais populares mas que serviram de muita inspiração como Mamba Negra, ODD e a Carlos Capslock, essa que agora já em janeiro de 2019 fez anos de vida, mais precisamente, 8 anos de história.

E já que era para comemorar, a Capslock já apagou as velinhas e começou o ano com o pé direito, fazendo um festão de respeito que trouxe diversos nomes da cena local assim como seus idealizadores e residentes Tessuto e L_cio, o alemão ícone do techno, Sebastian Voigt, que levou todos para passear (e dançar) em sua vibe berlinense, além de dois nomes bem conhecidos entre os brasileiros, Gui Boratto, que conduziu a festa com toda sutileza artística até que a também “Made in Brazil” ANNA tomasse a pista com todo seu carisma feminino e som brutal, com graves que tremiam as paredes como um terremoto.

https://www.facebook.com/techno.abc404/videos/606550793195822/

Além dos muitos coletivos aqui citados, um deles nos chamou a atenção por ser relativamente novo, mas que já chegou mostrando muita personalidade e que vale acompanhar de perto, o GASque tivemos a oportunidade de bater um papo com a Letícia Magalhães, que faz parte da produção e curadoria, e nos contou mais sobre eles, suas propostas e objetivos.

Criado por Ivan Franco, em meados de Setembro de 2018, o GAS, deixa muito claro que seu objetivo é disseminar, democratizar, e diversificar o techno convencional e a cultura de rua, missão essa que já lhes renderam seu primeiro evento de rua, realizado no dia 09 de fevereiro deste ano, que arrastou cerca de quatrocentas pessoas! Isso mesmo que você leu, 400 pessoas para a Rua 07 de Abril, na República, abalando as estruturas do centro de São Paulo.

https://www.facebook.com/techno.abc404/videos/1973780466250382/

Além disso, o time do GAS também tem como objetivo seguir avançando na pesquisa contemporânea, sem desconsiderar as referências históricas, atentos às mutações futuras e miscigenações sonoras locais e regionais, buscando novos pesquisadores e produtores musicais, apresentando isso de forma ainda gratuita, contornando as dificuldades de recursos de produção pra isso acontecer, uma verdadeira democratização da cultura do Techno.

Aproveitando o assunto de “cultura do techno”, perguntamos para a Letícia como eles enxergam o atual cenário “underground/de rua” e o que observaram de mudança, evoluções:

“Sabemos que de alguns anos pra cá a cena paulistana e de algumas outras capitais brasileiras têm sido revolucionária com a cultura eletrônica, incentivando e ampliando a informação, pesquisa, produção e comportamento principalmente devido à acessibilidade com as festas de rua e galpão. E como é perceptível que os núcleos são um pouco fechados em suas estéticas e círculos de artistas, a gente quer tentar fazer nossa parte nessa história com o espectro do techno que a gente gosta, trazendo mais artistas pra tocar e estimulando a produção local”

Muito satisfeita com o crescimento do cenário do Techno e também com o número de pessoas que compareceram no primeiro dos eventos do GAS, Letícia já nos deixa ansiosos para uma próxima edição, que ainda não tem data definida mas que retorna muito em breve. “Nosso intuito é explorar lugares que representem nossa sonoridade, paisagens abstratas e industriais, locais abandonados, ou até com muito movimento, mas que conversem com a nossa identidade e ajudem a criar uma atmosfera densa para a pista.”, completa.

Obrigado Letícia e toda equipe do GAS pelo carinho, desejamos vida longa aos projetos e ideais de vocês, vida longa à nossa música, à resistência Clubber, aos technos de rua e galpões desativados, vida longa à nossa cultura e a diversidade!

Texto por Techno ABC