No último episódio, falamos sobre o que faz um videomaker, e na entrevista de hoje vamos falar sobre o que faz um fotógrafo; parece óbvio, mas não é. A Curol vai falar sobre as experiências e descobertas que fez com a fotografia em shows e festivais trabalhando tanto com artistas do low BPM quanto do high BPM.
Curol, as pessoas acham que é meio óbvia a função de um fotógrafo, então eu queria saber: o que não é nada óbvio nessa profissão? O que você só descobriu na prática e queria que alguém tivesse te contado antes?
Curol: O glamour sempre é ovacionado, mas as noites sem dormir, as entregas instantâneas e os cuidados especiais (bebidas, lasers) com equipamento em eventos não se enquadram no mesmo lifestyle de quem fotografa casamento, eventos infantis ou faz ensaios diurnos (risos).
Como você ingressou na fotografia de artistas e festivais?
Curol: Eu comecei fotografando eventos da Season Bookings. O Max Grillo era sócio da agência, me indicava para vários artistas ela. Maioria deles de psytrance. Na época, eram pacotes, que ficavam viáveis se 3 ou mais fechassem.
O mesmo Max me indicou para trabalhar exclusivamente com o Alok, e a partir de 2014 fizemos alguns outros trabalhos. Gostei da ideia de acompanhar apenas um artista em cada gig.
Quando saber a hora de fazer o click certo?
Curol: A música diz por si só. A interpretação do contexto dos elementos nos faz preparar previamente o click. Exemplo: o momento certo de pegar fogos ou efeitos geralmente é na hora do drop. Para pegar mãos pra cima, é antes do drop, e olhos fechados, durante alguma melodia.
Como começar a trabalhar com grandes artistas?
Curol: Primeiro de tudo (e em qualquer aspecto), ser profissional. Ter postura, respeito e evitar agir fora do contexto da função de fotógrafo. Ser humilde e paciente.
E quais foram suas maiores lições trabalhando no mercado de música eletrônica?
Curol: Ficar longe de polêmicas. Guardar informações a serem lançadas. Evitar dar ênfase para situações negativas de terceiros. Identificar o perfil do contratante, e fazer além do briefing. Não me frustrar com expectativas geradas pelos outros.
Hoje, com tanta informação, num mundo de filtros e presets, qual é o maior desafio na fotografia? Como se profissionalizar ainda mais?
Curol: Posso responder essa com propriedade. Demorei anos para chegar na minha identidade. E filtros e presets prontos não vão ajudar nisso.
O segredo é construir do 0, até o ponto que as pessoas vejam aquela foto e saibam que é sua, mesmo sem logo. E o feeling da captação também faz muita diferença. A espontaneidade é o segredo.
Buscar uma identidade própria e algum diferencial em comum em todas as fotos é o caminho para se profissionalizar. E claro, não se prostituir no mercado. Porque nem o próprio contratante irá respeitar futuramente.
E um conselho para esse momento de quarentena?
Curol: Estude, pratique e estude. O YouTube tem todos os conteúdos gratuitos para aprender mais e mais.
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E aí, curtiu entender mais sobre essa profissão dentro da cena eletrônica? A Curol começou com a fotografia e hoje também é produtora musical e, inclusive, conversou com a gente sobre essa nova etapa, aqui.
E se você tem interesse em saber mais sobre outras profissões, fique de olho, pois semanalmente irei trazer convidados especiais para você, querido leitor, ficar por dentro das vibez que rolam off the stage!
Texto por Jade Cohen