Assim como a música, a parte visual também é essencial na hora de uma apresentação. Enquanto o DJ é responsável pela parte musical, o VJ trabalha o visual na tela (muitas vezes atrás do DJ) manipulando as imagens em sincronia com o som, estimulando o público a se envolver mais com a pista e a música! Para explicar mais sobre o que faz um VJ, convidamos André Ayres, que faz parte do time Cat Dealers, para contar um pouco mais sobre essa profissão!
Pra começar, conta pra gente com suas palavras, o que faz um VJ?
André Ayres: O VJ é responsável por sincronizar os vídeos exibidos nos painéis de LED, ou através de projetores, com a música tocada. Ele trabalha junto do iluminador para criar atmosferas visuais no show que representem os sentimentos das tracks. Além disso, ele faz o mapping, que é o enquadramento dos conteúdos visuais do artista em uma determinada disposição de painéis de LED ou área de projeção.
Conta brevemente a tua história e como se envolveu com nessa profissão?
André Ayres: Meu interesse pelas artes visuais começou através da animação 2D. Sempre fui apaixonado por desenhar e desde cedo fazia pequenas animações a mão. Somente na faculdade tive contato com a animação 3D. Estudei “Animação e Efeitos Visuais” na Academy of Art University, de San Francisco. Depois de formado trabalhei por 2 anos no departamento de efeitos visuais da Band, criando aberturas de quadros e programas. Foi uma ótima experiência, mas não tinha a liberdade criativa que buscava. Em 2017, o Cat Dealers me chamou para criar conteúdos para seus shows.
E o trabalho com o Cat Dealers? Como isso começou?
André Ayres: Sou amigo de infância do Pedrão e do Lugui. Quando eles decidiram criar o projeto Cat Dealers, me chamaram para desenhar o logo. Depois disso, enquanto eles ainda escondiam a identidade, participava inserindo as “cabeças de gato” sobre os rostos deles nas fotos.
Conforme a carreira do Cat evoluiu, surgiu também a necessidade de ter animações (loops) nos telões para acompanhar os shows. Criei uma série de loops PBs e com o gatinho mascote do projeto. Nosso estilo visual era bem diferente nessa época. Mais tarde, o Cat montou uma equipe completa para preparar o show nas turnês. Nesse momento entrei como o VJ.
Como funciona a parte de criação dos projetos?
André Ayres: Os Cats se sentam no estúdio comigo e com o John Okazaki, nosso iluminador. Fazemos um brainstorm ouvindo as tracks e definimos uma paleta de cor que será predominante tanto na iluminação quanto na animação usada no show.
Depois debatemos sobre o sentimento que a track provoca e como podemos traduzi-los visualmente. Para as tracks principais criamos pequenas narrativas, que apresento para os Cats em forma de storyboard. Recebido o feedback deles, eu depois crio as cenas em programas como o Cinema 4D e After Effects.
E a operação na hora do show?
André Ayres: Sempre começa com uma visita técnica ao venue. Eu, o John e o nosso produtor Rodrigo Vieits chegamos mais cedo na cidade do show para assegurar que todos os quesitos técnicos estão dentro do nosso padrão, ainda na montagem do evento.
Muitos dos problemas que poderiam ocorrer durante o show resolvemos nessa visita. Então, a hora do show costuma ser a mais prazerosa, até porque ensaiamos e programamos muito de antemão.
Uma dica pra quem deseja seguir na profissão?
André Ayres: Muita disposição para enfrentar os perrengues nas montagens de evento, dormindo pouco e trabalhando em horários não convencionais. Nessas horas é preciso ter foco, mas tudo compensa mais tarde quando você vê a reação positiva do público, ainda mais em um grande festival.
E o que não pode faltar em um VJ?
André Ayres: Na parte artística, eu diria sensibilidade para interpretar a track e o apelo visual que o DJ/artista está tentando passar. Na parte técnica, o VJ tem que saber trabalhar como um elemento dentro do show, que complemente e não ofusque os outros elementos como luz e FX. Também é importante saber se adaptar às diferentes disposições de painéis de LED e projeções que encontramos na estrada.
Tem algum software ou curso que indicaria para quem quer começar na área?
André Ayres: Os softwares que recomendo são Resolume Arena e MadMapper, para aprender video mapping; After Effects e Cinema 4D, para criação de conteúdo. A VJ University oferece master classes com grandes VJs do Brasil.
E aí, curtiu entender mais sobre essa profissão da cena eletrônica? Comente! E, se você tem interesse em saber mais sobre outras profissões, não desgruda da Eletro Vibez!
Texto por Jade Cohen