É comum que não liguemos de imediato o universo da música, e da música eletrônica, aos conceitos do meio ambiente – e o cuidado com ele. Para que a gente entenda o presente e adeque o futuro, o passado entrega as melhores lições.
Em 1969, no encontro do universo Rock e hippie, em Woodstock, nos Estados Unidos, toneladas de lixo foram lançadas sobre o solo gramado e bonito do evento. Roupas, dejetos, plásticos, comidas, e até barracas. 50 anos depois, a aparência do espaço é digna de cinema, mas alguns pesquisadores resolveram olhar com mais profundidade.
Descobriram, então, que havia uma camada de resquícios daquele lixo todo que o tempo, a chuva e o sol fizeram questão de esconder. E por esconder não entenda resolver, afinal, o problema está lá. Os prejuízos ambientais, ainda mais. O passar de meio século não foi suficiente e, entenda, nunca será. Esse é o grande mal.
Com o retorno dos eventos e de toda a indústria do entretenimento, é preciso olhar pro presente e achar, de fato, soluções que corroborem às belas ideias que vinham surgindo e a todo o pensamento sustentável. Não à toa, Glastonbury, no Reino Unido, já não usa plástico desde 2017, quando passou a usar predominantemente recipientes de alumínio.
Caso te soe exagerada a preocupação, um dado: festivais nos Estados Unidos, como o Coachella ou o EDC, produzem algo como 100 toneladas de lixo por dia. Na Europa, por exemplo, produz-se cerca de 24 mil toneladas ao longo de um ano – quase 80 boeings 747 lotados até as tampas. Você, na sua casa, produz menos de 1 tonelada ao ano.
Entende o tamanho disso?
As empresas já pensam em soluções, sim. A Live Nation, gigante do entretenimento, os festivais do Reino Unido e alguns da Europa, tem o compromisso de, até o final deste ano, estarem livres de vez dos polímeros. Não basta o uso de biodegradáveis, mas de toda uma operação prévia, durante e após eventos para que o lixo, de fato, seja processado.
Há, inclusive, boas ideias em progresso. Recipientes que mais se parecem com ‘peles’, que podem ser consumidas ou apenas descartadas para uma decomposição – não prejudicial, que não dura 10 dias. É uma lógica de uso consciente e inovador, mas que demanda testes e escalonamentos industriais para sustentar eventos monstruosos.
Ainda assim, cabe a nós.
Por mais que a indústria se culpe e se movimente, a real é que nós temos culpa em tudo. Dá pra fazer mais e fazer melhor. Cuidar do seu consumo, evitar o desperdício, não jogar as coisas ao solo como se houvesse um exército de pessoas apenas para recolher o que você não descartou do jeito correto. Até há, sabemos, mas não precisa haver de nossa parte tanta negligência.
Se a gente ajuda, as coisas melhoram. Se a gente se atenta, as soluções aumentam. Bora usar o dia pra pensar e no futuro para praticar. O meio ambiente não é uma causa nobre, é um assunto de vida. Ou morte.