Não é de hoje que as lives ou transmissões ao vivo são ferramentas para conectar profissionais com seus consumidores, e na situação atual, se tornaram uma das melhores saídas para os profissionais envolvidos com eventos, produções e afins driblarem a atual crise em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Entre os principais exemplos recentes da utilização do método online, Robin Schulz irá realizar, neste domingo, a abertura da final do principal campeonato de League of Legends da Europa. Martin Garrix, por outro lado, participou da festa do Big Brother Brasil ocorrida nesta sexta-feira.
Mas o que ambos os casos possuem em comum? Adaptação a atual realidade e interesse em manter as carreiras em ênfase musical. Afinal, quem não é visto, não é lembrado. Dessa maneira, outros DJs brasileiros também estão embarcando nas oportunidades que o atual mercado da música eletrônica está proporcionando.
Nas principais referências locais temos Vintage Culture realizando aparições em diferentes cômodos de sua casa, com algumas temáticas mais antigas. Illusionize mantendo o grave em dia quase que diariamente. KVSH e Liu “tirando alguns bons coelhos da cartola” para transmitirem seus diversificados sons ao público.
Além do mais, existem inúmeros outros representantes que também estão pulando de ponta no “novo” segmento, como Zuffo e Mochackk, que ficaram em torno de 24 horas ao vivo.
No geral, as lives servem como objetos de consolação para artistas que não podem estar em contato físico com o público, mas pode entreter o cenário de uma forma eficaz, principalmente do ponto de vista digital. No caso, a partir delas é possível impulsionar o engajamento em visualizações, comentários, likes, seguidores e, em alguns casos específicos, até mesmo obter uma renda extra. Mas será que todos esses ganhos, em diferentes plataformas online, são mais importantes neste momento?
Em pouco mais de um mês de quarentena, houve diversas performances que, provavelmente, não seriam vistas se o cenário eletro-musical estivesse rotineiramente normal. Remixes de músicas clássicas, estilos musicais que pouco aparecem devido ao baixo apelo do público, e fuga do denominado “comercial”: ao todo é uma demonstração clara de técnica e repertório usualmente não vista em performances mais humanizadas.
Portanto, as lives são chances de vivenciar a música eletrônica com liberdade, sem a cobrança, teoricamente, de ter que expor e divulgar sons autorais. Por incrível que pareça, é por meio delas que o público pode reverenciar a verdadeira face do DJ. E isso está longe de ser algo negativo. Quanto mais “real” o som de um artista for, melhor será para todos os envolvidos, incluindo o próprio produtor.
Sendo assim, felizmente, o próprio cenário que criou os estereótipos de rotular as “saídas da curva” como ruim, agora parece enxergar os erros cometidos no passado e aposta na liberdade musical como forma de seguir em frente diante de um dos momentos mais difíceis da história da música eletrônica.