Te convido para expandir o nosso raciocínio sobre os line-ups escalados para os eventos aos quais comparecemos – os pequenos e os gigantes. Nem sempre eles vêm do jeito que esperávamos, com os nomes que queríamos. A frustração é natural e digna, faz parte do processo, mas é nesse momento que começamos a errar.
Na ânsia de manifestar que a expectativa não foi atendida, vamos direto à manifestação severa contra o evento, mas direcionamos, intencional ou involuntariamente, críticas duras contra os artistas que nada tem a ver com a discussão. Profissionais, eles são contratados para esse trabalho e farão o melhor possível para entregar.
Nessa hora, batemos a mão pesada contra eles, chamando de “horroroso”, “fraco”, “péssimo”, “ridículo” – até um “nojento”, eu li. Entendo que a ideia é expor insatisfação ao evento, mas vocês percebem para onde vai essa palavra? Temos o direito total de fazer críticas a alguém após vê-lo em sua função, mas antes? Não conhecer não é alvará para ridicularizar.
O xingamento pelo xingamento diz mais sobre nós, sobre nossas frustrações, do que sobre uma lista de artistas que tentam um lugar ao sol com o que tem de melhor, dando a vida para “dar certo”. Ainda há aquela categoria das lendas, figuras mais velhas, consagradas, que a internet ainda não conhece, mas que se julga capaz de desmerecer.
Sendo mais claro sobre o caso The Town: o lindo palco New Dance Order ficou num lugar horroroso, com uma pista que nos fez dançar em itálico, longe de tudo e de todos, cheio de erros, mas os artista que lá estiveram não merecem as palavras pesadas que receberam, de graça, só como rebatida das merecidas críticas que o festival recebeu.
Acredito muito que possamos pensar um pouco a mais sobre isso, todos os dias, para que as manifestações sejam objetivas, sejam bem direcionadas e não venham ferir gente que só quer trabalhar bem, provar valor e mostrar serviço. Nossos ídolos já tocaram como ilustres desconhecidos, e nem por isso eram ruins.