Olá meus caros e minhas caras, como estão? Espero que todos estejam bem. Um tópico que está bastante em alta nas últimas semanas quando o assunto é marketing, divulgação, redes sociais e afins é a mudança das diretrizes do Facebook que se tornará efetiva a partir do dia 1 de outubro de 2020.
Um porta-voz da rede social declarou a NME que:
Você não poderá usar vídeos em nossos produtos para criar uma experiência auditiva. Queremos que você tenha a possibilidade de curtir vídeos postados pela sua família e amigos. No entanto, se você usar seus vídeos em nossos produtos para criar uma experiência auditiva para você ou para outros, seus vídeos serão bloqueados e sua página, perfil ou grupo poderão ser deletados. Isso inclui Lives.”
Pois é, o impacto dessa declaração foi profundo uma vez que com o andamento da pandemia, uma solução que os artistas vinham encontrando para continuar em contato com seus fãs, mostrar seu trabalho e até ganhar dinheiro era através de Lives.
Por conta da reverberação do que foi dito pelo Facebook, a plataforma se prontificou a esclarecer as informações. Para caráter desta matéria e sua dinâmica, me dei a liberdade de traduzir alguns pontos importantes do esclarecimento, mas se você quiser ler na íntegra o que foi dito, aqui está o link da matéria feita pela Loudwire de onde recolhi essas informações.
“Nós queremos encorajar a expressão musical em nossas plataformas ao mesmo tempo que asseguramos o cumprimento de nossos acordos com os detentores dos direitos. Esses acordos ajudam a proteger os artistas, compositores e parceiros que são a base da comunidade musical[…].
Como parte de nossos contratos de licenciamento, existem limitações quanto à quantidade de música gravada que pode ser incluída em transmissões ao vivo ou vídeos […]. Músicas em stories e apresentações tradicionais de música ao vivo (por exemplo, filmar um artista ou banda tocando ao vivo) são permitidas. Quanto maior o número de trilhas gravadas em um vídeo, maior a probabilidade de ele ser limitado[…].
Clipes mais curtos de música são recomendados. Sempre deve haver um componente visual em seu vídeo; o áudio gravado não deve ser o objetivo principal do vídeo.”
Kevin Breuner, vice-presidente da CD Baby esclareceu ainda mais em um post o que as diretrizes querem dizer. Aqui segue a tradução do que foi dito por ele:
Essas políticas estão em vigor desde 2018, mas o que eles estão tentando fazer é esclarecer o que entendem por “experiência auditiva”. Basicamente, o Facebook não quer que os usuários tentem transformar a plataforma em Spotify ou YouTube Music, onde você abre e pressiona o play, e esquece do que está acontecendo. Eles querem conteúdo em que as pessoas estejam ativamente engajadas, assistindo, comentando e compartilhando. Por exemplo:
1. Você não pode postar um vídeo somente com a arte da faixa (imagem da capa do álbum com música tocando).
2. Você não pode postar um vídeo com uma imagem estática e música tocando (como uma imagem pacífica da natureza com música). Portanto, seu vídeo DEVE ter componente visual como objeto principal. Contudo!
3. Você não pode encadear vários videoclipes (mesmo se eles tiverem movimento) para criar uma experiência do tipo playlist.
4. Você não pode iniciar uma transmissão ao vivo do FB e apenas transmitir sua música por meio dele como se fosse o Spotify. É uma plataforma social e eles querem mantê-la social.”
Tendo esclarecido todos estes pontos que estavam gerando muita confusão e ansiedade na comunidade musical, vamos agora abordar o impacto que isso poderá gerar em sua carreira. A abordagem que quero fazer vai se dividir em dois pontos principais, um mais prático e outro que permeia uma atmosfera de mentalidade e estratégia.
Análise prática
Começando pelo primeiro ponto, o mais prático, vamos deixar algo claro aqui. Tanto o Facebook, quanto o Youtube, Twitter, TikTok, Snapchat etc são empresas enormes, e como toda grande empresa eles são norteados para lucrar e satisfazer seus acionistas, executivos, etc.
Tendo isso em mente, é fácil deduzir que as ações executadas por essas empresas, suas decisões estratégicas e diretrizes serão norteadas para satisfazer a essas pessoas e não necessariamente para satisfazer a um grupo de usuários destas plataformas. Sei que parece estranho, mas aquilo que gera lucro para uma empresa não necessariamente está alinhado com o que alguns de seus usuários querem.
Portanto, é provável que alguns dos movimentos destas plataformas sociais venham a prejudicar o plano de divulgação, marketing, branding etc dos artistas, sejam esses movimentos o de diminuição da distribuição orgânica, encarecimento dos anúncios ou bloqueio de lives.
Então, na prática, o que realmente fazer para diminuir esses impactos negativos? A primeira ação que eu sugiro é buscar plataformas que sejam mais amigáveis com relação aos seus interesses. Por exemplo, se o Facebook e seus produtos estão dificultando sua vida para fazer lives e interagir com seus fãs, quais outras plataformas você pode pensar em usar para fazer esse tipo de ação? Existem diversas outras, sem dúvida.
Análise estratégica
O segundo ponto que quero abordar tange a idéia de não criar dependência de uma plataforma. Como vimos, os executivos das grandes plataformas tomam decisões que podem não estar alinhadas da melhor maneira com aquilo que seria bom para sua carreira, portanto, se fazer independente dessas plataformas se torna algo importante de se executar.
Mas como ficar independente das maiores plataformas do mundo, Diogo? A minha visão é a seguinte, primeiro você precisa entregar tanto valor para seus fãs em suas redes sociais, fazer tanta diferença na vida deles e transformar a sua carreira em uma marca tão importante para os fãs que, independente da plataforma da moda no momento, essas pessoas vão te procurar lá. Independente de onde você estiver, eles gostam tanto de você que eles vão te procurar.
Quem não lembra de algum(a) artista que você era fã quando mais novo e, agora, depois de anos você foi buscar ele(a) nos Instagram ou Youtube para saber como anda a carreira dele(a)? A ideia é essa, entregar valor e gerar uma conexão tão forte que independente de onde você estiver, seus fãs de verdade vão lá te procurar e vão te achar.
O segundo ponto é, você precisa “tirar” seus fãs dessas plataformas e levar para um lugar que você controla, seja um fórum no seu site, uma lista de email, um grupo no Whatsapp, Telegram etc. Algum lugar que você controla a distribuição de informação e não vai ficar dependendo de algoritmos.
Faça isso por duas razões principais, a primeira é para não ficar à mercê das plataformas e seus movimentos, e a segunda é que o fã quer conteúdo exclusivo, algo que os seguidores e curiosos “normais” não têm acesso. Mas como fazer isso e como levar os fãs para um lugar exclusivo é tema para outro artigo. Espero que tenham gostado,
Diogo O’Band.
Este texto foi escrito ao som de: Time to Save – Monocule a.k.a. Nicky Romero, Tim Van Werd e Mosimann