Sea Star Festival lineup
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Quantas vezes são eles. E elas? Uma reflexão sobre as mulheres na cena Eletrônica

Em quantos shows delas você foi? Quantas delas fazem parte dos seus cinco DJs preferidos? A música que você mais ama foi feita por uma garota? E a festa que você quer ir, é produzida por uma mulher? O staff daquele seu artista predileto é composto de mulheres? As gravadoras, os rolês, a cena inteira, por que ela não é igualitária?

Faça o exercício aí na sua casa. Pare e pense. Quantas vezes, em quantos lugares, em quais momentos. Mulher paga menos, ou às vezes nem paga para estar em uma festa. Por quê?

A honestidade intelectual não vai te permitir achar que é um ato benevolente dos organizadores do evento. É um preconceito estrutural que foge aos olhos menos atentos. Elas podem estar, e devem estar, nos pickups, no bar, na pista, no VIP, no geral, no lugar onde elas desejarem estar, sempre. Mas, essa facilidade disposta a elas em muitos eventos, nada mais é do que um ato machista de usar a imagem feminina para atrair o público, principalmente masculino.

O empoderamento feminino não tem que ficar no Twitter, na hashtag, no post bonitinho ou na camiseta de estampa reativa. Tem que ser na prática. Na igualdade de chances, no salário justo, igual, correto. Tem que ser com a DJ sendo uma figura nobre da cena. Nem mais. Nem menos. Sendo DJ. Sendo manager. Sendo um ser humano valorizado pelo seu trabalho.

Você, mulher que lê, pensa: você é homem. Sim, chefiado por uma mulher. Que tem uma equipe de mulheres. Que entrevistou a cena inteira -de homens-, que rodou o mundo nos festivais que todos aqui queremos ir. Ela é a exceção que precisa ser regra. Esse projeto é a curva errada que precisa ser a correta. Ele é a inspiração pra todas e todos, que não escolhe gênero, que vive por competência. 

A justiça não enxerga. Ela precisa ser equidistante. Você aí, eu aqui, todos precisamos fazer um pouco a mais para ajudar. Para impedir os maus exemplos. Para celebrar as Lorenas, Annas, Nervos, Alices. As mulheres que sobrevivem na cena. Que dominam o espaço. Que precisa de multiplicação. Para cada espaço, uma pessoa que tenha as competências necessárias, sem cor, tamanho, orientação sexual ou gênero preferido.

A música nunca foi segregadora. Ela é a maior fonte de democracia, amor e afeto indiscriminado e natural. A gente se abraça sem conhecer, se ama sem ver, idolatra sem saber porquê. Não cabe aqui mais preconceito. Cabe amor, cabe respeito, cabem as melhores vibez. Cabe um grito por mais feminismo. Que, no fim de tudo, é apenas um pedido de justiça.

Que a música seja delas, não só no dia 8 de março, mas sempre.

Aproveite e celebre essas vibez ouvindo a nossa playlist composta pelo poder feminino da cena eletrônica:

Redator-Chefe