Saindo da curva: UNDERWORLD o passado e presente em um projeto atemporal

Remanescentes do movimento Synthpop dos anos 80, Karl Hyde e Rick Smith entraram na década de 90 dispostos a se tornarem uma banda de Pop Rock.

Ao retornarem à sua terra natal, porém, encontraram um Reino Unido tomado pela onda das raves e pelo início de uma nova forma de produzir e divulgar música.

A era da Dance Music moderna, influenciada pelo Techno de Derrick May e pelo House de Marshall Jefferson, começava a ditar as regras na cena local, e a inclusão de um terceiro integrante ao grupo, o jovem DJ Darren Emerson, serviu para dar ao Underworld o frescor e a aura de modernidade que o momento necessitava.

O primeiro álbum da banda, “Dubnobasswithmyheadman”, traz exatamente os elementos que os novos tempos da música almejavam, a efervescência da House Music, o lado viajante e atmosférico do Techno, guitarras bem colocadas, e os vocais melodiosos e hipnóticos de Hyde, criando uma personalidade única para a época.

A partir do segundo disco, intitulado “Second Toughest in the Infants”, o som do Underworld torna-se definido e abrangente, mantendo toda a energia e intensidade do anterior, porém, incorporando elementos do Drum & Bass, em uma contribuição clara para o amadurecimento e difusão deste gênero.

Mas foi com o single inédito, “Born Slippy”, lançado em 1995, que a banda criou um dos maiores hits do início da era progressiva do Techno, imortalizada principalmente, pela sua escolha como parte da trilha sonora do filme “Trainspotting”, do cineasta e produtor britânico, Danny Boyle.

A faixa em questão tornou-se o hino para toda uma geração, cravando seu nome na história do Techno como a sua obra mais relevante e influenciando nomes como Prodigy, The Chemical Brothers e Primal Scream.

Após todo o sucesso de “Born Slippy”, incluindo uma reedição chamada, ³“Born Slippy NUXX”, o Underworld retorna aos estúdios, e em 1999 apresenta aquela que seria a sua obra prima definitiva, o álbum “Beaucoup Fish”.

Com uma vasta combinação de sons e culturas, e navegando por estilos tão díspares quanto o Tribal, o Breakbeat, o Dream Pop e o seu já famoso, Drum & Bass, a banda nos presenteia com um disco rico em sonoridades e misturas, como pode ser notado nas faixas, “Cups”, “Push Upstairs” e “Jumbo”, só para citar as mais relevantes.

Após a saída de Darren Emerson, um período de queda em qualidade e inspiração toma conta da dupla, no qual o álbum “A Hundred Days Off”, é uma amostra clara desta fase pouco criativa, exceto por alguns raros momentos como em, “Two Months Off” e “Little Speaker”.

O lançamento da coletânea de singles “Anthology 1992-2002”, de mais uma versão para a clássica e atemporal, “Born Slippy”, e a trilha sonora para o filme “Breaking & Entering”, em colaboração com o premiado compositor libanês, Gabriel Yared, são outros exemplos do inevitável declínio criativo vivido por Hyde e Smith.

Na tentativa de reviver os bons tempos da banda, o lançamento de “Barbara, Barbara, we face a shinning future”, traz uma abordagem convincente ao reativar antigas memórias nos saudosos fãs, demonstrando que se não podemos esperar por um futuro brilhante de Karl Hyde e Rick Smith, pelo menos temos a certeza que a aposentadoria da dupla é algo distante, e ainda pode render bons frutos às próximas gerações.

O QUE TOCA?

Electronica / Electropop

TOP 3 TRACKS

Too Little Too Late (with Joris Voorn)

Scribble

Trim

SET MAIS CHEIO DE VIBEZ