Com uma discotecagem que mistura groove, sofisticação e conceito, o carioca simo not simon tem conquistado espaço como uma das vozes mais originais da cena eletrônica brasileira. Mais que um DJ ou produtor, simo é um artista que vive a house music de forma visceral – transformando vivências, memórias e referências em música, pista e experiência.
Viver a house music significa escutar e se debruçar sobre todos os estilos musicais possíveis: música clássica, blues, rock e por aí vai”, explica. “O desafio é tentar aplicar referências desses estilos em um formato voltado para as pistas de dança.”
A relação profunda com a música vem desde a infância. Ainda criança, simo foi impactado por trilhas sonoras como a de Edward Mãos de Tesoura, de Danny Elfman. No carro com a mãe, cresceu ouvindo Barry White, Bee Gees, Stevie Wonder. Depois vieram o rock’n’roll, Jimi Hendrix, Led Zeppelin – e o primeiro contato com um estúdio, ao gravar um álbum com sua antiga banda. Ali, surgiu a faísca da produção musical.
O projeto simo not simon nasceu como uma resposta artística e simbólica ao próprio nome – Simonetti – mas também como afirmação de identidade.
Foi de Simonetti para simo, de simo para simo not simon. O nome foi sugestão de um grande amigo e mentor. Gosto da brincadeira e da confusão que ele gera nas pessoas. Além disso, por ser único, quando as pessoas pesquisam nas redes, só aparece um.”
Hoje, essa identidade se desdobra em várias frentes. Uma delas é a Clover Club Records, gravadora que divide com Bauhouse, e que já lançou artistas nacionais e internacionais em ascensão. A proposta é clara: abrir espaço para músicas autênticas, com pegada alegre e groovy, inspiradas por vertentes como Disco, Soul e Funk.
Admiro muito o gosto musical do Bauhouse e considero a nossa troca extremamente frutífera”, comenta simo. “Na curadoria, buscamos algo que seja verdadeiro – música com coração.”
Outra frente essencial é a Simo All Night, sua série de festas autorais em que comanda sozinho a pista com sets que não raramente chegam a oito horas. No formato, simo se permite arriscar, criar atmosferas e mergulhar numa jornada fluida de som e emoção.
Gosto porque consigo entrar numa viagem com as músicas que escolho – e isso leva tempo”, diz. “O maior desafio é manter a pista viva pelo máximo de tempo possível. E ter coragem para arriscar.”
A coragem também se manifesta na forma como simo enxerga o sucesso. Embora tenha lançado uma faixa com o Malive pela Diynamic, label de Solomun , e visto seu som tocar em pistas do Egito às pistas do Rio, ele é cético em relação ao hype de suportes internacionais.
Ter um ídolo tocando o seu som é algo muito especial. Mas acredito que suportes são superestimados. Os trabalhos que mais impulsionaram a minha carreira foram aqueles que tinham minha identidade e o envolvimento direto do público: a Simo All Night e a Clover Club. É importante chamar a atenção das pessoas pelos seus próprios projetos e ideias, sem depender de gravadoras ou artistas externos.”
Essa visão independente vem sendo lapidada desde os tempos do Coletivo Pirajá, iniciativa que misturava eventos, arte, moda e audiovisual no Rio de Janeiro.
Foi uma escola. Me deu uma bagagem enorme como criativo e produtor. Cada vez mais, quero resgatar esse sentimento de colaboração com as pessoas. Nada se cria sozinho.”
Criar – e criar sem medo – talvez seja o grande mantra de simo.
A criatividade está em todos nós. Ela é um canal puro de conexão”, afirma. “O medo surge para barrar esse fluxo. A arte e a criação são contrárias ao medo, pois motivam a ousadia.”
É justamente essa ousadia, ancorada por sensibilidade, referências e entrega, que tem feito de simo not simon uma peça fundamental na nova fase da house music brasileira – menos genérica, mais autoral, e profundamente humana.
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