O Sonzeira, marca de música eletrônica que é label party e mídia especializada – parceiro da Eletro Vibez – mensalmente vem divulgando uma lista com os 100 DJs brasileiros mais ouvidos no Spotify. A lista é feita com base nos números de ouvintes mensais da plataforma, que, atualmente, é uma das métricas mais relevantes do mercado da música. Atualizado diariamente, sempre após meia-noite de cada dia, o ranking tem condições de parametrizar com fidelidade esses números.
Além de saber quais artistas da música eletrônica que estão em alta na plataforma, no Spotify você consegue acessar outras informações importantes, algumas delas que não estão disponíveis publicamente no Spotify, como as 50 cidades com mais ouvintes de determinado artista e as 10 maiores playlists em que cada artista foi descoberto.
O intuito da lista é fornecer um panorama geral do mercado eletrônico, principalmente mainstream, através do Spotify, e servir como um importante indicador de crescimento no streaming, tanto para os players do mercado (contratantes), quanto para os fãs de música eletrônica, terem a oportunidade de conhecer novos talentos em ascensão.
Selecionamos a métrica de Ouvintes Mensais do Spotify como parâmetro da compilação do Top 100 BR do Sonzeira pois, além de ser uma informação público e totalmente transparente, é uma das mais difíceis de ser manipulada por robôs ou técnicas de marketing mal intencionadas, ou até por votações obscuras de popularidade.
O grande propósito é criar mais uma ferramenta de análise de nosso mercado, principalmente para profissionais de gravadoras, marketing, patrocinadores, imprensa, produtores de eventos, etc, que ainda são muito carentes de informação sobre a nossa cena. A ferramenta serve ainda para os fãs de música eletrônica descobrirem artistas em ascensão no meio.” – comenta Felippe Senne, um dos nomes por trás da marca Sonzeira.
O ranking levanta também algumas questões acerca de como os plays nas plataformas de streaming podem, ou não, impactar na representatividade deste artista. Há que se compreender o quanto os números são determinantes para que se possa conceber o conceito de “sucesso” para alguém.
No intuito de fomentar a discussão, usaremos aqui alguns exemplos da lista disponibilizada pelo Sonzeira. A começar pelo representante mais popular que a música eletrônica brasileira tem: Alok.
Com absurdos 13.349.706 de ouvintes no Spotify, ele tem quase o triplo de ouvintes do que Vintage Culture, que, na cena eletrônica, tem uma força tão grande quanto Alok, considerando presença em festivais e fanbase.
A questão é que, enquanto Alok tem um trabalho mais radiofônico, popular, e de expansão da sonoridade para além dos muros da música eletrônica, o segundo pratica uma rotina mais ligada aos eventos, aos fãs de música eletrônica, necessariamente, um trabalho mais nichado que talvez impacte nesses números gerais, mas que de forma alguma afeta o estrondoso sucesso que Lukas tem feito e ainda fará, afinal, é a referência para todo trabalho que vem sendo feito por aqui.
Há ainda outro raciocínio que o ranking do Sonzeira possibilitar ter. Liu, um fenômeno das festas eletrônicas do Brasil, frequentemente ocupando a função de headliner, está na décima primeira posição dos mais ouvidos. Com mais de cinco vezes menos plays do que Bruno Martini, que tem uma carreira de hits mais Pops, com apelo de rádio, mas com presença menos frequente nos palcos do país. Há alguém que faça menos sucesso? Não. São formas e formas de sucesso, de conquista, de apelo. Os dados, se lidos, explicam muito mais do que o achômetro pode proporcionar.
O serviço prestado pelo Sonzeira pode redimensionar conceitos sobre a nossa cena e sobre o valor do sucesso. A relatividade dos números é um ganho imprescindível para que seja possível olhar pra situação com um entendimento melhor, mais embasado e concreto. Argumentar, pensar e produzir música pode, e deve, mudar de nível. Parametrizações como essas são fundamentais e dignas de aplausos, por fãs, por mídias e por produtores.