Com mais de duas décadas de trajetória dedicadas à música eletrônica, Leo Janeiro sempre soube dialogar com as transformações do tempo, aquele que molda o artista, renova as referências e revela novas formas de expressão.
Em “Tempo”, seu primeiro álbum, lançado pela própria gravadora Cocada Music no dia 5 de dezembro, Leo revisita essa relação de maneira simbólica, traduzindo em som sua paixão pela house music e suas diversas frentes, que marcaram sua carreira até aqui. O resultado é um trabalho que une todo esse background musical. Ouça aqui!
Elegante, ensolarado, orgânico e carregado de influências que vão da house de Chicago ao funk brasileiro, passando por jazz, disco, downtempo e hip-hop, “Tempo” é uma espécie de autorretrato musical.
Cada faixa carrega uma camada do que Leo construiu e reinventou ao longo dos anos – da sua identidade profundamente ligada à house, ao groove brasileiro e à brisa carioca, até a abertura para novas linguagens, parcerias e timbres. O resultado é um disco que respira maturidade, leveza e propósito.
Colaborações selecionadas a dedo
Para tanta mistura sonora, nada melhor do que participações de artistas das mais diversas escolas musicais. Das oito músicas de “Tempo”, nada menos do que seis são colaborativas: do rap do MC brasileiro Jhayam ao pioneiro da técnica “fluteboxing” (na qual toca flauta e faz beatbox simultaneamente) Nathan “Flutebox” Lee; da house de Detroit de Jon Dixon à inventividade quebradiça de Pedro Zopelar; da voz soulful da cantora Mona Lee à pegada deliciosamente dançante da dupla paulista From House to Disco.
O conceito visual que acompanha o álbum foi cuidadosamente desenvolvido para refletir sua atmosfera sonora. As capas e todo o projeto visual são assinados por Paula Lles.
Conceito
Com oito faixas, “Tempo” se desdobra como um mosaico sonoro que reflete a trajetória e as inquietações de Leo Janeiro, percorre as raízes do house com foco no deep e no jazzy, ao mesmo tempo em que explora contrastes e nuances rítmicas.
Há pitadas de dub, reggae e slow dance na primeira faixa, “Time Goes”, e ecos do baile funk em “Som na Caixa”. Entre momentos de escuta mais suave e recortes mais intensos de pista, como em “Redentor”, o disco revela a polivalência musical do brasileiro e sua amplitude criativa ao transitar entre moods e referências que se encaixam em todos os momentos – dentro ou fora da pista.
O álbum abre com o rap da faixa-título em parceria com o MC Jhayam, que estabelece o tom espiritual e poético do projeto – um convite à presença, ao respiro e ao sentido de continuidade. Traz a malemolência e a suavidade do dub reggae, em batidas mais lentas e o cativante vocal de Jhayam, um dos grandes representantes da música jamaicana e da cultura soundsystem no Brasil.
Na sequência, mergulhando na sutileza do Jazz, “Copa Jazzin” é um convite a uma noite quente de verão no Rio, onde a brisa do mar encontra o balanço da House em um jogo dançante com camadas de energia crescente e celebrativa.
Já “Redentor” traz a mistura entre o suingue carioca e o groove de Detroit. A faixa nasce do encontro de Leo com o músico e produtor nativo de Detroit, Jon Dixon, apresentando um arranjo vibrante, com linhas de piano que reverberam a essência do jazz com espírito caloroso do house perfeito para a peak time de pista.
Em “Carioca Flute”, a presença de Nathan Flutebox Lee traz o protagonismo envolvente de linhas de flauta unindo o frescor orgânico à identidade brasileira e nuances do house, expandindo horizontes e projetando novas possibilidades para a pista.
“Som na Caixa” injeta eletricidade e modernidade no conjunto, com um encontro entre a batida raiz do funk brasileiro e harmonia da house music, colocando o breakbeat no centro do arranjo, invocando a energia crua e vibrante do baile funk carioca, traduzindo o encontro primoroso entre as assinaturas de Leo Janeiro e Zopelar.
“Disco Raro” é uma homenagem aos beats da disco music, entregando o requinte e a sofisticação em detalhes melódicos que dançam entre as linhas de piano elétrico, chords e guitarras. A cereja do bolo está nos vocais da talentosa Mona Lee – vocalista e produtora que já estrelou colaborações ao lado de nomes como Kerri Chandler – e que torna o arranjo aveludado como um típico Soulful House.
“Easygoing” surge da colaboração entre Leo e a dupla paulistana From House To Disco, trazendo um recorte mais contemplativo para o disco. Os arranjos de piano se unem às camadas mais hipnóticas resultando em uma energia progressiva com toque suavemente dançante, uma bela faixa que surpreende ao longo da evolução do arranjo.
“Avec Moi” fecha o álbum, trazendo uma energia efervescente do disco house em sua forma mais dançante, conduzida por grooves que se apoiam na combinação do bassline, synths e camadas de strings, reforçando a nuance da era dourada da disco. A faixa encerra a obra com uma mistura de peso, leveza e loops frenéticos e hipnóticos.
Abertura poética e experiência em Dolby Atmos
Além de sua construção musical, “Tempo” se distingue também pela forma como é apresentado ao ouvinte. No streaming, o álbum se inicia com uma faixa introdutória bônus: um poema original escrito pelo poeta carioca Gilberto Sorbini especialmente para o projeto. A peça -que carrega o nome do álbum – funciona como um portal que conduz à narrativa do álbum, costurando passado, presente e futuro em camadas sensoriais e afetivas.
Outra inovação está no fato de que todo o álbum foi mixado em Dolby Atmos, tecnologia de áudio espacial que amplia a profundidade, o movimento e a sensação de imersão. A escolha reforça a proposta sensorial do disco, permitindo que cada detalhe – das linhas de flauta aos graves inspirados no sound system – ganhe novas dimensões no espaço. Assim, “Tempo” não é apenas ouvido: é vivido.
Entre passado e presente
Com “Tempo”, Leo Janeiro reafirma seu papel de ponte entre gerações e linguagens. DJ, curador e produtor com três décadas de história, ele demonstra aqui não apenas domínio técnico, mas uma sensibilidade apurada para o que é essencial: a emoção.
O disco é também uma celebração da cultura clubber e de suas conexões com o jazz, o soul e a música brasileira. Cada parceria contribui para um diálogo de gerações e estilos que espelha a amplitude da trajetória de Leo.
Em um momento de maturidade criativa, o expoente carioca entrega um álbum que não apenas sintetiza sua história, mas também abre um novo capítulo – pulsante, caloroso e profundamente humano.
Tracklist
Bônus para streaming: Leo Janeiro feat. Gilberto Sorbini – Intro: Tempo (Poema)
1. Leo Janeiro feat. Jhayam – Time Goes
2. Leo Janeiro feat. Nathan Flutebox Lee – Carioca Flute
3. Leo Janeiro – Copa Jazzin’
4. Leo Janeiro feat. Jon Dixon – Redentor
5. Leo Janeiro feat. Zopelar – Som na Caixa
6. Leo Janeiro feat. Mona Lee – Disco Raro
7. Leo Janeiro & From House to Disco – Easygoing
8. Leo Janeiro – Avec Moi
Mais sobre Leo Janeiro
Leo Janeiro é um artista icônico da cena eletrônica brasileira que já soma 30 anos de carreira como DJ. Hoje encabeçando projetos importantes como a label Cocada Music – que fomenta e expande o território para artistas latino-americanos da cena eletrônica -, já assinou residências em alguns dos principais clubes do Brasil, como Warung, D-EDGE e Beehive.
Amante da house music e de suas vertentes, o artista tem um objetivo claro: se divertir e fazer com que a pista também se divirta, explorando as variedades do estilo sem deixar de acrescentar boas pitadas de deep, soul, funky e disco music.
Hoje e sempre, Leo carrega consigo a originalidade e a liberdade para se manter conectado no campo artístico entregando o que mais importa: música boa e diversidade!







