Foto por: @jorgelexandre

Uma história de força, leveza e amor: Korolova, a DJ que sonhou ser feliz

A decisão de quem terá seu rosto estampado numa capa de Vibez Mag sempre é uma tarefa que rouba minutos de sono e de discussão entre os que produzem essa revista. 

Casos raros são aqueles cuja artista surge naturalmente como postulante ao cargo, passando sorrateiramente pelo processo e que conta com o suporte e apoio de todos, os que produzem e os que leem. Unanimidade, que não é burra, é sinal de trabalho duro e emoção genuína em notas musicais. 

Além de um cabelo longo, olhos vívidos e uma energia que contagia pela sinceridade, sem esquecer também do sotaque marcado, o histórico dolorido que fica represado para desaguar em um som terno, amigo e cheio de carinho. 

Já falamos aqui sobre muitos tipos de artistas, mas poucos foram aqueles cuja maior composição é a popularidade natural. Dessas que simplesmente acontecem. 

Seu catálogo de hits é extenso, mas a primeira lembrança que vai surgir quando mencionarem seu nome será de uma mulher de fibra, de verdade e emoção nas lindas paisagens que acompanharam sua ascensão ao panteão dos maiores de uma cena cruel, competitiva e machista. Korolova nasceu no país que hoje é vítima de uma guerra. Desde sempre, ela lutou por espaço para trabalhar onde sempre quis. Ousou sonhar. 

E que lindos são os sonhos que prosperam na fluidez do esforço e do talento. Uma ucraniana aclamada no Brasil, falando inglês e tocando no idioma da boa música. 

Com prazer, e com o mesmo carinho que ela emprestou ao nosso país e a nós, dessa revista, apresentamos a vocês uma entrevista especial com Korolova, a DJ que assumiu a pista da Só Track Boa, que alugou um espaço no coração do brasileiro e que encanta pela simplicidade, a capa da vez da Vibez Mag. 

Em um papo sincero, exclusivo e tocante, a Ucraniana falou sobre passado, sobre sonhos e sobre planos, e a gente te conta tudo aqui. Ou melhor, ela mesma pode fazer isso. 

Estou muito feliz em dar uma entrevista à sua revista. Vocês são uma equipe muito legal e fiquei muito feliz em conhecê-los no Brasil. Sou uma pessoa com muito propósito, passo muito tempo no estúdio, trabalho nas minhas faixas. A música é a minha vida, estou envolvida com ela desde os 6 anos de idade – ela me acompanha a vida toda”.

Adoro viajar e a ideia dessa série de gravações foi mostrar os lugares incríveis que visitei com minha música. Tenho um show nas Cataratas do Iguaçu, no Brasil, que é um dos lugares mais lindos do mundo que visitei, adoro o Brasil e queria muito gravar um outro no Brasil, em Camboriú, mas o clima não permitiu”.

Esta é uma razão para voltar o mais rápido possível ao Brasil, para gravar no Rio de Janeiro, perto do Cristo Redentor. Sonho em fazer também em Machu Picchu, Patagônia Argentina, perto das Pirâmides Maias, no México, no Grand Canyon, nos EUA e muitos outros”.

Discotecando e produzindo com a mesma qualidade, Korolova sabe dividir cada tarefa e guarda para cada uma um carinho especial. 

Produzir é criatividade, você coloca sua alma em novas músicas e as compartilha com o mundo, é ótimo receber feedback online, mas é muito melhor sentir isso ao vivo quando as pessoas curtem sua música. Há também sentimentos muito diferentes sobre mixagens ao vivo e performances ao vivo, sempre preparo novas músicas nas mixagens e, quando toco, as pessoas me cobram e quero dar mais a elas, aqui está o charme e energia”.

Ao lado do marido, Korolova passou alguns dias no Brasil e comentou sobre essa relação e como nosso país oferece bons sentimentos. 

Brasileiros são amor desde o primeiro passo que você dá no palco. Pessoas muito abertas e amigáveis ​​que não têm vergonha de mostrar suas emoções. Eu me apaixonei pelo país e seu povo. Meu marido está sempre comigo durante a primeira visita e agora e em todos os lugares. Ele é meu melhor amigo e o amor da minha vida. É muito importante estar perto de alguém que acredita em você e se orgulha de você”.

Como tudo começou 

Fã de música eletrônica, a ucraniana conta que sempre está com um fone nos ouvidos em qualquer lugar ou situação, mas que a história tem um início bem mais antigo, no início de sua adolescência.

Tudo começou com Trance, ouvindo Gabriel & Dresden, Way Out West, Cosmic Gate e muitos outros nos distantes anos 2000. Ao mesmo tempo em que dançava no famoso Club Ballet, eu já tocava em muitos eventos, até que em certo dia entrei no show de balé do maior clube da Ucrânia, onde meu marido trabalhava, e um dia nosso amigo, o famoso DJ Spartaque, perguntou: você é uma das maiores conhecedoras de música eletrônica e por que não tentar ser DJ? Foi quando decidi tentar e tudo começou, lá em 2011″. 

Inspirações e a cena feminina

Sou muito fã de Vintage Culture, ele trabalha muito duro, se desenvolve muito rápido e ao mesmo tempo continua sendo uma pessoa maravilhosa e aberta, apesar de seu status já global de estrela. Também gosto muito de RÜFÜS DU SOL, Franky Wah, Massano, Anyma e muitos outros, há um monte de artistas talentosos nesta geração”.

Na verdade, existem mais DJs mulheres de sucesso, mas se você olhar para as listas da DJ MAG Top 100, 95% são homens, então isso não é um indicador. Não importa se você é homem ou mulher, é um caminho igualmente difícil. E a principal garantia de sucesso é a perseverança e o trabalho duro”.

Por fim, Korolova, que tem no Brasil o sentimento de casa, deixou um recado para os fãs e amigos brasileiros:

Queridos, já escrevi isso nas redes sociais, vocês roubaram meu coração, estou encantada com vocês e estou muito ansiosa pelos próximos encontros. Obrigado novamente por se preocuparem conosco. Boa sorte e até breve. Muito obrigado pela entrevista, amo vocês”.

Redator-Chefe