o que é um endshow DefQon
Foto via Defqon

Você sabe o que é um endshow? Entenda como funciona o trabalho por trás dos encerramentos de sets de Hardstyle em festivais!

Às vezes, é preciso falar e conversar para corrigirmos erros históricos. Necessário, também, para entregar o mérito a quem lhe é devido. Para tanto, usamos esse espaço de conversa em forma de texto. 

Todos nós, que constituímos a indústria da música eletrônica, mas do lado de cá, sabemos que no lado de lá, quando nos maiores palcos e nos maiores eventos, são muitos os casos nos quais os artistas se valem dos Highs BPM para colocarem um ar a mais em suas apresentações, uma forma (muito legal) de aumentar o clima da galera e incendiar o rolê. 

A questão é: que música é essa? É um remix? De quem? De qual estilo? Não é só algo de momento, tenha certeza. E é sobre isso que vamos falar.  

O Hardstyle tem uma trajetória extensa na cena eletrônica, mas nem sempre foi com presença no mainstream. Demorou mais de uma década para que a vertente tivesse UMA chance no palco principal do maior festival do mundo. Mesmo que suas produções estivessem religiosamente em cada endshow dos maiores nomes da indústria. 

Justiça? Talvez não seja esse o assunto, afinal, existem porquês muito complexos por trás das grandes festas, motivos e consequências que baseiam as formatações de artistas e público, tema esse que não levantaremos, mas porque não falar e explicitar sobre eles e sobre o que fazem? Mãos à obra. 

Com exatos vinte anos de fundação e sendo o resultado de uma fusão que reuniu fundamentos do Hardcore, do Trance e uma certa referência à intensidade do Gabber, o Hardstyle é originalmente uma concepção do leste europeu, mas que já há alguns anos, especialmente os últimos doze em que o Defqon.1, festival dedicado à bandeira da vertente, está acontecendo anualmente, a sonoridade ganhou o mundo. 

Não à toa, tem palcos dedicados à sua identidade em toda e qualquer grande praça, como o Tomorrowland, Airbeat One e Mysteryland. Fugindo, então, da pecha de marginalizado, o Hardstyle foi tomando para si o protagonismo dos maiores palcos e trazendo consigo o sucesso de DJs e produtores, mas não na medida em que são executados por outros nomes.

O duo número 1 do mundo, Dimitri Vegas & Like Mike, por exemplo, e serão eles o exemplo mais robusto, tem, religiosamente, seus sets com versões de suas músicas no padrão do Hard. 

Com parcerias reconhecidas com Brennan Heart e Coone, dois dos mais relevantes e fortes nomes da cena, o duo tem essa característica muito marcada e, sabemos, fazendo um imenso sucesso. 

Você sabia, por exemplo, que o remix de “Complicated”, que encerrou o set dos irmãos em 2017, é uma produção do experiente holandês Brennan Heart? Pois é. Extremamente executada pelos shows mundo afora, a track remixada tem números inexpressivos de acesso. 

Os casos se agigantam. Seria irresponsável usar o termo ‘todos’, mas a grande parte dos sucessos de DV&LM tem suas versões em Hardstyle. Ótimo para eles, nem tanto para quem as produziu. Eles merecem, a gente faz questão de ajudar. E não pararemos nesse exemplo. 

De bons tempos pra cá, até a pausa, Hardwell valeu-se mais e mais do Hard. Desde collab até, para se ter idéia, sua última apresentação no Tomorrowland acabando ao  som de “Zombie” do Ran-D. Quem é Ran-D? Você sabe? Provavelmente não, né. Sabe muito menos que ele tem uma imensa carreira na cena e que é um dos mais poderosos nomes da vertente mundo afora. Deveríamos todos saber de quem se trata, mas parece que bastou à galera curtir sua produção. Sucesso de um verão, infelizmente. 

Armin van Buuren é uma referência absoluta no uso dos Highs BPM em suas aparições. Como você passou a saber, o Hardstyle deriva do Trance. Para não alongar a lista, podemos lembrar do remix de Brennan Heart para “Blah Blah Blah” ou o mais recente – e lindo – remix do duo Sound Rush para “Turn It Up”, versão essa que Armin usou quase que como original, afinal, apenas ela se fez presente em seus sets. 

Se passearmos pelo tempo, poderíamos deixar aqui um pergaminho, mas fiquemos focados em dar nome aos donos dos sucessos. E isso não se trata de uma caça aos caras do mainstream, nada disso, mas sim sobre iluminar os caras que merecem estar lá, também. Não ser comercial em nada desabona um grande trabalho. 

O Hardstyle merece mais carinho. Merece respeito. Merece mais vezes no palco principal. Merece mais lugar no top 100. Merece luz. E acho que o papel do jornalismo, ainda, é contar as histórias que o mundo acaba por esconder. Faço desse espaço, essa tentativa. Na esperança de que a informação faça uma correção mínima no erro que perdura há décadas. Vida longa aos High BPM e seus representantes.

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Redator-Chefe