Todo grande fim também é um novo começo, em especial neste fim de 2020 que, digamos de passagem, não foi um ano tão fácil assim. Porém, a chave de ouro deste período, está nas mãos de DJ Glen, que já engatilha um começo de 2021 bombástico com o lançamento do primeiro álbum de sua carreira: Every Hi End Is A New Beginning.
Sintetizando toda sua experiência como Dj e produtor com mais de uma década de estrada, estrelando por diversos labels expoentes da eletrônica mundial, como a Dirtybird, DJ Glen é do tipo de artista que exala entusiasmo e carisma por meio de suas performances nos decks e trabalhos de estúdio. E em seu debut álbum não é diferente. As características inerentes do artista são notáveis ao longo das 20 faixas presentes no disco.
Lançado pela gravadora comandada por Illusionize, Elevation, o álbum conta com participações do headlabel, bem como collabs com Bruno Furlan, Cour T. e Fabrizio. Batemos um papo especial com Glen sobre a mensagem por trás do álbum, processo produtivo e planos futuros, você pode conferir tudo agora com a gente:
Olá, Glen! Tudo bem? Primeiramente parabéns pelo lançamento de Every Hi-End Is a New Beginning! Conte-nos qual a sensação de lançar o primeiro álbum da carreira?
Olá, muito vivo e bem, espero que todo mundo também se sinta assim. Francamente, me sinto um pouco envergonhado de conseguir me organizar para lançar meu primeiro álbum só depois de 20 anos que produzi meu primeiro som! Mas como ainda me sinto iniciante e empolgado com tudo, tá valendo.
Como foi o processo de produção do disco? É algo que já vinha sendo maturado há algum tempo?
Eu tentei ser o mais sincero possível, organizei tracks que contavam minha história na música, equilibrando minhas referências e minha técnica, passando em cada som uma mensagem e um clima diferentes. Foi muito trabalho envolvido, algumas obras comecei a fazer há 8 anos e finalmente finalizei para o álbum, já outras comecei e finalizei para ele, principalmente pra fazer tudo ser uma história e fazer sentido para qualquer pessoa que ouvir ele (desde que esteja disposto a ouvir com carinho).
Every Hi-End Is a New Beginning… tem alguma mensagem especial por trás deste título?
DJ Glen: Sim. A ideia por trás do álbum fala sobre ciclos, na verdade seria “todo fim é um novo começo” mas tem um trocadilho no “hi-end” que também significa alta qualidade. Então, a cada vez que se dá um passo na qualidade tanto da música quanto da vida, um novo ciclo se inicia, que é o que espero pra quando sairmos deste ano tão sombrio.
Como foi a parceria com a Elevation para esse lançamento? O convite veio antes de você planejar o álbum ou foi algo que ocorreu durante o processo?
DJ Glen: A Elevation foi a grande responsável por me animar a fazer o álbum. Eu diria que sempre que o Pedrinho vem aqui no estúdio, ele ouve o que faço e me anima bastante, foi bem o caso da maior track da minha vida. A “First Time”, que me sentia inseguro de mostrar para as pessoas por eu ter feito um vocal melódico, cantado por mim mesmo que eu achava uma bosta, ainda acho, mas muita gente gosta e reparo que a mensagem toca as pessoas, milhões delas, então, objetivo alcançado.
Não são todos artistas que conseguem emplacar 20 faixas de uma vez em um álbum. Como foi o processo produtivo de concepção dessas faixas, é algo que sintetiza todo o passado da história da sua carreira até aqui ou foi um resultado de descobertas e experimentações mais recentes?
DJ Glen: Vish, eu queria fazer 10 tracks exclusivas novas e 10 tracks que já tinha feito e achava relevante soltar. Quando pré-selecionei as 10 tracks aqui, vieram 43, foi bem difícil escolher as que iriam. As outras 10 meio que fiz em um mês bem aproveitado, eu produzo bastante pois amo o estúdio, lá é meu planeta.
Uma de collabs especiais que você fez neste álbum, é com o guitarrista Fabrizio, indicado à premiação do Grammy. Conta um pouco mais sobre isso?
DJ Glen: Ele é família aqui desde sempre, mas ultimamente rolaram vários rolês juntos. Ele morre de vergonha do lance do Grammy, pois faz muito tempo e ainda ele perdeu a festa por causa do visto, pelo que entendi não era nem o Grammy Latino, era o Grammy gringo que participou com sua banda Emo nos tempos Emo, nao falarei o nome por respeito a cena Emo, apesar desse rótulo ser bem tosco e engraçado… Emo, parece o marido da Ema [risos].
O que importa é que ele sempre foi um produtor de electro, house, tech house e assim como eu, ama Soulwax, Dirtybird, Chemical Brothers e produzir com um cara assim é bom demais. Já falei pra ele que se fosse eu que tivesse sido indicado, andaria por aí com uma camiseta escrito “Grammy Nominee”.
E como estão os planos para 2021? Já tem lançamentos programados vindos por aí?
DJ Glen: A gente tenta entender e se preparar para o que vai acontecer, mas na verdade não faço ideia. Vejo novamente uma grande estigmatização das festas e do fato das pessoas se divertirem, como se fosse uma coisa errada, algo que vem de herança de um país muito religioso e conservador como o nosso.
Foi muito ruim passar pela criminalização das raves no fim da década de 00s, da música eletrônica, das drogas e da simples comemoração do fato de estarmos vivos, as pessoas que julgam parecem não viver e não querem que ninguém viva e isso me deixa profundamente indignado, talvez essa seja a maior mensagem que eu queira transmitir.
Estou com dezenas e dezenas de músicas prontas, mas aguardo ansiosamente pelo que vai acontecer pra saber a mensagem a ser passada e, se tiver que ser, somos errados e ilegais por valorizarmos a vida do nosso jeito, essa será a mensagem. Todo fim é um recomeço e vivemos ciclos de desafios eternos. Obrigado por lerem e desculpa se viajei demais nas palavras, na música viajei mais ainda, com certeza hahahha.
por Ágatha Prado