Artigo comum na casa de todo mundo que curtia música nos anos 60, 70 e 80, o disco de vinil, nos seus formatos de 12” e 7” – o famoso compacto -, se tornou obsoleto e cada vez mais raro a partir dos anos 90, quando sucumbiu para o recém lançado CD que prometia trazer toda a pureza do som digital para o conforto do lar.
Foi em 2008, após quase ter sido considerado extinto, que o vinil começou a ressurgir lentamente nos mercados internacionais, impulsionado por uma onda “vintage”, e seguiu em uma constante evolução na participação de álbuns físicos vendidos, até que em 2021, pela primeira vez em 30 anos, ultrapassou a venda de CDs.
Mas qual o motivo de uma tecnologia surgida no século passado atrair tanta atenção da chamada geração Z, os nascidos entre 1990 e 2010, a ponto de fazerem estrelas pop como Adele e Olivia Rodrigo aderirem a ela?
A explicação mais plausível, talvez, seja o charme que o formato proporciona, criando uma atmosfera de maior intimidade com a música em um público tão acostumado com a frieza da era digital.
A arte das capas, o trabalho gráfico dos encartes e a sonoridade única proporcionada pelo som analógico também são fatores importantes para o aumento de consumidores, e trazem um “quê” de souvenir, de item de coleção, que encanta quem não viveu a época de ouro dos “long plays”.
Outra explicação para este crescimento, principalmente nos EUA, vem do período da pandemia, durante o qual as pessoas acabaram ficando mais tempo em casa e foram buscar na música analógica uma boa fonte de terapia para superar as dificuldades de tempos tão complexos.
No Brasil, o marco dessa retomada foi a reabertura da fábrica da Polysom, em 2009, quando esta se tornou a única fabricante de discos de vinil da América Latina, algo que seguiu até meados de 2017, quando surgiu em São Paulo a Vinil Brasil. Elas seguem até hoje como as duas únicas fábricas deste tipo no país.
Sebos, lojas especializadas e grupos de internet são importantes fontes de pesquisa e negócios para os apaixonados por este tipo de mídia trocarem experiências, curiosidades e raridades, fortalecendo ainda mais esta tendência que, ao que parece, voltou para ficar.
O DISCO DE VINIL E A MÚSICA ELETRÔNICA
Uma das parcerias mais longevas da música contemporânea é o elo entre o disco de vinil e a música eletrônica, que surgiu graças à cultura introduzida pelos DJs, lá na década de 70.
A arte de mixar usando toca discos surgiu na Jamaica com a cultura DUB, e se espalhou pelo mundo a partir da era Disco, quando os DJs descobriram que mixar uma música na outra era a melhor maneira de não deixar a pista parada nem um minuto, mantendo sempre a vibe em alta.
Foi também nesta mesma época que uma divisão da Panasonic criou aquele que seria o aparelho definitivo para os profissionais da música, sendo utilizado até os dias atuais, o toca discos Technics SL 1200, tendo no seu modelo MKII, lançado em 1978, o parceiro perfeito para que todos os DJs da época pudessem tirar o máximo de proveito em suas performances.
Mesmo com toda a evolução da tecnologia, com surgimento das CDJs, controladoras, softwares e afins, as MKII nunca foram deixadas de lado e, hoje, com o ressurgimento do formato “bolachão”, estão cada vez mais presentes nas apresentações dos maiores DJs do mundo e também na venda como objeto de desejo de muitos artistas.
Erick FJ – “Life Is Better With Music”