Nesta semana, Alok levou o prêmio de melhor remix no International Dance Music Awards por sua versão de “Piece of Your Heart”, de Meduza e Goodboys, que também foi premiada como melhor canção dance.
Embora não tenha sido a primeira vez em que artista chegou a concorrer por algum tipo de condecoração envolvendo produções musicais, o prêmio serve como gancho para tentarmos compreender o tamanho e a importância de Alok para o cenário eletro-musical brasileiro.
Nós, incluindo eu, continuamos a subestimar o ápice de um conterrâneo mundo afora. Talvez por não aguçar o gosto de quem realmente se interessa pela música eletrônica, teoricamente, de verdade, ou por quem prefere fechar os olhos e abraçar o tal “complexo de vira-lata”.
Mas, do meu ponto de vista, passou da hora de, pelo menos, tentarmos chegar a um denominador comum sobre a representatividade do, até então, maior nome já produzido no Brasil.
Com ênfase na comunidade mainstream, nada mais justo do que começarmos pela questão que mais rende debate: o estilo musical do artista. Não é de hoje que Alok é criticado por produzir músicas para diferentes tipos de público, incluindo quem não curte a própria música eletrônica padrão.
Há diferentes misturas com sertanejo, funk, forró e até mesmo música clássica. No geral, não passa de uma estratégia de carreira que, apesar dos pesares, é muito bem sucedida na maioria das vertentes.
Além disso, a gestão de marketing e redes sociais do brasileiro precisa ser considerada referência no país. Existe um trabalho extremamente essencial para que diferentes camadas da música saibam e consigam conhecer, da forma mais natural possível, quem é Alok.
Sendo assim, como a parte de baixo da “pirâmide de gostos musicais” é o principal foco, a parte de cima da mesma acaba atuando de forma negativa para a imagem do artista, ainda que com bem menos alarde.
Em outras palavras, Alok nunca escondeu que sua comunicação foi e continua sendo feita para um público que, na maioria das vezes, não tem oportunidade ou conhecimento prévio da cultura erudita presente na cena eletro-musical.
Por isso, alguns rótulos negativos foram criados e erroneamente colocados por individualistas que se aproveitam de um oportunismo barato e fútil. Entre todas as críticas e elogios, é preciso diferenciar a figura pública Alok, como pessoa, do produtor musical Alok. No caso, esse conflito acaba acontecendo com certa frequência em opiniões públicas de quem acredita entender do assunto.
Por outro lado, a justiça precisa ser feita: sem a presença de Alok tocando músicas de DJs brasileiros durante as performances em grandes festivais do mundo, será que o cenário brasileiro evoluiria até chegar ao nível atual? Ao que tudo indica, não.
Portanto, entre músicas lançadas, prêmios obtidos e fama conquistada, o maior feito da carreira de Alok é ter influenciado e impactado positivamente o coletivo de produtores e afins presentes na música eletrônica brasileira.
Isto posto, não é loucura considerá-lo uma espécie de embaixador. Por incrível que pareça, até quem não conhece ou gosta de música eletrônica sabe quem é Alok, o DJ brasileiro mais bem colocado no último ranking da DJ Mag e que utilizou a popularidade obtida por mérito próprio em prol da “concorrência” local.
Ainda que possua inúmeros defeitos, que são constantemente apontados por aqueles que não se adequam ao propósito do artista, Alok sabe que está em outro patamar e utiliza bem isso.