A “Peace of Mind” é a primeira track das memórias póstumas que Avicii construiu. Não se esperaria qualquer outra atitude de alguém cuja aura é tão especial. A genialidade de se despedir em vida, sem alarde, sem confete. A tristeza de ouvir em suas obras de arte e a tristeza que ele sentiu em vida consome nossos sentimentos, mas a saudade e a reverência tem de ir além.
De ser legado.
Avicii deixou um seminário de emoções, de lições, de muita coisa que extrapola os três ou quatro minutos de uma música. Fez com que cada um de nós tivéssemos reações distintas ao ouvi-lo, mas nunca a indiferença à sua obra. Ao ponto de deixar pronto, em laço aveludado e muito talento, mais um álbum de presente pra que todos vocês tivessem um pouquinho mais de Tim.
Cheio de recados claros do que era sua realidade ao fim da jornada pela terra, ele não se permitiu a despedida sem uma herança. Em 12 músicas que dançam por entre todos os seus estilos e momentos da carreira, o álbum Tim é uma ode ao próprio som e dores que o gênio viveu e construiu. É a metáfora da carreira estrelar e precocemente encerrada em quase uma hora. É como um posfácio.
“Não cabe a mim analisar tecnicamente algo que me fez emocionar do início ao fim. Lembrar dos primeiros momentos ao ouvir “Silhouettes”, dos dias nublados na praça perto de casa com “I Could Be the One”, de quando o “True” foi lançado e eu fiquei o dia todo tentando aprender uma música na flauta doce. Dos dias que cheguei triste em casa e busquei refúgio em “Hey, Brother”. Das melhores e mais intensas lembranças com trilha sonora. – João Gabriel”
Ouvir Tim é a nossa experiência. É o que carregamos no coração. A dor da perda. Os dias encantadores. Apesar da saudade aumentar demais, fica a certeza de ter tido ídolo certo. Ser contemporâneo de uma alma brilhante e infinita. A arte não se encerra no mundo terreno. Ela vai além. Não tem limite. Reside na memória de cada um. E será reavivada com ainda mais reverências ao Avicii.
Ao nosso Tim.