O Brasil é um país maravilhoso, mas não dá pra negar que o sonho de muita gente é viajar e conhecer os Estados Unidos e, especificamente, a cidade de Los Angeles. Imagine, então, você ter nascido e crescido nessa que é uma das cidades mais famosas do mundo, conhecida como a capital mundial do entretenimento? Pois é de lá que vem o nosso entrevistado de hoje, Hrag Beko.
Sua carreira como DJ e produtor começou como a de muita gente: tocando em pequenas festas e bares locais da cidade, até que ele pegou gosto principalmente pela parte da produção musical e resolveu investir mais pesado na criação de suas faixas. Ele já tem lançado música desde 2016 e isso rendeu alguns suportes bem significativos como de Paul Oakenfold, Promise Land, EDX, Croatia Squad e Kid Massive.
O seu mais recente lançamento marca sua estreia na Adesso Music, gravadora de Junior Jack — com quem inclusive já fizemos uma entrevista por aqui. O selo segue sendo um grande propulsor de novos talentos e Beko é o novo nome a fazer parte do catálogo através do single “Feel You”, uma faixa que mistura perfeitamente a energia do Tech House com a vibe mais clássica do House.
Se você ficou curioso, é só dar um play na faixa e conferir o bate-papo que tivemos com Hrag Beko:
Eletro Vibez: Olá, Hrag. Conte-nos como foi crescer na cidade de Los Angeles? É realmente um lugar que inspira as pessoas a buscarem sua veia artística de forma mais natural?
Hrag Beko: Olá, pessoal! Obrigado por me receber! Crescer em Los Angeles foi uma experiência única. LA é uma cidade vibrante e diversificada, e sempre existe uma sensação de possibilidades no ar. A cidade parece um ponto de encontro onde diferentes culturas, gêneros e ideias se cruzam constantemente, e essa energia é realmente inspiradora.
Para mim, a maior influência foi perceber o quanto da cultura da cidade é construída sobre a ideia de experimentação e reinvenção. É um lugar onde você é incentivado a correr riscos, ultrapassar limites e fazer as coisas do seu jeito. LA definitivamente inspira as pessoas a perseguirem seu lado artístico de forma mais natural. Há uma liberdade e energia aqui que tornam mais fácil sonhar grande, e é um lugar onde você pode encontrar sua própria voz, em qualquer campo criativo pelo qual você se apaixone.
Eletro Vibez: E quando foi que você decidiu entrar para o mundo da discotecagem e da produção musical? O que você fazia antes disso?
Decidi entrar no mundo do DJing em 2011-2012. Estava muito envolvido na cena noturna de LA, costumava sair bastante explorando os clubes e vendo artistas famosos. Uma noite, estava vendo o DJ trabalhar nos CDJs e naquele momento pensei: “Por que eu não posso fazer isso? Eu sou apaixonado por música e conheço todas as faixas”. Aquele momento me inspirou e decidi começar minha carreira tocando em clubes de Hollywood, Downtown LA e Orange County.
Depois de um tempo tocando e curtindo a vida noturna, senti que estava faltando algo: minha própria música. Decidi começar a produzir. No começo, não fazia ideia do que estava fazendo (risos), mas depois de muitos tutoriais, tentativas e erros, e feedback de amigos produtores, fui pegando o jeito e desde então tem sido incrível.
Eu me formei com bacharelado em Administração de Saúde e mestrado em Negócios. Ainda trabalho na área da saúde, que era o que eu estudava e fazia, mas minha carreira musical só melhora a cada dia e não pretendo parar tão cedo.
Eletro Vibez: Como você conseguiu suas primeiras oportunidades como DJ? A cena de Los Angeles é disputada? Há uma oferta muito grande de DJs por aí?
Minha primeira oportunidade como DJ veio de um amigo promoter que organizava eventos em Los Angeles. Foi no famoso Exchange LA, no Downtown LA, e eu estava super nervoso (risos), mas assim que comecei a tocar, fluiu bem.
A cena de Los Angeles é competitiva e há muitos DJs na cidade, mas tem de tudo quanto é estilo, uma verdadeira fusão de Hip Hop, House e música latina. O House está sendo fortemente influenciado pelo som do Afro House atualmente em LA, e estamos vendo um aumento extremo das festas underground, mais do que a cena dos clubs.
Eletro Vibez: Você acredita que sua carreira começou a ganhar mais importância depois que você lançou suas próprias músicas?
Com certeza. Eu acredito que lançar minhas próprias músicas marcou um ponto de virada na minha carreira. Até aquele momento, eu estava apenas tocando músicas de outros artistas e fazendo mashups. Colocar meu próprio trabalho no mundo realmente mudou a maneira como me conecto com o público e também expôs meu nome artístico. Lançar minhas próprias músicas me permitiu compartilhar uma parte mais profunda de mim mesmo, e acho que isso ressoou com as pessoas de uma maneira diferente.
Sinto que também me deu uma plataforma para experimentar, correr riscos e explorar novos sons, sem ter que me encaixar em um molde específico. Acho que quando você lança sua própria música, você não é apenas um criador, mas um contador de histórias, e essa autenticidade realmente ajuda a construir uma conexão mais significativa com os ouvintes. Também abriu novas oportunidades de colaboração, performances e crescimento criativo, o que contribuiu para as próximas etapas da minha carreira.
Eletro Vibez: E quais foram os primeiros trabalhos que alcançaram um reconhecimento maior?
Ah, eu diria que alguns dos meus lançamentos iniciais tiveram apoio de nomes como Kryder, Cato Anaya, EDX. A faixa “Candela” fez bastante sucesso e atraiu um bom interesse, e eu diria que o EP que lancei pela WhoreHouse teve uma boa exposição.
Eletro Vibez: Sua identidade flutua bastante entre o House e o Tech House — seu catálogo traz também até algumas coisas mais Funky e Deep, mas é essencialmente House. O que te influenciou pra chegar nessa estética sonora?
Meu som sempre foi um reflexo dos diferentes elementos que me inspiraram ao longo da minha jornada musical. Quando cresci, fui exposto a uma grande variedade de músicas, e isso definitivamente moldou a forma como encaro o House hoje. O groove e a energia do funk, a atmosfera profunda da Soul e o ritmo do House tradicional. Esses elementos tiveram papéis chave em moldar minha identidade musical. Sempre fui fã de Tech House, e tenho que dizer que é o meu favorito, com influências de nomes como Erick Morillo, Hot Since 82 e Jamie Jones. Há uma certa profundidade e energia nos ritmos que falam comigo, mas também adoro como o House é versátil e pode incorporar várias influências.
O lado funky me permite trazer algumas vibrações mais orgânicas e soul, enquanto o Tech House tem uma qualidade mais hipnótica e envolvente que eu gosto de explorar também. Acho que é importante evoluir e experimentar, e por isso meu som continua incorporando diferentes camadas e nuances conforme eu cresço como artista. As faixas mais profundas e funkys me dão liberdade para explorar algo mais tranquilo, enquanto os elementos do tech house mantêm a energia lá em cima e a pista de dança em movimento. O que unifica tudo é essa sensação de ritmo, groove e emoção que está no coração de cada faixa que eu faço.
Acredito que meu som tem evoluído e continuará evoluindo por causa do meu amor pela ampla gama do house, e sempre achei mais interessante misturar influências do que ficar preso a um único subgênero. Isso mantém as coisas frescas para mim como artista e empolgantes para os ouvintes que acompanham meu trabalho.
EletroVibez: Isso fica bem claro através do seu novo lançamento “Feel You”, pela Adesso Music. Pode nos contar um pouco mais como foi criar essa faixa e o processo por trás delas?
“Feel You” foi uma faixa muito especial de criar, e ela surgiu de forma orgânica, como se tudo tivesse se encaixado de uma maneira muito natural. O processo começou com um beat simples que eu estava experimentando, algo profundo e com groove, mas com um senso de movimento. Queria criar algo que fosse groovy e contagiante, algo que pudesse atrair a vibe da pista de dança, mas que também desse aquele sentimento introspectivo quando você ouvisse fora desse contexto. Um dos elementos chave de “Feel You” é a linha de baixo. Eu queria que fosse pesada e contagiante, algo que impulsionasse a faixa para frente, mas ainda com uma qualidade profunda e hipnótica. O resto da faixa foi se completando e eu sabia que precisava de uma vocal para dar aquele toque final. Adoro como essa combinação criou uma tensão, e fiquei muito feliz com o resultado final.
A vibe da faixa era muito importante para mim, queria que fosse algo que pudesse ser tocado em diversos ambientes. Seja em um clube ou em uma playlist mais íntima. Eu queria que “Feel You” fizesse as pessoas se moverem, mas também evocar um sentimento mais profundo, quase nostálgico. Abordei a produção com a mentalidade da SIMPLICIDADE. Mantendo a faixa simples, mas ao mesmo tempo encorpada e groovy, e estou feliz por ter conseguido criar essa qualidade atemporal, algo que soa fresco, mas também familiar. Trabalhar com a Adesso Music foi incrível. Eles realmente entenderam a visão por trás da faixa, e acho que ajudaram a dar vida à versão final de uma forma que se mantém fiel ao meu som e à filosofia do selo. Sou grato à Adesso por acreditar no meu som e me dar a oportunidade.
Eletro Vibez: E como você conheceu o trabalho da Adesso Music?
Não lembro exatamente como conheci a Adesso Music, mas com certeza foi nas redes sociais quando o selo começou. Eu sigo a Adesso desde o primeiro dia, lembro que alguns dos primeiros lançamentos me chamaram a atenção, e pensei: “Esse selo só vai melhorar.” E com certeza melhorou. A Adesso tem lançado músicas incríveis e é ótimo ver o suporte que eles dão tanto para grandes nomes quanto para novos e emergentes artistas. Acredito que isso é fundamental para um selo e diz muito sobre a identidade deles, o que é incrível. Tive a oportunidade de conhecê-los em Londres este ano e estou animado em ver um grande selo como a Adesso Music crescendo a cada dia. Me sinto honrado em fazer parte da família.
Eletro Vibez: Há novidades para esta reta final do ano? O que você pode nos adiantar em termos de lançamentos e gigs?
Sim! Tenho alguns lançamentos na agenda para o final do ano. Meu próximo single sai em breve, e também estou trabalhando em mais músicas para 2025. Além disso, estou animado com algumas colaborações incríveis que também estão por vir. Estou planejando mais algumas apresentações internacionais e explorando novas fronteiras no meu som.
Eletr oVibez: Para finalizarmos: Você conhece algo do nosso país ou da nossa cena que te chama atenção? Tem como meta algum dia vir tocar no Brasil? Obrigado!
Haha, sim, eu conheço bem o Brasil e adoro o país. Ainda não tive a oportunidade de visitar essa parte do mundo, mas definitivamente estou planejando uma visita em breve. Sou um grande fã da seleção brasileira e cresci assistindo a lendas como Romário, Roberto Carlos, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e outros. A cena de house music no Brasil é vibrante, cheia de groove e simplesmente incrível. Tocar no Brasil definitivamente é uma meta, e seria uma experiência incrível levar minha música para a América do Sul e compartilhá-la com o povo de lá. Com certeza será um sonho realizado. Muito obrigado por me receber!