Muito se fala sobre a referência de um determinado segmento, seja ele relacionado ao futebol, como Pelé; ao basquete, como Michael Jordan; ou até mesmo à música eletrônica, como David Guetta. A partir do retorno do francês de 53 anos, após nove anos, ao primeiro lugar do Top 100 DJs do ranking promovido pela DJ Mag, revista mensal do Reino Unido, a comunidade eletro-musical voltou a discutir o indiscutível: Guetta é o maior nome da história da música eletrônica?
Antes de mais nada, atente-se para o fato de que não estou aqui para argumentar se a respectiva recente conquista do DJ é justa, mas saiba que é algo imprescindível para entendermos a representatividade do também produtor musical diante de uma vasta e segmentada conjuntura. Para ir direto ao ponto: o prêmio retrata o renascimento de David Guetta perante a criação de diferentes tipos de rótulos preconceituosos e que continuam sem condizer com a realidade.
Sem entrar em comparações ou em narrativas ficcionais de pendrive e afins, é preciso ressaltar que Guetta passou por mais altos do que baixos na carreira, com destaque para o seu principal carro-chefe: as produções musicais. De superestimado no auge à agora subestimado, o francês de 53 anos precisou superar a barreira da falta de ambição natural para quem já chegou ao topo e reencontrou a fórmula do sucesso no próprio passado.
Digo isso porque, em um ano completamente atípico para a indústria da música eletrônica, e mesmo depois de ganhar ênfase mundial com criações inigualáveis, Guetta soube aproveitar as adversidades e se reinventou com um rebranding – embora não oficial, mas da mesma forma como na primeira década do século XXI – do seu posicionamento tanto para o mercado quanto para a mídia em si.
Além disso, Guetta, assim como na sua carreira como um todo, voltou a unir diferentes tipos de tribos da música eletrônica. Hoje, o DJ mantém a premissa da proximidade com o pop, ainda que envolva recentes lançamentos de Progressive House, Electro House e Big Room. Como justificativa, eis a votação popular da DJ Mag deste ano.
Desde a comunicação com o público até o desenvolvimento de diferentes tipos de remixes, Guetta compreendeu perfeitamente o que precisava para se reinventar e voltar a figurar na parte mais alta de um lugar que aparentava ter memória curta. Indicações, premiações, números e detalhes históricos podem até ser importantes para embasar a discussão a respeito do ranqueamento dos maiores nomes da cena eletro-musical, mas não se sobressaem à frente da simbolização da imortalizada figura de David Guetta.
No geral, Guetta é a representação da transformação da música eletrônica, que atingiu patamares inimagináveis muito por conta do que ele mesmo proporcionou durante um longo espaço de tempo. E isso não vale somente para crianças, jovens ou adultos que já nasceram imergidos dentro da cultura digitalizada. O share of mind do francês foge de todos os tipos de padrões, e não precisa ir muito longe para entender.
Sendo assim, mesmo sabendo que há diversos exemplos de profissionais da área que possuem potencial de ameaçar o trono do francês, não é loucura dizer que Guetta chegou a um status que talvez nenhum outro DJ provavelmente conseguirá atingir. Aliás, negar isso é estar alheio aos fatos. É algo que foge de rótulos e adjetivos. É Pierre David Guetta, o maior de todos os tempos da música eletrônica.