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Do Piauí ao Techno Industrial: a jornada sonora de Marcello Space em seu novo álbum

Marcello Garcia Veloso a.k.a. Marcello Space carrega no som uma inquietação que não se limita ao que é dito, mas ao que é sentido. Natural de Teresina, no Piauí, ele se mudou para o Rio de Janeiro em 2001, aos 14 anos, e foi ali que o fascínio pela música ganhou estrutura, timbre e forma. 

Antes mesmo de entender o que era um beat por minuto, Marcello já era fã de música eletrônica — paixão que se entrelaçava com estudos em teclado, guitarra, percussão e outros instrumentos, até que o acaso (ou o destino) o levou à produção musical.

Foi em 2019 que tudo começou a ganhar mais nitidez. Seus primeiros sintetizadores, um Roland System-1 e a drum machine TR-09, abriram portas para um novo universo criativo. 

Ali eu aprendi o que era sound design e como criar timbres únicos. A música deixou de ser um quebra-cabeça para virar paisagem”, conta. 

O Roland MC-707, um groovebox que funciona como uma DAW em forma física, foi o grande divisor de águas: permitiu que as ideias finalmente se tornassem faixas completas, como se uma pintura mental ganhasse tela.

Seu estilo flutua entre o Techno Industrial e o Psytrance, mas com uma assinatura inconfundível: melodias profundas, estruturas mais lentas que os padrões dessas vertentes e uma carga emocional quase clássica. 

Sinto que há algo da música clássica em como crio melodias. Mesmo que inconscientemente, ela me atravessa”, diz.

Essa multiplicidade de referências se revela em seu novo álbum, composto por 13 faixas que soam como capítulos de um mesmo livro — ou movimentos de uma sinfonia industrial. 

Cada música foi desenvolvida de forma única, mas todas têm algo em comum: a fusão de três forças principais, o Industrial, o Techno e o Acid.” É uma viagem sônica que não busca apenas o impacto físico da pista, mas também o mergulho sensorial.

Entre os destaques do trabalho estão seis faixas que capturam com precisão o espírito da obra: “Tidal Friction”, “Waxing Gibbous”, “Gilgamesh’s Cyclonopedia”, “Nostradamus Magic Numbers”, “Monstrous Feminine” e “Four Elements”. Nelas, há momentos de tensão quase cinematográfica, melodias que soam como códigos antigos, batidas densas e atmosferas que lembram paisagens de outro planeta.

A produção desse álbum foi a mais demorada que já fiz. Algumas ideias começaram ainda no trabalho anterior, e fui aprimorando tudo com muito cuidado. Foram mais de 12 meses entre experimentos, versões descartadas, refações. Faço tudo sozinho: criação dos timbres, composição, mixagem e masterização. É um processo solitário, mas extremamente pessoal.”

Por trás do som, há também um mergulho simbólico. O título de faixas como “Gilgamesh’s Cyclonopedia” e “Nostradamus Magic Numbers” revela um artista que bebe em mitologias, ciência e misticismo para compor atmosferas complexas.

Gosto quando o som carrega camadas de significados, mesmo que não sejam óbvias. Cada elemento ali diz algo.”

Agora, com o álbum recém-lançado, Marcello foca na divulgação e prepara os próximos passos. A meta é clara: levar essas criações para o palco, ao vivo, e criar experiências imersivas que unam sua produção de estúdio à energia dos encontros presenciais.

Meu objetivo é seguir produzindo e buscando formatos para apresentar esse som de forma viva. O álbum é só o começo.”

Marcello é daqueles artistas que fazem da música não um produto, mas uma extensão da própria mente. E quando cada beat carrega um pedaço da alma, não importa de onde se veio, mas para onde se está indo.

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