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Ibiza 2025: ranking dos clubes e dicas essenciais

Para alguns, Ibiza é sinônimo de férias, turismo e baladas intermináveis. Para outros, é quase um ritual. No meu caso, a ilha espanhola já virou parte da identidade: este foi meu quarto verão consecutivo em Ibiza, e ainda assim sempre encontro algo novo, seja um clube recém-inaugurado, uma residência diferente ou simplesmente uma experiência que só se entende quando se vive de perto a cena noturna.

Não é viagem de balada, é pesquisa de campo. Trabalho com música eletrônica há anos, produzo festas em Dublin e acompanho artistas de perto. Ibiza, para mim, é termômetro do que pulsa no mundo da dance music.

Este ano a agenda foi intensa: [UNVRS] (Universe), Pacha, Amnesia (Resistance), Ushuaïa, DC10 e até o Club Chinois. Passei por sets de Fisher, Anyma, David Guetta, Artbat, Adam Beyer, Martin Garrix e muitos outros. Cada noite foi um mergulho em universos distintos, e aqui compartilho o que vivi.

[UNVRS] — O novo gigante da ilha

Aberto em 2025 no espaço do antigo Privilege, o [UNVRS] já nasceu com status de marco. É mais que um clube: é uma catedral futurista da música eletrônica. Estrutura monumental, som cristalino e um visual que parece saído de outro planeta.

Na estreia, assisti ao set de Anyma em uma noite quase perfeita, onde era possível caminhar, chegar perto do palco e sentir a energia de perto. Já com Fisher, a lotação começou a pesar, e na noite de David Guetta foi um caos absoluto, impossível de se mover.

A experiência variou como maré em dia de lua cheia: ora fluida e envolvente, ora sufocante. O público, por outro lado, mostrou-se receptivo e caloroso. Mas há um detalhe que ninguém esquece: os preços. Paguei 25 euros em um vodka com energético, o drink mais caro que já vi em Ibiza. É o preço do luxo anual que a ilha cobra para viver algo único.

Pacha — O eterno ícone das cerejas

Pacha não é apenas um clube, é um símbolo. O logo das cerejas atravessou gerações e hoje representa a face mais elegante de Ibiza. O público é formado por estrangeiros produzidos, brasileiros em busca de uma noite glamourosa e curiosos que querem conhecer o clássico.

Em 2025, as residências foram variadas e fortes: Mau P às quartas, CamelPhat às terças, Sonny Fodera às segundas, Defected às quintas, Marco Carola com Music On às sextas, Pure Pacha e Flower Power aos sábados e Solomun +1 aos domingos. Fui numa noite de Mau P e antes dele descobri HAAi, DJ que me surpreendeu.

O som é impecável, a iluminação grandiosa e a vibe sofisticada sem cair no esnobismo. É caro, sim, mas vale cada euro por estar em um espaço que respira história e modernidade ao mesmo tempo.

Amnesia — A resistência em estado bruto

Amnesia é mais que uma balada, é memória coletiva. Quem pisa ali sente o peso de décadas de noites históricas. Em 2025, o clube recebeu a festa Resistance, com Adam Beyer e ARTBAT como residentes, além de artistas como ANNA, Richie Hawtin e Sasha & John Digweed.

É techno puro, pesado, direto ao ponto. A madrugada que passei lá foi um turbilhão: entre 2h e 4h parecia que o mundo inteiro tinha se transformado em pista. Mas é um som exigente, quase agressivo em alguns momentos. Para quem não está acostumado, pode ser intenso demais. Para os apaixonados, é o coração da ilha pulsando no escuro.

DC10 — Entre mito e realidade

O DC10 é quase uma lenda urbana, daqueles lugares que todos dizem ser obrigatório. Fui à Solid Grooves, mas minha experiência foi frustrante. Sem credencial, comprei ingresso e me vi espremida em um espaço superlotado. Era impossível se mover, quanto mais curtir.

Fiquei menos de duas horas, saindo durante o set de Pawsa. O lugar tem seu mito, mas percebi que cheguei a um ponto em que prefiro qualidade a quantidade, conforto a resistência física. A lenda continua viva, mas para mim ficou apenas como lembrança de uma noite que poderia ter sido melhor.

Ushuaïa — O espetáculo a céu aberto durante o dia

O Ushuaïa é o oposto do underground: palco colossal, céu aberto, energia solar. É a balada que mistura festival e praia, dia e noite. Vi Martin Garrix e saí de lá ainda mais fã. Já o entrevistei no Tomorrowland Bélgica e sei do seu carisma, mas em Ibiza ele se mostra ainda maior.

O set foi pura energia, daqueles que fazem multidões vibrarem como ondas. É o cartão-postal da ilha e confirma seu papel de ponte entre o mainstream e a essência eletrônica.

Club Chinois — Beleza sem alma

Resolvi visitar o Club Chinois para acompanhar o set de Antdot, DJ brasileiro que admiro. A experiência, porém, não convenceu. O espaço é luxuoso, bem decorado, mas a vibe não encaixa. Funcionários me trataram mal, me encaminharam para a entrada errada mesmo com ingresso de imprensa. Fiquei trinta minutos e saí. É bonito por dentro, mas sem alma.

Ranking pessoal de 2025:

  1. [UNVRS] — Estrutura impressionante, experiência única, ainda que a lotação seja um desafio.
  2. Amnesia (Resistance) — A essência underground, crua e intensa.
  3. Pacha — Glamour e tradição em equilíbrio perfeito.
  4. Ushuaïa — Cenário icônico e energia de festival.
  5. DC10 — Histórico, mas superlotado demais para curtir.
  6. Club Chinois — Luxo vazio, experiência negativa.

Dicas para quem vai a Ibiza:

  • Ingressos devem ser comprados com antecedência, especialmente para [UNVRS], Pacha e Amnesia.
  • Playa D’en Bossa é boa base de hospedagem para Ushuaïa e Hï; San Rafael para Amnesia e [UNVRS].
  • Sapato confortável não é detalhe, é necessidade.
  • Prepare-se para drinks caros em todos os clubes.
  • Lembre-se de que Ibiza é sobre a experiência, não sobre quantidade. Entre uma festa e outra, permita-se descobrir as praias. Cala Comte, por exemplo, tem um pôr do sol que parece coreografado pelo próprio universo.

Quatro anos seguidos em Ibiza e a ilha segue me surpreendendo. Está mais madura, mais produzida e mais lotada. Hoje, minha escolha não é por quantidade de festas, mas pela qualidade do que cada noite pode oferecer: conforto, energia e lembranças que ficam.

No fundo, é disso que se trata a cena eletrônica, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo: música boa, vibração positiva e memórias que atravessam o tempo.