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Iniciativa de Carola, o Sound Exhibit surge com a proposta de conectar artistas iniciantes a nomes experientes do mercado eletrônico

A DJ e produtora Carola transformou uma memória afetiva em um movimento social que começa a impactar jovens artistas do Rio Grande do Sul. O que nasceu como a simples vontade de gravar um set em um lugar especial ganhou força, tomou corpo e se tornou um projeto de formação, integração e oportunidade para novos talentos da cena eletrônica gaúcha, conheça o Sound Exhibit.

A ligação de Carola com a Casa de Cultura Mario Quintana, com suas oficinas, exposições e palestras, foi parte silenciosa da construção de sua identidade cultural. 

Era um lugar que eu ia muito com a minha mãe quando eu era mais nova. Cresci entendendo que, se eu quisesse me tornar artista, precisava consumir a arte de maneira plural”, relembra. 

Com o tempo, a intenção de gravar apenas um set se ampliou. A Casa de Cultura, patrimônio histórico de arquitetura rosada e atmosfera vibrante, inspirou Carola a imaginar algo maior: uma ponte entre o mercado eletrônico atual e aqueles que, assim como ela no passado, estão começando e buscam referências para sonhar mais alto.

Eu queria me aprofundar. Percebi que podia oferecer uma masterclass para artistas novos, falar sobre carreira, sobre o caminho que trilhei e mostrar que é possível sair do mesmo lugar em que eles estão e construir algo sólido”, explica. 

A ideia ganhou forma rapidamente. Carola convidou profissionais de diversas áreas ligadas à música eletrônica no Rio Grande do Sul, produtores de eventos, donos de escolas, representantes de coletivos e artistas experientes. A sinergia gerada atraiu nomes de peso que estavam pela cidade, entre eles Omoloko, Fran Bortolossi e Bruno Be, ampliando ainda mais o alcance do encontro.

O resultado foram dois dias de palestras gratuitas na Casa de Cultura, seguidos por uma festa especial na travessa do prédio, considerada por Carola um dos lugares mais bonitos de Porto Alegre. Para completar a experiência, ela desenvolveu o DJ Contest que daria a um novo talento a oportunidade de abrir a noite. 

Pedi para a galera enviar um set de no mínimo 45 minutos. Avaliei mixagem, harmonia, coesão. Queria alguém realmente entregue ao projeto”, conta.

O vencedor foi KASTA, aluno da escola DJ ON, instituição que marcou presença em peso no evento. Além de mostrar técnica, ele também cumpriu o critério que Carola considerava essencial: participar de pelo menos um dia de palestras. 

Minha ideia era favorecer alguém que estivesse lá para aprender. Alguém comprometido”, afirma.

Os sets gravados serão disponibilizados gratuitamente para os participantes. Carola reforça que seu objetivo sempre foi devolver algo para a comunidade que a formou, oferecendo recursos e estímulos que ela mesma gostaria de ter tido no início da carreira. 

A música eletrônica mudou minha vida. Se eu conseguir mudar a realidade de uma pessoa no ano que vem, já vai ter valido a pena.”

O impacto do projeto já se expande para além de Porto Alegre. Um dos convidados, Fran Bortolossi, referência na cena gaúcha e artista com duas décadas de carreira, decidiu integrar o movimento de forma ativa.

Ele me mandou mensagem logo depois, dizendo que queria ajudar a desenvolver o projeto na cidade dele, Caxias do Sul”, revela Carola.

A artista planeja levar a iniciativa do Sound Exhibit para regiões onde a cena eletrônica existe, mas os artistas têm menos acesso a oportunidades e profissionais experientes. 

Tem muita coisa acontecendo em São Paulo e no Rio. Mas quando você vai para o Nordeste, para o Norte, até para o Sul, é difícil. Eu quero chegar nesses lugares. Quero conectar quem já está no mercado com quem ainda está tentando encontrar um caminho.”

O projeto nasce em um momento sensível para a música eletrônica, em que o interesse do público passa por oscilações. Para Carola, fortalecer a cena passa por fortalecer as pessoas que a constroem. 

A gente sabe que a música eletrônica não vive um momento fácil. Por isso é importante que a comunidade se movimente para manter essa forma de arte e cultura viva. Se cada artista que já chegou a um certo patamar estender a mão, a gente transforma vidas.”

O futuro da iniciativa aponta para uma rota nacional, levando conhecimento, formação e oportunidades para jovens DJs e produtores que muitas vezes carecem de estímulo e visibilidade. Um ciclo virtuoso iniciado por alguém que um dia esteve exatamente no mesmo lugar.