John Haste e o lado que nem todo mundo mostra sobre as dificuldades e oportunidades de crescer artisticamente em outro país

Quando vemos um artista anunciando uma viagem ao exterior, a visão que se passa em nossa cabeça é aquela versão luxuosa da realização de um sonho: agendas lotadas, gigs por diferentes lugares, apenas a felicidade plena por ter chegado até aquele momento. Mas, quem já pode viver tudo isso sabe que este pensamento pode ser uma ilusão e a verdade é que nem tudo são flores. 

Crescer como artista em outro país é muito mais complexo do que parece. Claro que estar ali é um momento importante para a carreira, mas os obstáculos são diversos: nem sempre há gigs confirmadas, é preciso desenvolver networking, superar a barreira linguística e ainda lidar com imprevistos que surgem pelo caminho. É difícil? Muito! Mas no final, toda experiência enriquece! 

John Haste que o diga. O DJ curitibano passou dois meses na Europa, passando por cidades como Londres, Berlim, Amsterdam e Barcelona, e já viveu muita coisa por lá. Ele é conhecido por sua identidade sonora marcante dentro das linhas do House, combinando grooves dos anos 70 e 80 com batidas contemporâneas e drops enérgicos do Tech House, que resultam em um set original, dançante e bem-humorado – reflexo de sua personalidade. 

Depois de viver e proporcionar tantas boas experiências em solo brasileiro, John resolveu arriscar e construir sua carreira mundo afora.

Eu estava visitando minha família por lá e não tinha nenhum contato com outros artistas até chegar lá de fato. Fui pedindo ajuda para amigos que foram me apresentando amigos e através do Instagram eu fui abordando cada um buscando por gigs”. 

A ida para a Europa tem rendido um crescimento profissional amplo para Haste, com direito a perrengues, mas também muitos aprendizados. O primeiro foi como criar conexões do zero. Durante sua passagem por Londres, recomendaram que ele procurasse a DJ Kling, uma brasileira que mora por lá, e este encontro rendeu uma amizade de ouro.

Fui falar com ela, que era do Brasil, porque queria saber onde ela toca e como funcionam as coisas. O resultado foi: ficamos amigos e organizamos festas de after juntos enquanto estive por lá”, comenta. 

Ainda na capital inglesa, John teve que contornar uma situação durante uma live marcada em uma rádio da cidade.

Tava tudo combinado, até que a live caiu por direitos autorais mesmo tendo testado todas as músicas antes no Youtube. Tanto que repostei o set no meu canal e funcionou normal. Ser artista é aprender que mesmo quando tudo é planejado e testado, ainda pode dar errado na hora, então sempre tento estar o mais preparado possível (No mínimo 3 pen drives, ouviram DJS?”.

Em seguida, Amsterdam trouxe uma lição importante para o brasileiro: às vezes é necessário criar sua própria oportunidade. Depois de e-mails mandados para os mais diversos lugares da cidade e nenhuma resposta, John decidiu conversar com o gerente do Hostel que estava, para poder tocar em uma noite do espaço, e após ouvir o seu set e ver seu material de presskit, foi aprovado. Quando tudo parecia estar sob controle, houve alguns desafios a serem superados: 

Durante a gravação do set, a bateria da GoPro acabou, então só consegui ficar com alguns melhores momentos para compartilhar. E, a live do instagram caiu por causa de um limitador de conexão do Hostel. Já o flyer, eu mesmo fiz em 1h com o notebook, poucas horas antes do evento porque eles não tinham um designer para isso”.

Em Berlim, a cidade pulsa movimento e as gigs surgiram com mais facilidade, difícil mesmo foi chegar até lá. Haste conta que uma amiga conseguiu data para se apresentar em um hotel, e então, ele decidiu pegar um trem de Amsterdam até a capital alemã, porém, depois de ter comprado a passagem, viu que a viagem tinha 5 conexões.

Ou seja, ia ficar a noite inteira dormindo parcelado. Mas, descobri que existe o Flixbus, que vai direto para lá e é mais barato, só que o trem não tem reembolso, perdi cerca de R$400 de bobeira.”, relembra, rindo de nervoso da situação.  

Por fim, em Barcelona ele encontrou dois brasileiros que foram fundamentais para o networking, DJ Rods Franchin e  Gabo Oliveira, que o apresentaram às noites da Espanha e o ajudaram a tocar em um dos bares canábicos mais famosos do país, o Strain Hunters Club, que já foi frequentado por várias celebridades, como o próprio Snoop Dogg.

Apesar de alguns obstáculos pelo caminho, o resultado da viagem é uma bagagem carregada de boas histórias para contar, experiências que ele irá carregar pelo resto da vida e, claro, muito conhecimento sobre a cena eletrônica européia. Durante sua estadia, Haste pôde conhecer e analisar o cenário fora do Brasil, além de aprimorar sua pesquisa musical. Ele compartilha um pouco mais do que viu por lá: 

A estrutura dos lugares é impressionante, até os bares mais simples tem equipamentos modernos e bem cuidados. Nós temos um preconceito de que os gringos não sabem dançar, porém a verdade é que eles se deixam levar pela música sem se importar tanto, acho que podemos aprender muito com esse pensamento de sermos livres na pista de dança, sem julgar os outros.

Outra coisa que achei incrível é que os DJs de fora não poupam uso de efeitos e mixagens arriscadas, além de parcerias com dançarinas, instrumentistas e mcs durante as apresentações deixando o espetáculo muito mais completo. Na minha próxima ida, poderei planejar minhas apresentações com maior antecedência, e então espero conseguir tocar em lugares maiores e mais focados na Música Eletrônica.”

E nesse caminho, você já pode encontrar John Haste em algumas pistas nos próximos dias! Confira agenda de gigs: 

25/02 – Pinhais – 22 Artistas – Park Art Club | Ingressos aqui.

10/03 – Home Setup apresenta Fran Bortolossi – Club Vibe | Ingressos aqui.

Acompanhe John Haste no Instagram. 

No momento estou em busca de tocar em outros estados para ampliar meu alcance e levar minha música e energia para cada vez mais pessoas.”